Pacientes com paralisia cerebral também possuem uma alta tendência em apresentar o distúrbio
De acordo com pesquisa realizada na Faculdade São Leopoldo Mandic, 55% das crianças e adultos jovens com Transtorno do Espectro Autista (TEA) apresentam bruxismo, uma desordem funcional caracterizada pelo ranger ou apertar dos dentes. O dado é exatamente o mesmo entre as crianças e adolescentes com paralisia cerebral: 55% dos pacientes nesta condição possuem bruxismo.
Os resultados coletados no estudo são explicados pela complexidade do diagnóstico e do tratamento de bruxismo em pessoas neuroatípicas, principalmente as crianças, que têm dificuldade em realizar tratamentos odontológicos.
“No caso dos autistas, por exemplo, a relação estabelecida entre paciente e profissional durante as consultas é limitada, devido aos déficits de comunicação e relacionamento desses pacientes”, explica a aluna de mestrado em Odontopediatria da Faculdade São Leopoldo Mandic e responsável pela pesquisa, Gabriela Godoy Pizzi. “Tais motivos resultam tanto na falta de conhecimento dos cirurgiões-dentistas sobre o autismo quanto na baixa preferência de cuidados preventivos em saúde bucal, por parte dos pais ou responsáveis”, explica.
Além disso, por serem pessoas altamente sensíveis a estímulos sensoriais, os barulhos gerados pelos equipamentos odontológicos e os sabores desagradáveis de medicamentos podem causar reações de repulsa e desconfiança, interferindo no diagnóstico e no tratamento do bruxismo.
“Ao levar em consideração esses aspectos, é fundamental que os pais de crianças com TEA colaborem com o tratamento do bruxismo dos seus filhos, procurando um dentista especializado, da educação especial e da terapia da fala e de habilidades sociais”, afirma a cirurgiã-dentista. “Vale ressaltar também que crianças autistas possuem dificuldades com interpretações sociais”.
A característica pode provocar problemas de sono e, consequentemente, levá-las a desenvolverem ansiedade na hora de adormecer ou durante o despertar noturno, o que favorece o surgimento do bruxismo. A utilização de medicamentos como antipsicóticos, ansiolíticos e anticonvulsionantes, para o tratamento de problemas sistêmicos é, segundo a pesquisa, outro fator determinante para a ocorrência da desordem.
Pacientes com paralisia cerebral
Assim como em pessoas com TEA, o diagnóstico de bruxismo em crianças e adolescentes com paralisa cerebral também é dificultado pelas alterações neurológicas dos indivíduos. Apesar da polissonografia ser o exame mais recomendado para avaliar a presença do bruxismo nesses casos, a sua aplicação não é simples de ser feita em pacientes com necessidades especiais.
O teste mede a atividade respiratória, cerebral e muscular dos pacientes durante o sono, a partir da instalação de sensores em diferentes pontos do corpo, o que não costuma ser bem recebido por aqueles que possuem paralisia cerebral.
Segundo a cirurgiã-dentista e responsável por conduzir a pesquisa sobre a presença do bruxismo em crianças e adolescentes com paralisia cerebral, Nathalia Kanhouche, a primeira consulta odontológica dessas pessoas deve ser realizada, de preferência, durante o primeiro ano de vida. “Trata-se de uma forma de prevenir o aparecimento de alguma doença bucal e possibilitar que os pais recebam toda a orientação necessária”, explica ela, que também é aluna de mestrado em Odontopediatria da Faculdade São Leopoldo Mandic.
“O desgaste dentário acentuado proveniente do ranger dos dentes é a principal consequência clínica do bruxismo. Contudo, o mais importante é compreender quais os fatores de risco que estão levando ao surgimento da desordem, para que eles possam ser modulados”.
Ambos os estudos contaram com a orientação do Prof. José Carlos Petorossi Imparato, co-orientação da Profª. Tamara Kerber Tedesco e colaboração do Prof. Rafael Celestino, docentes da Faculdade São Leopoldo Mandic.
O bruxismo
O bruxismo é definido como um hábito parafuncional que se manifesta sob a forma de ranger ou apertar dos dentes, combinado de pelo menos um dos seguintes sinais: desgaste dentário anormal, sons associados a bruxismo e desconforto muscular da mandíbula. A desordem ocorre basicamente devido a problemas respiratórios, fatores emocionais e episódios de estresse.
Fonte: Faculdade São Leopoldo Mandic reúne, no corpo docente, professores doutores formados pelas melhores instituições de ensino do Brasil e do Exterior. Estruturada com laboratórios de última geração e clínicas odontológicas completas, a Instituição oferece aos alunos vivência prática nos cursos de Odontologia e de Medicina desde o 1º ano, atividades de pesquisa e prestação de serviços comunitários, convênio com hospitais e Unidades Básicas de Saúde, cursos de graduação e pós-graduação. Possui laboratórios com exercícios de simulação realística, utilizando recursos modernos para diagnóstico, HUB de Inovação e projetos como o Barco da Saúde, que leva atendimento médico e odontológico a comunidades carentes