Publicada em janeiro na revista científica Nature, pesquisa apontou marcador capaz de prever o risco de pré-eclâmpsia em mulheres, assim aumentando a janela de identificação da condição e permitindo que intervenções sejam realizadas mais cedo para prevenir complicações a saúde da mãe e do bebê.
Afetando de 5 a 8% das gestantes e figurando entre uma das principais causas de morte materna, a pré-eclâmpsia é uma condição caracterizada pelo aumento da pressão arterial durante a gestação, principalmente após a 20º semana, o que, em casos graves, pode prejudicar o desenvolvimento adequado da criança e a saúde da mãe, com risco de aborto, parto prematuro e até morte. “Apesar de não ter causa definida, sabemos que a pré-eclâmpsia está diretamente relacionada a fatores como histórico pessoal ou familiar de hipertensão ou pré-eclâmpsia, idade acima dos 35 anos, obesidade, diabetes e gestação gemelar. A pré-eclâmpsia é, inclusive, recorrente em pacientes que se submeterem a procedimentos de reprodução assistida como a Fertilização In Vitro justamente por características comuns desses indivíduos e procedimentos, como a idade geralmente mais avançada das gestantes e a maior probabilidade de gêmeos” explica o ginecologista obstetra Dr. Fernando Prado, especialista em Reprodução Humana, Membro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) e diretor clínico da Neo Vita. O problema é que, geralmente, a pré-eclâmpsia surge de forma assintomática nas fases iniciais, o que pode tornar difícil identificá-la a não ser pelos exames pré-natais de pressão arterial quando a condição já está estabelecida. Mas a boa notícia é que um estudo publicado no início de janeiro na revista científica Nature descobriu um material genético encontrado em amostras sanguíneas que é capaz de prever precocemente o risco de pré-eclâmpsia.
No estudo, os pesquisadores analisaram 2500 amostras de sangue coletadas de gestantes de diferentes etnias, nacionalidades e contextos socioeconômicos, isolando perfis de RNA capazes de refletir o desenvolvimento fetal e a progressão saudável da gestação. “Relativamente simples de ser captado e analisado, o RNA é uma molécula expressiva do nosso material genético, assim servindo como um marcador importante para identificar a suscetibilidade do indivíduo a certas condições”, explica o geneticista Dr. Marcelo Sady, Pós-Doutor em Genética e diretor geral Multigene. Então, através da análise desse material genético por meio de inteligência artificial, os responsáveis pelo estudo conseguiram identificar marcadores nesses perfis de RNA que apontam um desvio no curso saudável da gestação, incluindo o risco aumentado para pré-eclâmpsia. “As descobertas do estudo são animadoras, pois têm o potencial de nos ajudar a identificar, com apenas uma amostra de sangue, mulheres em risco de pré-eclâmpsia muito mais cedo na gestação. Dessa forma, poderemos intervir de maneira mais rápida, antes mesmo da condição se manifestar, para evitar complicações significativas para a saúde da mãe e do bebê”, destaca o Dr Fernando. “O trabalho com a genética evoluiu muito nos últimos anos e nos permite atuar de maneira preventiva para evitar diversos danos, principalmente no caso das gestantes. Com o exame, a intervenção médica poderá ser feita de maneira adequada, controlando a condição sem deixar com que evolua”, acrescenta o Dr. Marcelo.
Como o estudo utilizou amostras de um grupo muito diverso de mulheres, a descoberta é bastante confiável e mostra potencial para superar exames atualmente disponíveis. “Hoje, a pré-eclâmpsia é detectada nas consultas pré-natais através da aferição da pressão arterial e dos sintomas da doença, que, além de hipertensão, podem incluir ganho de peso excessivo e perda de proteína pela urina. Além disso, podemos utilizar exames como o PLGF, realizado a partir da 20º semana da gestação, para compor o diagnóstico”, diz o médico. Agora, os pesquisadores estão focados em pesquisas clínicas para validar ainda mais os resultados do presente estudo e esperam que esse tipo de exame possa ser futuramente ampliado para prever outras complicações da gravidez, como o parto prematuro.
Tratamento – Segundo o Dr Fernando Prado, após o diagnóstico de pré-eclâmpsia ser confirmado, o tratamento será escolhido caso a caso de acordo com a gravidade do quadro. “Em casos mais leves, por exemplo, apenas a adoção de um estilo de vida mais saudável, principalmente com relação a alimentação, evitando o ganho excessivo de peso na gravidez, combinada ao repouso relativo podem ser suficientes para que a gestação ocorra sem grandes problemas. Além disso, é indispensável que a gestante mantenha um rígido controle da pressão arterial”, afirma o especialista. “Já nos casos mais graves, o tratamento geralmente é feito no hospital, com o uso de medicamentos para reduzir a pressão arterial e controlar o risco de convulsões. Dependendo da idade gestacional do bebê e da gravidade do quadro, o médico também pode recomendar a antecipação do parto ou a interrupção da gravidez”, finaliza.
FONTE: *DR. FERNANDO PRADO: Médico ginecologista, obstetra e especialista em Reprodução Humana. É diretor clínico da Neo Vita e coordenador médico da Embriológica. Doutor pela Universidade Federal de São Paulo e pelo Imperial College London, de Londres – Reino Unido. Possui graduação em Medicina pela Universidade Federal de São Paulo, Membro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) e da Sociedade Europeia de Reprodução Humana (ESHRE). Whatsapp Neo Vita: 11 5052-1000 / Instagram: @neovita.br / Youtube: Neo Vita – Reprodução Humana.
*DR. MARCELO SADY: Pós-doutor em genética com foco em genética toxicológica e humana pela UNESP- Botucatu, o Dr. Marcelo Sady possui mais de 20 anos de experiência na área. Speaker, diretor Geral e Consultor Científico da Multigene, empresa especializada em análise genética e exames de genotipagem, o especialista é professor, orientador e palestrante. Autor de diversos artigos e trabalhos científicos publicados em periódicos especializados, o Dr. Marcelo Sady fez parte do Grupo de Pesquisa Toxigenômica e Nutrigenômica da FMB – Botucatu, além de coordenar e ministrar 19 cursos da Multigene nas áreas de genética toxicológica, genômica, biologia molecular, farmacogenômica e nutrigenômica.