Diagnosticar o autismo o quanto antes pode mudar a qualidade de vida da pessoa e para isso é importante saber os principais sinais da criança
Um dos grandes diferenciais da qualidade de vida das pessoas que possuem autismo é identificar o transtorno logo no início. Muitos acreditam que o diagnóstico só pode ser feito a partir dos três anos, quando, na realidade, logo nos primeiros meses de vida já é possível identificar sinais que ajudam a diagnosticar a criança.
A condição, de acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), atinge cerca de 2% da população mundial e, no Brasil, aproximadamente 2-4 milhões de pessoas. “Há casos de autismo que podem ser identificados por volta de 18 meses de vida e até mesmo antes, o que é muito importante, pois quanto mais rápido acontece o diagnóstico, mais cedo é possível cuidar, com intervenções e estímulos precoces”, explica a Dra. Fabiele Russo, neurocientista e fundadora da plataforma NeuroConecta.
O diagnóstico precoce, segundo Fabiele, é fundamental para que a criança consiga desenvolver habilidades cognitivas, sociais e de linguagem. “Dessa forma, a criança terá mais qualidade de vida, independência e autonomia”. Além disso, a especialista destaca que o diagnóstico é clínico, baseado em evidências científicas, de acordo com os critérios estabelecidos pelo DSM–V (Manual de Diagnóstico e Estatístico da Sociedade Norte-Americana de Psiquiatria) e pelo CID-11 (Classificação Internacional de Doenças da Organização Mundial da Saúde — OMS). Sendo assim, não existe um exame específico que identifique o autismo.
Os sinais de autismo são muito amplos e voltados para a comunicação social, reciprocidade social e comportamentos restritos e repetitivos. Muitas vezes, a criança não apresenta todos os sinais e a avaliação deve ser individualizada. Por isso, Fabiele listou 14 sinais que são muito comuns em crianças com autismo.
1.Dificuldade de contato visual
A criança não olha quando é chamada pelo nome ou não sustenta o olhar. A criança pode ter dificuldade em responder por conta de uma sensação de desconforto quando expostas a muitos estímulos sociais.
Muitos não conseguem se concentrar na fala e nos olhos das pessoas ao mesmo tempo. E também não entendem que o olhar fornece informações em uma interação. É importante que seja realizado um rastreamento visual. A criança precisa olhar para o objeto mesmo quando ele é deslocado ou se ela vai se perder.
2. Dificuldade de interação
Normalmente apresentam dificuldades na interação social e precisam de ajuda para aprender a agir em diferentes tipos de situações sociais.
É comum que o autista tenha dificuldade de entender outras pessoas, como expressões faciais ou linguagem corporal. Também não gostam de compartilhar objetos e preferem brincar sozinhos. Por conta disso, sentem mais dificuldade de fazer amigos. A criança autista muitas vezes não responde a sorrisos e mudanças de expressão facial.
3. Não imitam
Os bebês começam a imitar atitudes e comportamentos simples por volta dos seis a oito meses de vida. A criança neurotípica tem a capacidade de copiar as ações de adultos e colegas. Crianças que estão no espectro costumam ter grande dificuldade em imitar. Isso pode comprometer o seu desenvolvimento.
Com um ano de idade eles já imitam movimentos simples como bater palmas, mostrar a língua de volta e repetir movimentos. A criança também tem a habilidade de repetir as vocalizações do adulto.
4. Não atendem quando são chamadas
A criança com autismo normalmente não responde quando é chamado pelo nome. Geralmente, o bebê neurotípico (não autista) reage ao ser chamado. Além de responder a estímulos. Isso normalmente não acontece com crianças com autismo.
É como se não estivessem ouvindo e não interajam com os pais e familiares. Podem também fixar o olhar em algum objeto incomum.
5. Podem não realizar o sorriso social
A criança muitas vezes não responde ao sorriso dos pais e nem sorri de volta em resposta.
6. Não compartilham atenção
A atenção compartilhada acontece quando duas pessoas focam em um mesmo objeto ou dão atenção para uma mesma conversa, por exemplo. Essa atenção pode ocorrer por meio do olhar, gestos ou quando alguém aponta ou indica algo, além de palavras.
7. Não buscam atenção
A criança com autismo normalmente não busca atenção dos adultos e prefere brincar sozinha. Podem não partilhar o prazer e o sorriso.
8. Dificuldade de transições
Os autistas têm dificuldade de mudar de atividades. A criança neurotípica, geralmente, encerra uma atividade e começa outra sem dificuldade ou choros.
9. Dificuldade de controle motor
Muitas crianças com autismo apresentam dificuldades na coordenação motora. Apresentam dificuldade de olhar e direcionar para a ação ou realizar brincadeiras simples que exijam a coordenação como pegar objetos.
10. Atraso na fala
A criança acima de dois anos que não fala palavras ou frases deve receber maior atenção. Alguns autistas apresentam problemas de fala ou atraso de linguagem.
A criança que está demorando muito para balbuciar ou falar as primeiras palavras deve ser acompanhada por um pediatra.
11. Movimentos estereotipados ou atípicos
Os autistas normalmente realizam movimentos, comportamentos e/ou atividades desencadeadas de maneira involuntária e repetitiva.
Com isso, podem chacoalhar as mãos, balançar-se para frente e para trás, correr de um lado para outro, pular ou girar sem motivos aparentes. Os movimentos podem se intensificar em momentos de felicidade, tristeza ou ansiedade.
12. Dificuldades na comunicação não verbal
Os autistas apresentam dificuldades na compreensão de pistas sociais que são importantes para a comunicação. Geralmente apresentam dificuldades em entender gestos, expressões faciais, corporais, em entender piadas, ironias e sarcasmo.
13. Comportamentos sensoriais atípicos
Autistas podem ter uma sensibilidade maior aos estímulos do ambiente ou ainda uma sensibilidade muito menor.
Quando há hipersensibilidade, a pessoa percebe os estímulos do ambiente com mais facilidade. Já quem tem hipossensibilidade precisa de bastante excitação ou esforço para sentir o estímulo.
É muito comum pessoas com autismo apresentarem essas questões sensoriais e se sentirem incomodadas com sons, luzes, texturas, movimentos, toques e sabores. E isso pode levar a crises.
14. Apego a objetos
Crianças com autismo, muitas vezes, tendem a brincar da mesma forma ou com o mesmo objeto.
Há uma fixação por determinados objetos, de forma que a criança passe o dia apenas com aquele brinquedo. Crianças neurotípicas tendem a mudar de interesse e buscar novos objetos.