Alterações na estrutura ou na função do coração podem ser diagnosticadas antes mesmo do nascimento e requerem acompanhamento até a idade adulta
Durante o desenvolvimento fetal, podem ocorrer malformações no coração que prejudicam o funcionamento adequado do órgão. Por isso, junho, o Mês da Cardiopatia Congênita, traz um alerta sobre essas alterações que afetam 10 a cada mil nascidos vivos no Brasil, cerca de 30 mil crianças por ano, de acordo com o Ministério da Saúde. Na apresentação grave, a enfermidade é responsável por 30% dos óbitos de bebês com até 28 dias de vida.
“Entre as causas estão condições maternas, como diabetes mellitus, hipertensão, lúpus, infecções como a rubéola e a sífilis, uso de medicamentos e drogas e histórico familiar. Quando a mulher é cardiopata e já tem um filho também com a enfermidade, a chance de ela gerar outra criança com alterações cardíacas aumenta”, alerta a Dra. Ieda Jatene, cardiologista responsável pelo Serviço de Cardiologia Pediátrica e Cardiopatias Congênitas do Hcor.
Ainda que a anomalia possa ser diagnosticada durante a gestação, por meio do ecocardiograma fetal, realizado entre 21 e 28 semanas, muitas vezes, só é descoberta após o nascimento, quando o Teste do Coraçãozinho é feito na maternidade. “Com um oxímetro, são medidos o nível de oxigênio no sangue e os batimentos cardíacos do recém-nascido. É um exame de baixo custo, rápido, não-invasivo, indolor e obrigatório, também oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS)”, conta a especialista.
Ao ser detectada uma alteração, seja na gestação, após o nascimento ou já na idade adulta, pode ser necessária uma intervenção para melhorar o prognóstico. “O tratamento pode começar ainda na fase fetal, após um diagnóstico intrauterino, e seguir por toda a vida. Existem cardiopatias que, ao serem tratadas na infância, permitem o desenvolvimento de uma forma muito próxima da normalidade. Dependendo do caso, podemos realizar procedimentos menos invasivos, como cateterismo, implantes de balões e stents, ou mais complexos, utilizando uma sala híbrida, ambiente que une centro cirúrgico, laboratório de hemodinâmica e equipamentos de imagem de alta definição”, explica a Dra. Ieda.
No Hcor, hospital referência em cardiologia no País, há uma área exclusiva para cardiopatias congênitas com uma estrutura física, clínica e tecnológica especializada. “Temos uma linha completa de cuidados, que assiste o paciente com diagnóstico, ambulatório, unidade de internação ou UTI, cirurgia (incluindo de transplante do coração) e reabilitação física e cognitiva. O atendimento é realizado tanto pela saúde suplementar quanto pelo SUS, em parceria com o Ministério da Saúde, pelo Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS), via regulação nacional. “Recebemos gestantes e crianças, de todo território nacional, que são encaminhadas pelo Ministério da Saúde. Desta forma, conseguimos diminuir a fila de espera da central nacional de regulação pelo tratamento especializado em cardiopatia complexa no Brasil e contribuir para a redução dos índices de mortalidade infantil”, esclarece a coordenadora da área.
Como parte de suas ações de responsabilidade social, de 1º de janeiro de 2021 a 11 de maio de 2022, o Hcor, em parceria com o Ministério da Saúde, atendeu 48 pacientes e realizou 131 consultas, 140 exames e 85 cirurgias. A maioria dos pacientes reside no Norte e Nordeste do País (85%), regiões em que há maior carência de assistência especializada. Já pelo programa de gratuidade, o hospital realizou 663 consultas e 291 exames, no mesmo período.
Fonte; Dra. Ieda Jatene, cardiologista responsável pelo Serviço de Cardiologia Pediátrica e Cardiopatias Congênitas do Hcor.