Leite materno pelo de vaca

Trocar o leite materno pelo de vaca antes do tempo pode ser perigoso para os bebês

Substituir o leite materno pelo de vaca ou em pó nos lactentes menores de um ano de idade não é a solução mais adequada à saúde da criança. O leite de vaca tem quantidade insuficiente de ferro, zinco, vitaminas, ácido linoléico (ômega 6), ácido linolênico (ômega 3) e baixo teor de ácido graxo, nutrientes essenciais na formação do sistema imunológico e que garantem uma constituição metabólica e desenvolvimento orgânico saudável. O alerta foi feito por especialistas da Unifesp, durante a 3a Jornada de Segurança Alimentar e Nutricional.

Na impossibilidade temporária ou definitiva do aleitamento materno, o ideal é utilizar as fórmulas infantis que, ao contrário da composição do leite de vaca, contêm todos os micronutrientes necessários para suprir as necessidades dos bebês neste período da vida. Entretanto, apesar de ser uma solução recomendada por autoridades americanas e européias de saúde, o acesso a este benefício ainda é restrito no Brasil, por conta do alto custo.

“Como nesta idade os bebês ainda estão com o organismo em formação, inclusive com os sistemas intestinal e nefrológico imaturos, a utilização de leite inadequado pode provocar sérios danos ao metabolismo, como problemas renais, perdas sanguíneas gastrintestinais (colite) que podem desencadear anemia, sensibilidade na membrana intestinal – favorecendo o surgimento de alergia e risco de hipertensão em algum período da sua vida –, entre outros. Também é preciso lembrar que, nesse tipo de substituição, é necessário uma suplementação alimentar”, adverte a nutróloga Fernanda Luisa Ceragioli Oliveira, do Departamento de Pediatria da Unifesp.

A especialista lembra ainda que a amamentação materna protege o bebê contra diarréia, pneumonia, otite média e outras infecções. Também previne contra alergias, obesidade, diabetes, hipertensão arterial e câncer, além de beneficiar o desenvolvimento motor e intelectual. “Na impossibilidade deste procedimento, é preciso que a saúde pública invista firmemente no acesso das mães carentes às fórmulas infantis, para baratear seu custo”.

Bancos de leite

Outra alternativa para essas mães são os Bancos de Leite Humano, que recebem leite materno captado por meio de doações. Na Unifesp, o Centro de Incentivo e Apoio ao Aleitamento Materno foi criado em 1999. Mas, assim como acontece com a maior parte deles, sofre com os estoques insuficientes para atender a demanda de recém-nascidos de baixo peso e prematuros internados em unidade neonatal. “É preciso incentivar cada vez mais a doação desse alimento essencial aos bebês. Além do ato humanitário, ao doar o leite excedente as mulheres também reduzem o risco de osteoporose, câncer de mama e de ovário”, lembra a nutróloga.

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