Dia Mundial da Infância: Vacinação é direito das crianças e dever de seus responsáveis
No próximo dia 21 de março é celebrado o Dia Mundial da Infância. A Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica (SOBOPE) reforça o alerta sobre a importância da cobertura vacinal para a saúde e bem estar do público infantojuvenil, em especial de quem está em tratamento oncológico. Com queda acentuada nos três últimos anos, os números relacionados à vacinação infantil demonstram a necessidade de conscientizar pais e responsáveis para o dever de zelar pela imunização das crianças e adolescentes.
O câncer infantil é a primeira causa de morte por doença em crianças e a segunda causa de óbito em geral, perdendo apenas para acidentes. O Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima que no triênio 2023/2025 ocorrerão, a cada ano, 7.930 novos casos de câncer em crianças e jovens de 0 a 19 anos de idade. Ao contrário dos índices expressivos de casos de câncer, os de vacinação continuam modestos. Segundo a Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, apesar de estarem disponíveis desde o ano passado, as vacinas contra a Covid-19 só foram aplicadas em 25% da população infantil.
“Temos que lembrar que, segundo o Art.4 do Estatuto da Criança e do Adolescente: é dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. Assim, é de total responsabilidade dos pais zelar pela saúde de seus filhos e isso inclui, claro, a vacinação”, reforça o Dr. Patrick Godinho, médico oncologista e membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica (SOBOPE).
Segundo a SOBOPE, as vacinas são seguras e eficazes, incluindo a vacina contra a Covid-19. A entidade ressalta apenas que as crianças em tratamento quimioterápico devem seguir as orientações dadas pelo seu oncologista para receber todas as vacinas permitidas e indicadas nesse período e no intervalo de quimioterapia adequado. “Como a imunidade das crianças costuma baixar durante o processo de tratamento oncológico, o ideal é que seja realizada uma consulta prévia ao oncologista para que este determine o melhor momento em que a criança poderá ser vacinada”, explica o especialista da SOBOPE.
Casos e sintomas agravados
Outro ponto de atenção é que, segundo estudo publicado no periódico International Journal of Infectious Diseases, crianças não vacinadas são mais propensas a desenvolver sintomas graves de Covid-19, por exemplo, representando 90% dos casos moderados a graves da doença entre o público pediátrico. A análise foi desenvolvida por pesquisadores de diferentes universidades chinesas durante o surto da variante Ômicron em Xangai, entre março e maio de 2022. Entre 2.620 crianças e adolescentes infectados, 62% não estavam vacinados e 38,6% eram assintomáticos. Destes, a maior parte dos casos ocorreu em crianças que estavam com o esquema completo de imunização. Dos quadros moderados a graves, 90,6% dos casos ocorreram em não vacinados.
Respeito à infância
“Temos que lembrar que, na ausência de imunização, as crianças – até pelas ações características desta fase da vida, ou seja, brincadeiras, contatos físicos e sem muita consciência dos cuidados com a higiene – podem se tornar propagadoras dos vírus, liberando as partículas virais a outras crianças e adultos”, lembra o Dr. Patrick Godinho.
O especialista da SOBOPE, no entanto, faz questão de ponderar a importância de não privar as crianças de serem crianças, em especial as que estão em tratamento. “Não se pode esquecer que elas já estão passando por algumas privações. Por mais cuidados que devemos ter, é necessário, até mesmo para o sucesso do tratamento, que elas continuem brincando, se relacionando entre si e realizando suas atividades habituais, na medida em que o tratamento permitir”, finaliza.
Fonte: Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica fundada em 1981, a SOBOPE, tem como objetivo disseminar o conhecimento referente ao câncer infanto-juvenil e seu tratamento para todas as regiões do País e uniformizar métodos de diagnóstico e tratamento. Atua no desenvolvimento e divulgação de protocolos terapêuticos e na representação dos oncologistas pediátricos brasileiros junto aos órgãos governamentais