Contra os agentes causadores da pneumonia a vacinação é a principal forma de prevenção
A pneumonia é a infecção que mais mata no mundo.1 Segundo um relatório atual da Global Burden of Disease (GBD), em 2019, a doença tirou a vida de 2,5 milhões de pessoas, sendo 1,9 milhão representado por crianças menores de cinco anos e adultos com mais de 69 anos.1 Neste mesmo ano, estima-se que 672 mil crianças, entre 0 e 4 anos, morreram da doença, ou seja, uma a cada 47 segundos.1 Além disso, quase 30% dos óbitos acontecem no primeiro mês de vida.1 A doença também é uma das principais causas de hospitalização e morte em crianças menores de cinco anos.2 3 4
Com o objetivo de aumentar a conscientização sobre essa infecção, alertar sobre os riscos e formas de prevenção, no dia 12 de novembro comemora-se o Dia Mundial da Pneumonia.2 Ana Medina (CRF-RJ 24671), farmacêutica, especialista em imunologia e gerente científica e de assuntos médicos de vacinas da GSK, explica um pouco mais sobre a doença.
“A pneumonia pode ser causada por múltiplos agentes, incluindo vírus, bactérias e fungos, sendo o Streptococcus pneumoniae, conhecido como pneumococo, o mais comum entre as pneumonias bacterianas, que também pode causar otite média, bacteremia e meningite. Os sintomas mais comuns são tosse com expectoração, dor torácica, mal-estar geral e febre. A transmissão da doença, assim como a COVID-19, pode ocorrer através de gotículas contaminadas com estes microrganismos, liberadas ao tossir ou espirrar. As crianças são as principais transmissoras, mesmo assintomáticas. Estima-se que praticamente todas as crianças, em algum momento da fase pré-escolar, tenham sido transmissoras do pneumococo em pelo menos uma ocasião, assim como adultos que têm contato direto com elas. Em idosos, a doença também pode ser grave e fatal”, afirma Ana.
Por proteger contra o pneumococo, bactéria responsável por 60% dos casos de pneumonia, a vacinação pneumocócica é uma das principais formas de prevenção da doença.4 5 6
Importância da vacinação pneumocócica
A vacina pneumocócica conjugada 10-valente (VPC10) está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) desde 2010.5
Segundo Ana Medina, o advento das vacinas pneumocócicas conjugadas representou um importante avanço na redução do número de casos e óbitos relacionados à doença pneumocócica. “Em 2020 atingimos a marca de 10 anos da introdução da vacina pneumocócica 10-valente (VPC10) no Brasil. Primeiramente é preciso destacar que é mais uma conquista do nosso Programa Nacional de Imunizações (PNI). Em segundo lugar, é importante registrarmos que, desde sua introdução em 2010, a VPC10 produz resultados muito positivos para saúde pública não somente no combate a pneumonia, mas em todo o espectro da doença pneumocócica, que inclui otite média aguda (OMA) e doença pneumocócica invasiva, como a meningite pneumocócica. Além disso, os dados disponíveis mostram importante efeito de rebanho com a VPC10, ou seja, a proteção de indivíduos não vacinados através da proteção gerada nos indivíduos vacinados. Embora estejamos no rumo correto, é preciso notar que atualmente as taxas de coberturas vacinais estão muito abaixo do recomendado, o que reforça o papel que todos nós temos na sociedade, garantindo que a caderneta de vacinação dos nossos filhos esteja atualizada”, aponta a Ana.
O Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Ministério da Saúde (MS), recomenda duas doses da vacina pneumocócica 10-valente (VPC10) aos 2 e 4 meses de idade, além de um reforço aos 12 meses.7 Crianças que iniciaram o esquema primário após 4 meses de idade devem completá-lo até os 12 meses, com intervalo mínimo de 30 dias entre as doses do esquema primário e 60 dias da 2ª dose para o reforço.7 Crianças sem comprovação vacinal, entre 12 meses de idade e 4 anos, 11 meses e 29 dias, tem direito a receber uma dose única.7 Para os pacientes com indicação clínica especial, há a disponibilidade de imunizantes para o pneumococo, como a VPC13 e a VPP23, conforme as indicações dos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIEs)8 – unidades públicas com infraestrutura e logística para atender indivíduos com quadros clínicos especiais, tais como imunodeficiências, doenças crônicas, transplantados, entre outras condições.9
A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) orienta que o uso das vacinas pneumocócicas conjugadas na infância siga um esquema de três doses primárias, aos 2, 4 e 6 meses de idade, com uma dose reforço entre 12 e 15 meses de idade.10 Dra. Tatiana Guimarães de Noronha (CRM-RJ 68876-2), médica infectologista, pediatra e epidemiologista, pesquisadora da Assessoria Clínica de Bio-Manguinhos/Fiocruz, reforça a importância de atenção à caderneta de vacinação das crianças, não só em relação à doença pneumocócica, como também contra outras doenças infectocontagiosas para as quais existem vacinais gratuitas, disponibilizadas pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI). “Nos últimos anos temos observado uma queda nas coberturas vacinais em geral, o que nos traz uma grande preocupação quanto ao retorno de doenças potencialmente graves, até então, controladas pelas ações de vacinação“, ressalta.
Dra. Tatiana Guimarães de Noronha (CRM-RJ 68876-2), médica infectologista, pediatra e epidemiologista, pesquisadora da Assessoria Clínica de Bio-Manguinhos/Fiocruz, reforça a importância de atenção à caderneta de vacinação das crianças, não só em relação à doença pneumocócica, como também contra outras doenças infectocontagiosas para as quais existem vacinais gratuitas, disponibilizadas pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI). “Nos últimos anos temos observado uma queda nas coberturas vacinais em geral, o que nos traz uma grande preocupação quanto ao retorno de doenças potencialmente graves, até então, controladas pelas ações de vacinação“, ressalta.
Baixa cobertura vacinal
Apesar de sua importância, as taxas de cobertura vacinal têm apresentado queda.14 “Desde 2010, quando passou a integrar o PNI, a vacina pneumocócica nunca atingiu a meta de adesão de 95% do público-alvo. E nos últimos anos temos acompanhado uma queda importante nas coberturas vacinais, não apenas para vacinação pneumocócica mas para a vacinação como um todo. Em 2019, a cobertura vacinal da pneumocócica, englobando o esquema primário (primeira e segunda doses) e o reforço, ficou em 86,27%. Em 2020, com a pandemia de COVID-19, a situação das baixas coberturas vacinais se agravou, nos deixando com 76,26% das crianças vacinadas. Esse ano, os dados atualizados até agosto mostram uma cobertura vacinal de 61,01%. Isto é preocupante, especialmente neste momento em que muitas das atividades retornaram ou estão retornando, como a volta às aulas e a ressocialização de uma forma geral, o que favorece a transmissão de doenças infectocontagiosas. Nesse momento é ainda mais urgente a recuperação das altas coberturas vacinais e a proteção da população com as vacinas disponíveis”, alerta Ana.
Já a Dra. Tatiana aproveita para fazer um apelo aos responsáveis pelas crianças para que fiquem atentos às cadernetas de vacinação dos menores sob os seus cuidados e procurem profissionais de saúde para esclarecer suas dúvidas. “É importante que os profissionais de saúde estejam disponíveis para esse esclarecimento, em toda oportunidade de contato, explicando a importância da vacinação para o crescimento saudável das nossas crianças“, afirma .
Pneumonia e outras doenças
A doença pneumocócica abrange formas invasivas, como a meningite, a sepse e algumas pneumonias, e formas não invasivas como a maior parte das pneumonias, a otite média aguda (OMA), sinusite e conjuntivite.
“Além da importância na prevenção das formas invasivas da doença pneumocócica, cujos exemplos incluem meningite e sepse, a vacinação pneumocócica protege também contra outras formas de doença pneumocócica menos graves, mas muito importantes pela frequência de acometimento na população e necessidade de uso de medicamentos, como a otite média aguda por exemplo. Estima-se que mais de 80% das crianças com até 3 anos de idade tenham a doença pelo menos uma vez na vida. Os principais sintomas da otite média aguda são dor no ouvido, febre, irritabilidade e dificuldade de dormir”, explica Ana Medina.
Além da vacinação, outras formas de prevenção da doença pneumocócica incluem lavar as mãos, não fumar, ter acesso a água potável e evitar aglomerações.
Material dirigido ao público em geral. Por favor, consulte o seu médico.