Desde que a mulher descobre a gravidez sonha em como será a nova vida que está para chegar; seu rostinho, o sorriso, com quem parecerá e também seu desenvolvimento como criança e adolescente.
Toda a expectativa pode mudar quando essa mulher recebe o diagnóstico de autismo ou qualquer outra síndrome que possa afetar o desenvolvimento do seu filho. Tudo será reprocessado e o instinto de mãe protetora é muito maior para deixar o ambiente menos impactante para a criança.
Quem não convive com crianças autistas pode não saber lidar com a situação e acaba cometendo gafes e até sendo desagradável com essa mulher. A psicopedagoga e diretora do IEAC (Instituto de educação e Análise do Comportamento) Michelli Freitas, mãe de um garoto autista, listou oito coisas totalmente desnecessárias para dizer à uma mãe de filho com TEA.
Ele (a) não tem autismo – É muito comum as pessoas dizerem esta frase com o intuito de enfatizar que a criança é esperta, ou “bonita demais” e por isso ela não seria autista. “Embora as pessoas façam sem intenção de ofender é algo sem nenhuma conexão, pois o autismo não está associado a formas físicas”, comenta a especialista. Ela completa que muitas destas crianças podem ter habilidades que se destacam, mas esta não é a realidade da grande maioria.
Seu filho precisa de limites – Os comportamentos inadequados das crianças autistas são confundidos, com birra ou indisciplina, gerando olhares de desaprovação em público. “Ouvir este tipo de frase faz com que as mães se sintam constrangidas e incapacitadas”, diz Michelli.
Falar sobre a criança como se ela não estivesse presente – A criança autista pode entender tudo o que acontece a sua volta. A psicopedagoga aconselha a ter “muito cuidado como se refere a uma criança com TEA”.
Caras e bocas – Além dos olhares de desaprovação, as mães de autistas sofrem por expressões negativas de outras pessoas. “Isso é muito comum em filas e locais de estacionamento – quando pais de crianças que não possuem algum atraso visível usam da fila preferencial ou param numa vaga preferencial. É visível a desaprovação”, conta Michelli.
Não seguir as orientações dos pais – Ao tentar ajudar, parentes ou pessoas próximas acabam desautorizando os pais ou responsáveis da criança autista. “Este comportamento afeta pais de crianças em geral. Cada família tem seus hábitos, padrões, cultura”, explica a psicopedagoga. Isso pode gerar a quebra de rotina e resultar em problemas posteriores.
Os autistas não gostam de abraço – “Não é correto igualar as crianças autistas, fazendo afirmações generalizadas”. Segundo Freitas, cada criança é única e deve ser tratada de forma especial.
Remédios ou tratamentos milagrosos – “É comum ouvir comentários do tipo ‘Minha vizinha fez com o filho’ e trazer para a conversa curas milagrosas, remédios, plantas, substâncias e tratamentos sem nenhum tipo de fundamento ou estudo”. Michelli aconselha que esta postura deve ser evitada também para qualquer criança, correndo o risco de fazer mal à saúde dos pequenos.
Você é uma mãe muito especial – Embora a frase soe empática, este tipo de comentário não é bem visto. “Somos mães como todas as outras, com muitas dificuldades e incertezas” finaliza a especialista e também mãe que já passou por isso.
*Michelli Freitas, é pedagoga,psicopedagoga clínica e institucional, com Licenciatura em Letras, Analista do Conportamento,Mestranda em Ciências do Comportamento.Mãe de um menino autista é ainda diretora do IEAC (Instituto de Educação e Análise de Comportamento).