Paternidade Após os 60 e Infertilidade: o Que é Preciso Saber?

Especialista observa que cada vez mais homens estão optando por ter filhos na terceira idade

A exemplo de alguns famosos, como Robert de Niro e Al Pacino, muitos homens têm decidido ser pai após os 60 anos de idade, seja novamente, ou pela primeira vez. Isso é possível porque, em geral, um homem é capaz de produzir espermatozoides saudáveis ao longo de toda sua vida. No entanto, segundo Dra Paula Fettback, especialista em infertilidade de alta complexidade, um dos impeditivos ou dificultadores desse sonho, porém, é o câncer de próstata, o tipo mais comum da doença entre a população masculina do Brasil e que, no mundo todo acomete cerca 75% dos homens com mais de 65 anos, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA).

“Considerando a mudança no cenário familiar, em que muitos homens estão no segundo casamento e optam por ter filhos, é fundamental que, cada vez mais, eles sejam proativos com relação aos exames de prevenção e diagnóstico do câncer de próstata, doença que, em geral, gera a infertilidade masculina. O cenário é ainda mais crítico em homens com idade superior a 65 anos, que são mais propensos a desenvolver a doença”, explica a especialista.

Diante disso, Dra Paula listou quatro informações que devem ser de conhecimento das famílias que estão planejando uma gravidez dentro deste cenário para evitar um quadro de infertilidade:

1.  Prevenir ainda é o melhor remédio

Infelizmente, o preconceito ainda é o grande inimigo da detecção precoce do câncer de próstata. Por isso, é fundamental que, a partir dos 40 anos, os homens iniciem a realização de exames preventivos, que podem ser tanto via dosagem de PSA ou toque retal, de acordo com a recomendação médica. Os fatores de risco são: idade superior a 60 anos; histórico familiar com diagnóstico da doença em parentes de primeiro grau; e sobrepeso ou obesidade.

2.  Esclareça dúvidas sobre fertilidade antes do início do tratamento

Em geral, o tratamento contra o câncer de próstata causa danos às glândulas endócrinas ou a órgãos relacionados a elas, incluindo os testículos, gerando a interrupção ou diminuição da produção de espermatozoides. Dessa forma, antes de iniciar o tratamento, converse com seu médico ou equipe de saúde sobre como os protocolos podem afetar a sua fertilidade e quais são as opções para preservá-la. A recomendação é que o homem tenha essa precaução mesmo que não tenha o desejo de se tornar pai pela primeira vez ou voltar a ter filhos. Afinal, nunca se sabe quando podemos mudar de ideia.

3.  Às vezes, é preciso tempo para absorver o diagnóstico

Receber o diagnóstico é, em geral, uma das etapas mais delicadas na jornada pela cura do câncer de próstata. Alguns homens podem demorar um pouco mais para absorver a notícia e as informações fornecidas. Então, caso seja necessário, agende um retorno para esclarecer possíveis dúvidas e fazer novos questionamentos ao médico.

4.  Considere a reprodução assistida como uma alternativa para ter filhos

Quimioterapia, terapia de radiação e cirurgia são tratamentos para retirada de órgãos são tratamentos que podem afetar a fertilidade, mas não precisam significar a interrupção do sonho de ser pai. Para isso, a recomendação é procurar por um especialista em reprodução humana para definir o tratamento mais adequado para cada caso.

“As opções para preservar a fertilidade masculina dependem da idade, do status de relacionamento e da maturidade física e emocional do homem. Mas, de uma maneira geral, se resumem: ao congelamento de sêmen para uma futura inseminação intrauterina ou fertilização in vitro; ou congelamento do tecido testicular, que contém células-tronco que posteriormente podem se tornar espermatozoides”, finaliza a médica.

Colunista: Dra. Paula Fettback – Ginecologista especializada em reprodução assistida e infertilidade de alta complexidade. Possui graduação em Medicina pela Universidade Estadual de Londrina, residência médica em Ginecologia e Obstetrícia no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, doutorado em Ciências Médicas pela Disciplina de Obstetrícia e Ginecologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

 

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