O aumento da temperatura pode afetar a quantidade de líquido amniótico e até aumentar as chances de prematuridade e defeitos congênitos
O aquecimento global e fenômenos como o El Niño podem, além atingir o meio ambiente, também afetar diretamente a gestação das mulheres. De acordo com a Revista Science, a cada aumento de 1°C na temperatura média global, a grávida tem 5% a mais de chance de ter um bebê prematuro e 16% quando ela enfrenta ondas repetidas de calor. Além disso, gestantes no primeiro trimestre de gravidez, com aumento da temperatura corporal acima de 39,2ºC, podem ter consequências graves na saúde do feto, como a diminuição na quantidade de líquido amniótico, possibilitando que a criança nasça com baixo peso, tenha anormalidades congênitas, podendo provocar até mesmo a morte fetal.
Segundo a obstetra e coordenadora adjunta do curso de Medicina do Centro Universitário São Camilo, Fábia Vilarino, as temperaturas elevadas têm implicações para todos, e as grávidas são mais suscetíveis. “Essas implicações são devido às condições próprias da gravidez, como alterações hormonais e na volemia (quantidade de sangue no corpo) que proporcionam aumento natural da temperatura do corpo”, explicou.
Para ela, o calor não prejudica o feto diretamente, mas se a mãe não se hidratar corretamente pode haver repercussões como redução do liquido amniótico, por exemplo. No inicio da gestação há mais predisposição às quedas de pressão, com possibilidade de sensação de desmaio e no 2º e 3º trimestres de gravidez, pelo aumento do peso e do volume abdominal, há mais desconforto e aumento da temperatura corporal. “O aumento da temperatura retém líquido, causando edemas, queda de pressão arterial, sensação de cansaço e indisposição e se não houver hidratação adequada leva à desidratação”, alertou a docente de Medicina.
Ela indica que em dias muito quentes é importante que a gestante use roupas leves e confortáveis, não se exponha ao sol, não tome banho quente, ingira mais líquidos do que de costume, principalmente água, assim como alimentos frescos como frutas e vegetais e dê preferência a ambientes ventilados, abertos e às sombras. O uso de umidificadores de ar ajudam a refrescar a sensação térmica.
Fonte: Obstetra e coordenadora adjunta do curso de Medicina do Centro Universitário São Camilo, Fábia Vilarino