Doença do Beijo: entenda a Probabilidade de Resultar na Esclerose Múltipla e outras Doenças 

Um ato de demonstração de carinho pode conter um perigo para a saúde por conta do vírus

No dia 13 de abril é comemorado o Dia Internacional do Beijo, um ato de demonstração de carinho pode conter um perigo para a saúde por conta do vírus Epstein-Barr, que causa a mononucleose (doença do beijo) e faz parte da família da herpes.

O Epstein-Barr também pode resultar na Esclerose Múltipla, doença que já acometeu personalidades como Anitta, Ludmila Dayer, e as atrizes Guta Stresser e Cláudia Rodrigues. 

De acordo com portal da Unicamp, o vírus da herpes é transmitido através do contato com a pele ou mucosa infectada, secreções da vagina, pênis ou ânus ou fluido oral de alguém infectado pelo vírus. Isso inclui tocar, beijar e contato sexual (vaginal, anal, peniano e oral).

Quase três milhões de pessoas em todo o mundo têm esclerose múltipla. Os cientistas acreditam que agora descobriram que essa pode ser a causa misteriosa dessa doença incurável. Pois é um vírus que quase todos nós podemos esperar pegar. Então, o que isso significa para tratar e até mesmo prevenir a EM e outras doenças? 

Consultamos Alexandre Lucidi (@alucidi) – médico geneticista, atuante em Neurogenética/Neuroimunologia e pesquisador sobre a conscientização da esclerose múltipla na Associação de Pacientes do Estado do Rio de Janeiro, e ele explica as circunstâncias para a EM e outras doenças se manifestarem.

O vírus Epstein-Barr (EBV) foi o primeiro vírus oncogênico humano identificado e que pode permanecer assintomático ao longo da vida. 

Está associado a um amplo espectro de doenças, incluindo doenças benignas, várias neoplasias linfóides e cânceres epiteliais. O EBV também pode transformar linfócitos B em linhas de células linfoblastóides (LCLs) in vitro. 

Embora a biologia molecular do EBV e as doenças relacionadas ao EBV tenham sido continuamente investigadas por quase 60 anos, o mecanismo de transformação mediada por vírus, bem como o papel preciso do EBV na promoção destas doenças, ainda é um desafio a ser explorado. 

De acordo com ele, a causa da EM é complexa e multifatorial, com a interação de fatores de suscetibilidade genética, em genes que estão relacionados ao sistema imunológico, fatores ambientais – incluindo agentes infecciosos, falta de exposição solar, vitamina D, tabagismo e obesidade. Até o momento, não é possível a identificação de um agente como causa da doença. O que há são dados que aumentam o risco.

Nesta situação toda, é importante diferenciar fator de risco de causal. O fator de risco, como é proposto o EBV, é um fator cuja presença pode aumentar a chance de algo ocorrer, mas não é a causa até o momento. 

O geneticista diz que atualmente a EM é uma doença com tratamento, com pesquisas realizadas em universidades e políticas de atenção estabelecidas em centros de tratamento que oferecem o atendimento. No SUS há medicações para o tratamento e os planos de saúde seguem as regulamentações da ANS. É importante educar o paciente e sair de uma política que implanta o medo. 

Sobre o EBV, as taxas de soroprevalência variam, e mais de 50% das crianças na população em geral já apresentaram soroconversão aos cinco anos de idade. E algumas vacinas já estão em estudo. 

As infecções primárias por EBV raramente requerem mais do que terapia de suporte. Mesmo em situações clínicas em que um tratamento antiviral ou imunomodulador seria desejável, não está claro se o EBV responde a eles.

O EBV pode aumentar o risco de doenças, como o lúpus e a artrite?

A infecção por EBV parece estar relacionada a algumas doenças como as autoimunes, porque este um grupo de pacientes manifesta partículas virais em suas amostras de plasma. 

O descontrole entre a imunidade celular e a humoral na tentativa de conter o EBV mesmo quando latente é um dos principais fatores relacionados ao risco e desencadeamento de crises entre pacientes com LES, segundo um estudo de 2020 e essa troca repetitiva entre a fase de latência e a atividade viral é apontada como o principal suspeito na fisiopatologia da autoimunidade associada à infecção viral.

“Ressalto que ainda são dados que variam entre algumas populações estudadas e traduzir dados de amostras populacionais distintas ou de pesquisas in vitro para a prática clínica, ainda é precipitado. Isto ocorreu no caso de um estudo que relacionava a esclerose múltipla ao EBV- é até o momento, um fator de risco pesquisado e a doença, embora possa afetar a cognição, a motricidade e relações sensíveis do indivíduo como a empregabilidade, é tratável com excelentes centros de pesquisa e associações de pacientes que os apoiam”, completa Alexandre. 

Quanto ao diabetes tipo 1, Francisco Tostes (@doutortostes), médico atuante em endocrinologia e sócio do Instituto Nutrindo Ideais (@nutrindoideais), diz que o DM1 tem natureza auto-imune e o vírus epstein-barr, responsável pela mononucleose, tem uma ligação importante com doenças auto-imunes, sendo um dos vírus mais frequentemente apontados como gatilho para o seu surgimento ou como um fator que agrava o quadro já iniciado.

A mononucleose é considerada uma Doença Sexualmente Transmissível (DST)? 

Segundo Luiz De Campos, ginecologista e obstetra, médico do Instituto Nutrindo Ideais (@nutrindoideais), ela não é considerada uma DST. Embora possa ser transmitido através do contato sexual, é mais comumente disseminado através da saliva, espirros, tosse, compartilhamento de alimentos e bebidas ou contato com objetos contaminados com saliva infectada.

A suscetibilidade ao EBV é ampla na população em geral, com cerca de 90% das pessoas infectadas em algum momento de suas vidas. A maioria das infecções por EBV ocorre na infância ou adolescência, muitas vezes assintomática ou pode cursar com a Mononucleose, que é um quadro de sintomas leves semelhantes aos de um resfriado comum, como fadiga, febre, dor de garganta, linfonodos inchados e dor de cabeça. No entanto, em algumas pessoas, a infecção pode levar a outros problemas de saúde mais graves. O EBV mostrou estar associado a vários tipos de câncer, incluindo o linfoma de Burkitt, o carcinoma nasofaríngeo e o linfoma de Hodgkin, finaliza Luiz.

FONTE: 

Alexandre Lucidi (@alucidi) – médico geneticista, atuante em Neurogenética e Neuroimunologia.

Francisco Tostes (@doutortostes), médico atuante em endocrinologia e sócio do Instituto Nutrindo Ideais (@nutrindoideais).

Luiz De Campos, ginecologista e obstetra, médico do Instituto Nutrindo Ideais (@nutrindoideais) – CRM-PA 11323 – RQE 5058.

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