Foi anunciada a flexibilização do uso de máscaras em todos os ambientes, com exceção do transporte público e seus respectivos locais de acesso, como estações de Metrô. Também está mantido o uso nos locais destinados à prestação de serviços de saúde.
Entretanto, liberar o uso de máscaras em ambientes fechados exige cautela. É o que alerta a professora Soraya Smaili, farmacologista da Escola Paulista de Medicina, que foi Reitora da Unifesp no período 2013-2021 e é coordenadora do Centro SOU Ciência, lançado em julho de 2021.
“Não faz ainda duas semanas desde a flexibilização do uso de máscaras em ambientes externos, então, seria interessante aguardarmos mais alguns dias para observarmos os dados a partir desta liberação”, afirma Soraya.
A farmacologista aponta que também houve um aumento no número de casos de covid-19 depois do Carnaval, portanto, seria importante observar por algumas semanas para verificar e consolidar a estabilidade no número de casos e óbitos pela doença.
“Seria importante e cauteloso aguardar porque nós sabemos que está havendo aumento no número de casos novamente em alguns países, como na Coreia, na China, provavelmente a partir da Ômicron e de uma subvariante da Ômicron, e isso traz preocupação, porque novas ondas poderão acontecer aqui”, alerta.
Além disso, Soraya reforça que, se as pessoas deixarem o uso de máscara agora, vai ser muito difícil retomar depois se for necessário. Seria muito interessante continuar com a utilização das máscaras porque o item não faz mal à saúde, ao contrário pode prevenir várias doenças respiratórias, não traz prejuízos, além de ser uma medida segura.
“Nós devemos criar o hábito, daqui para frente, de utilizá-la, porque ela pode impedir a transmissão não só do coronavírus como de outros vírus respiratórios o que preserva a saúde de muitas pessoas de uma maneira eficaz e barata”, pontua Soraya.
Crianças e idosos são mais vulneráveis
A farmacologista pontua também o fato de que muitas crianças não estão imunizadas completamente. Apenas cerca de 30% de crianças estão com o esquema vacinal completo. Portanto, 70% das crianças de 5 a 11 anos não estão vacinadas de maneira completa. Desta forma, a retirada de máscaras neste público também é um elemento de preocupação.
Soraya ressalta que entre os idosos, o público mais atingido pela variante Ômicron, é necessário ter muito cuidado, pois foi neste grupo foi registrado o maior número de óbitos. Isso por que além da imunossenescencia tem também o fato deles terem sido os primeiros a serem vacinados, portanto, necessitam das doses de reforço.
“Aqueles que receberam dose de reforço há mais de seis meses, são as pessoas que estão mais vulneráveis nesse momento, que não receberam um novo reforço ainda, portanto teríamos que aguardar e observar e cuidar por eles também”, avalia Soraya.
Máscara está mantida no transporte coletivo
Por fim, a Profª Dra. ressalta que uma decisão positiva é que a máscara está mantida no transporte coletivo e nos ambientes de saúde, como hospitais e unidades assistenciais.
“Realmente, não tem condições de liberar o uso de máscara nos transportes coletivos em uma cidade como São Paulo e com os tipos de transporte público que nós temos, sem a manutenção devida com respeito ao uso de filtros de ar adequados e também sem o número suficiente para impedir aglomeração e a circulação do vírus. É melhor que tenhamos mesmo essa obrigação do uso da máscara no metrô, em ônibus, nos aviões, em ambientes que tenham muitas pessoas, além de ambientes hospitalares. É uma medida acertada e deve continuar. Nós nãoevemos ter pressa para a retirada geral das máscaras”, reforça Soraya.
Soraya Smaili, farmacologista da Escola Paulista de Medicina, que foi Reitora da Unifesp no período 2013-2021 e é coordenadora do Centro SOU Ciência, lançado em julho de 2021.