Cardiologista alerta sobre a necessidade de uma avaliação médica.
Com a chegada do verão, muitas pessoas que nunca praticaram exercícios físicos correram literalmente para as academias, praças e espaços públicos, a fim de recuperar o tempo perdido. Essa busca tem acontecido desde março de 2021, quando uma pesquisa constatou que 79% dos entrevistados praticavam algum tipo de atividade física no momento.
Segundo o Doutor Claudio Catharina, gestor de Cardiologia da Unidade Coronariana do Hospital Icaraí, as pessoas precisam primeiramente ter em mente que atividade física é diferente de exercício físico.
Atividade física, segundo o médico, é qualquer atividade corporal produzido pelos músculos e que resulta no gasto de energia. Já o exercício físico é uma atividade física estruturada, repetitiva que tem como objetivo a manutenção ou melhoria do condicionamento físico ou da estética corporal ou da saúde.
“Na verdade, praticamos exercício físico e não atividades físicas. Quando há a completa ausência de um exercício físico regular ou algo que envolva gasto energético, seja para trabalhar, para o transporte pessoal, seja para o lazer, se não fizermos exercícios ficamos sedentários”, explica o médico.
Avaliação clínica é fundamental antes de se exercitar
Antes de dar início a um exercício físico regular, Dr. Cláudio lembra que é necessário passar primeiramente por uma avaliação médica por qualquer médico clínico ou cardiologista que muitas vezes não precisará pedir exames complementares.
“Se esse exercício físico não for competitivo, ou seja, se o indivíduo não vai praticar um esporte regular e for apenas para ele sair do sedentarismo ou para o seu bem-estar ou saúde, basta apenas uma autodeclaração de que ele não apresenta uma série de sintomas durante o exercício”, explica lembrando que todas as academias são obrigadas a aplicar esse questionário canadense para que o aluno informe sobre dores durante os exercícios.
“Se ele responder positivo para algumas dessas perguntas (se tem dor no peito, se sente cansaço, se desmaiou), ele deverá passar por uma avaliação médica. Através dessa avaliação, o médico vai detectar as dificuldades. Como os níveis dos exercícios variam de 1 a 10, o indivíduo pode praticar um exercício de nível 3 com segurança”, complementa.
A solicitação de exames, segundo dr. Cláudio, pode variar também e vai depender da avaliação clínica do médico, como por exemplo: um simples exame físico, uma dosagem de glicose, um hemograma, um eletrocardiograma e conclui que raramente haverá a necessidade de uma investigação mais profunda como um teste de esforço, um ecocardiograma e outros. A não ser que o indivíduo tenha uma doença cardíaca estabelecida será necessário fazer outros exames.
Tenho problema no coração, posso fazer exercícios?
Se for constatado que a pessoa sedentária tenha problemas no coração ela poderá sim, segundo o cardiologista, praticar seu exercício físico. Porém, será a gravidade da doença que definirá se o exercício poderá ser feito dentro de uma academia ou em uma clínica de reabilitação cardíaca com a presença de um cardiologista, um fisioterapeuta, um nutricionista e outros profissionais que atendam pacientes com casos mais graves.
“Dependendo da gravidade da doença, esse exercício precisa ser monitorado por uma equipe médica multidisciplinar. E geralmente esse grupo de pacientes envolve pessoas com: arritmias complexas, que apresentam angina ao fazer esforço, principalmente após terem feito cirurgia de ponte de safena, paciente com angioplastia, pacientes com doença estrutural do coração, doença de válvula grave entre outras,” explica.
Dr. Cláudio lembra que a princípio, qualquer pessoa pode praticar exercício físico, sendo que é dever do médico adaptar o tipo de exercício e intensidade para a capacidade de cada indivíduo.
“O sedentarismo nunca é estimulado por nenhum médico a não ser em casos extremos em que o paciente esteja muito fragilizado”, conclui.