Pré-natal adequado e a realização do exame de ecocardiograma fetal são essenciais para a detecção da doença ainda durante a gestação, proporcionando aos bebês um melhor prognóstico e qualidade de vida
No Brasil, a cardiopatia congênita é a malformação mais comum, afetando um em cada 100 nascidos vivos e sendo responsável por cerca de 8% da mortalidade infantil. Estima-se que 29 mil novos casos sejam registrados anualmente no país.
O problema consiste em malformações ou anomalias na estrutura do coração, que surgem nas primeiras oito semanas de gestação, durante a formação do órgão. No mês em que é celebrado o Dia Nacional de Conscientização da Cardiopatia Congênita (12/6), a atenção se volta para a importância do diagnóstico precoce e acompanhamento adequado durante o pré-natal.
Estima-se que 80% das crianças com cardiopatia congênita necessitem de intervenção cirúrgica, metade ainda no primeiro ano de vida. “Diante dessa realidade, o ecocardiograma fetal, um exame de ultrassonografia que avalia o sistema cardiovascular do feto, tornou-se uma ferramenta crucial para realizar o diagnóstico ainda durante a gestação”, destaca Claudia Pinheiro de Castro Grau, coordenadora da Ecocardiografia Fetal e Pediátrica da Maternidade São Luiz Star, da Rede D’Or.
Além de fornecer informações detalhadas sobre os aspectos anatômicos, hemodinâmicos e fisiológicos do coração do feto, a ecocardiografia permite o acompanhamento em longo prazo da função valvar, do crescimento das estruturas cardiovasculares e da função ventricular.
“Na avaliação infantil, desde a vida fetal, este exame fornece um amplo conhecimento da fisiologia e anatomia cardíaca, auxiliando na compreensão da história natural das anomalias cardíacas e no planejamento de opções de tratamento em casos graves”, explica a coordenadora.
Sancionado como parte da rotina pré-natal por uma lei federal em 14 de junho de 2023, este exame agora está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS). De acordo com a especialista, o maior benefício do ecocardiograma fetal é a detecção precoce de cardiopatias congênitas ou arritmias fetais, permitindo o seguimento da gestação por um cardiologista pediátrico e o planejamento do parto em centros terciários especializados.
“Isso garante que a equipe médica, incluindo neonatologistas, cardiologistas e cirurgiões cardíacos pediátricos, esteja preparada, além de possibilitar o apoio e preparo familiar”, enfatiza Cláudia.
Embora tradicionalmente indicado para gestantes de alto risco, o exame é essencial também para aquelas sem fatores de risco, uma vez que muitos casos de cardiopatias congênitas ocorrem nesse grupo.
“A inclusão do ecocardiograma fetal no pré-natal padronizado pelo SUS é uma vitória significativa, pois aumenta a segurança e o correto acompanhamento dos casos, evitando situações inesperadas no momento do nascimento”, complementa a médica.
O impacto positivo do diagnóstico precoce é corroborado por estudos internacionais. Pesquisa francesa mostrou que bebês com transposição das grandes artérias diagnosticados antes do nascimento tiveram significativamente menor mortalidade pré e pós-operatória.
“Neste momento de conscientização, a mensagem mais importante é que o diagnóstico precoce é fundamental para melhorar o prognóstico e a qualidade de vida das crianças com cardiopatia congênita. Com a recente inclusão do ecocardiograma fetal no SUS, o Brasil dá um passo importante para garantir que mais bebês recebam o cuidado necessário desde o início da vida”, ressalta a especialista da Maternidade São Luiz Star.
Fonte: Claudia Pinheiro de Castro Grau, coordenadora da Ecocardiografia Fetal e Pediátrica da Maternidade São Luiz Star, da Rede D’Or – A unidade da Rede D’Or conta com que há de mais moderno em termos de tecnologia hospitalar e dispõem de equipe multidisciplinar especializada em cardiologia e ecocardiografia fetal e pediátrica, serviço de hemodinâmica e cirurgia cardíaca infantil, sendo referência no diagnóstico e tratamento de cardiopatias congênitas.