Uma questão tão importante para o desenvolvimento das crianças é simplesmente ignorada pelos nossos governantes: os mecanismos para a busca de uma alimentação menos nociva ao público infantil. Praticamente inexistem campanhas governamentais para a busca de refeições saudáveis aos pequenos. Em meio a esse descaso total, ainda vemos algumas iniciativas que tentam brecar o consumo desenfreado de alimentos oriundos de redes fast foods, que traduzindo seriam os lanches rápidos.
Um projeto de lei em Belo Horizonte proposto pela vereadora Maria Lúcia Scarpelli, do PC do B, quer acabar com os brindes na compra de sanduíches em grandes franquias do gênero. A razão é simples: esses brinquedinhos acabam indiretamente estimulando as crianças a comer mais e mais sanduíches, nulos em nutrientes e excessivamente calóricos e gordurosos.
Acaba sendo uma concorrência desleal com as frutas e legumes, por exemplo. Imagine seu filho numa lanchonete sabendo que na compra casada de determinado “x-qualquer coisa” virá “gratuitamente” um bonequinho da hora? Ele certamente vai adorar. Mas ao comer o sanduíche, ele estará se alimentando muito mal e deixando de lado refeições muito mais importantes nessa fase de crescimento.
O pior é quando esses brindes são parte de uma coleção. A criança precisa comer tantos sanduíches específicos para completar a coleção. A estratégia das empresas é certeira. E as crianças são por natureza ingênuas e inocentes. Para que não sejamos ultra radicais: é lógico que vez ou outra é permitido ir a uma rede de fast food, mas sempre com moderação.
De acordo com o IBGE, 14,2% das crianças brasileiras entre 5 e 9 anos são obesas. Esse estudo ocorreu em 2008. O índice pode ser maior atualmente. Sanduíches contêm gorduras saturadas e trans, que aumentam o risco de ganho de peso excessivo. A obesidade, por sua vez, pode resultar no surgimento de diversos outros problemas, tais como depressão, diabetes e hipertensão. Para piorar, esses problemas podem ser potencializados na adolescência e fase adulta.
Apesar dessa discussão sobre impedir ou não esses “chamarizes” estrategicamente criados pelas redes fast foods, vale frisar que não será o veto do brinde que melhorará o hábito alimentar de uma criança. Isso é apenas um pequeno passo diante de quilômetros de medidas que devemos adotar para que seu filho tenha uma alimentação decente.
O ser humano precisa comer bem. Não é comer muito. Aliar alimentação regrada com atividades físicas. Creio que todos nós sabemos o que é legal e o que não é legal quando o assunto é alimentação para o público infantil. Então vamos praticar?