A dificuldade para aliar a carreira ao momento de ser mãe deixa de ser uma questão para as mulheres que optam pelo congelamento de óvulos e ganham autonomia sobre o próprio corpo
Ocupar lugares na sociedade que antes eram reservados apenas aos homens é uma conquista diária das mulheres. Uma vitória que ainda não é plena, mas que se constrói com uma luta que ainda enfrenta diversas questões, entre elas o desejo de ser mãe. De acordo com pesquisas, 94% das mulheres enfrentam dificuldades para conciliar carreira e maternidade.
Uma das opções para mulheres que desejam serem mães, mas que ainda não têm certeza sobre o momento da vida para tomar essa decisão é o congelamento de óvulos, um procedimento que pode ser realizado por qualquer mulher em fase adulta.
As mulheres nascem com uma reserva de dois milhões de óvulos aproximadamente. Eles não são renovados e seguem envelhecendo, e sendo descartados, ao ponto de chegar à puberdade com um número já reduzido entre 300 e 500 mil. Aos 37 anos essa quantidade chega a 25 mil e por volta dos 50 anos inicia-se o processo natural da menopausa. Ou seja, ao longo da vida, a possibilidade de se tornar mãe por uma fertilização natural vai diminuindo.
“Até os 35 anos é um momento ideal para a coleta de óvulos, as chances de sucesso nesse procedimento são de 90%, quando chegam a ser coletados de 15 a 20 óvulos maduros. Aos 40 anos, a chance de engravidar desce para 45% com a mesma quantidade de óvulos coletados, então, quanto mais cedo for feita a coleta, melhores serão os resultados”, diz a médica Juliana Halley Hatty, ginecologista e especialista em reprodução humana.
Segundo a médica, a maioria das suas pacientes vive o dilema entra carreira profissional e o momento de serem mães. “Nas últimas décadas, a mulher está cada vez mais inserida no mercado de trabalho e é natural postergar a maternidade. Entre 20 e 39 anos, dependendo do planejamento de vida e foco na carreira, as mulheres foram tentando engravidar cada vez mais tarde, o que consequentemente provocou um aumento nas taxas de infertilidade”, conta.
O procedimento para o congelamento de óvulos é relativamente simples, porém exige algumas etapas. O primeiro passo é marcar uma avaliação com um médico especialista em fertilidade que irá solicitar exames para avaliar a reserva ovariana e outros parâmetros, a fim de estimar o número de óvulos a serem coletados.
“O processo para coletar os óvulos dura, em média, de 12 a 15 dias. Durante esse período começamos com medicações injetáveis, aplicadas diariamente pela própria paciente na região do abdome. O acompanhamento com ultrassonografia seriada vai sendo feito para avaliar o crescimento dos folículos e definir o melhor momento para coleta. No dia, uma anestesia semelhante à do procedimento de uma endoscopia é aplicada na paciente e a coleta em si dura cerca de 20 minutos. É realizada uma punção ovariana guiada por ultrassonografia transvaginal”, explica Juliana.
Muitas mulheres têm dúvidas sobre possíveis efeitos colaterais do procedimento, entretanto, esses efeitos em geral são toleráveis e leves. “Há um aumento de sensibilidade na mama, possibilidade de um desconforto abdominal que pode ser controlado com medicação e, algumas das pacientes podem ter predisposição à maior retenção hídrica. O controle de peso nesse período pode ser feito com drenagem e com dieta ajustada para o período”, diz.
A Ferring, grupo biofarmacêutico especializado, líder em medicina reprodutiva e saúde materna, gastroenterologia e urologia, mantém um programa de informação sobre o congelamento de óvulos que traz exatamente essa abordagem.