Infertilidade Secundária: Por Que alguns Casais enfrentam Dificuldade para Engravidar pela Segunda Vez

Mesmo após uma concepção natural anterior, alguns casais podem sofrer com uma condição conhecida como infertilidade secundária, definida como a incapacidade de conceber um bebê em 12 meses de relações sexuais desprotegidas

Dificuldade para ter um filho é um assunto que vem sendo discutido cada vez mais, mas esse não é um problema que se resume à primeira gravidez. Alguns casais, mesmo após gerar um ou mais filhos de concepções naturais anteriormente, ainda podem apresentar uma condição que é chamada de infertilidade secundária. “A incapacidade de conceber ou gerar outro bebê após 12 meses de relações sexuais desprotegidas em uma mulher que já teve um bebê no passado sem nenhum tratamento de fertilidade não é algo incomum. A infertilidade secundária ocorre aproximadamente na mesma taxa que a infertilidade primária (quando os casais não conseguem conceber seu primeiro bebê). Afeta homens e mulheres igualmente, pois a causa da incapacidade de uma mulher de conceber pode ser devida exclusivamente ou em parte a fatores masculinos. Cerca de 10% das mulheres em idade fértil têm problemas para engravidar ou permanecer grávidas”, destaca o Dr. Rodrigo Rosa, especialista em reprodução humana e diretor clínico da clínica Mater Prime, em São Paulo, e sócio-fundador do Mater Lab, laboratório de Reprodução Humana. “Diagnosticar a causa dessa infertilidade secundária é fundamental para indicar o tratamento adequado, que pode ser com cirurgias, medicamentos ou técnicas de reprodução assistida”, acrescenta o médico.

 As causas da infertilidade secundária são, por vezes, as mesmas da infertilidade primária: entram nessa conta o envelhecimento, distúrbios de ovulação, baixa contagem de espermatozoides e outros fatores. “Embora a infertilidade secundária possa ser uma surpresa para muitos casais, ela pode ser tratada com sucesso. Quanto mais cedo os pacientes procurarem ajuda, melhor”, diz o médico. Até 90% dos casos de infertilidade são tratados com medicação ou cirurgia, de acordo com a Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM).

O que esperar em uma consulta para infertilidade secundária

 Para diagnosticar a causa da infertilidade secundária, os médicos tentarão descobrir o que mudou desde a última gravidez. “Os profissionais devem revisar os históricos médicos e a saúde atual; e discutir possíveis testes para ajudar a determinar a causa da infertilidade. Os homens podem passar por uma análise de sêmen. Testes comuns para mulheres incluem: exame de sangue para checar os níveis hormonais, exame pélvico, raio-X do útero chamado histerossalpingografia (HSG) para mostrar quaisquer cicatrizes ou irregularidades, raio-X das trompas de Falópio, ultrassom transvaginal para ver se uma mulher está ovulando e para verificar sua oferta de óvulos”, diz o Dr. Rodrigo.

Causas

Se a mulher tem menos de 35 anos e está tentando engravidar há pelo menos um ano; ou se ela tem 35 anos ou mais e está tentando há seis meses, é importante que o casal marque uma consulta com um especialista em fertilidade. “Muitas das causas da infertilidade secundária são as mesmas da infertilidade primária. Eles podem ser atribuídos ao homem, à mulher ou, às vezes, a ambos os parceiros. Muitas vezes, mais de um fator contribui para a infertilidade secundária de um casal”, diz o especialista. Às vezes, por mais frustrante que seja, os médicos não conseguem encontrar razões médicas para a infertilidade secundária, que é conhecida como infertilidade inexplicável.

Existem fatores de risco para infertilidade secundária para mulheres. O principal deles é o envelhecimento. “No geral, casais com infertilidade secundária são mais velhos do que aqueles com infertilidade primária. Enquanto casais saudáveis na faixa dos 20 e 30 anos têm 25% de chance de engravidar em um ciclo, esse número cai vertiginosamente quando a idade avança. Aos 40 anos, a chance de uma mulher ter sucesso na gravidez é inferior a 5% por ciclo. Isso se deve principalmente ao fato de que a quantidade e a qualidade dos óvulos de uma mulher diminuem com a idade”, diz o médico.

Distúrbios da ovulação também podem estar envolvidos. Cerca de 1 em cada 4 mulheres com infertilidade tem distúrbios de ovulação, segundo o Dr. Rodrigo Rosa. As mulheres podem ter problemas de ovulação por muitas razões além do envelhecimento, incluindo: condições da tireoide, como hipotireoidismo ou doença de Hashimoto, síndrome dos ovários policísticos (SOP), insuficiência ovariana primária, trompas de Falópio bloqueadas, problemas uterinos, endometriose e outros fatores, como distúrbios autoimunes, sobrepeso e maus hábitos de vida. “A endometriose é uma condição relativamente comum que afeta até 1 em cada 10 mulheres. O tecido que normalmente cresce dentro do útero cresce em outros lugares, como nos ovários ou intestinos. Pode causar inflamação e tecido cicatricial nos ovários, trompas de falópio e outros órgãos internos, levando a problemas com a qualidade do óvulo ou a implantação do embrião”, diz o médico.

 Já entre os homens, os fatores de risco de infertilidade secundária incluem também o envelhecimento. “Os homens podem ter uma contagem de espermatozoides mais baixa ou com baixa motilidade (movimentos dos espermatozoides) após os 40 anos. Níveis baixos de testosterona também podem ser um problema. A produção de espermatozoides depende da testosterona. Os níveis de testosterona podem diminuir devido ao envelhecimento, lesões nos órgãos urinários ou genitais ou certas condições médicas”, ressalta o especialista. A Varicocele testicular, um problema que pode atingir cerca de 30% dos homens inférteis, também é relacionada com a infertilidade secundária: a condição causa um alargamento das veias no escroto que pode causar baixa produção de espermatozoides. Problemas na próstata, medicamentos, sobrepeso e maus hábitos de vida também podem estar relacionados à causa masculina.

Tratamentos para infertilidade secundária

 Uma vez que a causa é identificada, os médicos podem desenvolver um plano de tratamento para aumentar as chances de conceber um filho. Os tratamentos variam de acordo com a causa, há quanto tempo o casal tenta engravidar e outros fatores. “Medicamentos para fertilidade ajudam a estimular hormônios que podem ajudar as mulheres a ovular. Eles podem ser tomados por via oral ou injetados. A cirurgia para infertilidade secundária também pode ser indicada. Um procedimento minimamente invasivo chamado histeroscopia é usado para tratar a endometriose, limpar os bloqueios das trompas de Falópio ou remover tecido cicatricial, pólipos e miomas do útero. Nos homens, a cirurgia é mais comumente usada para remover varicoceles. A cirurgia também pode corrigir tubos de epidídimo bloqueados ou com cicatrizes que armazenam e transportam esperma e vasectomias reversas”, explica o especialista. “As tecnologias reprodutivas avançadas em reprodução assistida, com procedimentos de fertilidade que envolvem o manuseio de óvulos, espermatozoides ou embriões, têm taxa de sucesso de 24%. Dois dos procedimentos mais comuns são a fertilização in vitro e a inseminação intrauterina (IIU). Esses tratamentos podem possibilitar e viabilizar o segundo filho”, finaliza o médico.

FONTE: *DR. RODRIGO ROSA Ginecologista obstetra especialista em Reprodução Humana e sócio-fundador e diretor clínico da clínica Mater Prime, em São Paulo, e do Mater Lab, laboratório de Reprodução Humana. Membro da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA) e da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH), o médico é graduado pela Escola Paulista de Medicina – Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM). Especialista em reprodução humana, o médico é colaborador do livro “Atlas de Reprodução Humana” da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana. Instagram: @dr.rodrigorosa

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