Quando planejar demais pode se tornar um obstáculo
A decisão de ter filhos é sempre muito delicada e envolve importantes variáveis e impactos sobre nossa vida prática. O dia a dia fica completamente transformado, tudo em função do pequeno bebê, nossas emoções à flor da pele, e em geral, o mundo interno em uma confusão de sentimentos para reorganizar.
As mudanças são inúmeras. Muda nossa relação com nosso corpo, muda nossa relação com o companheiro, muda nossa relação com as ambições e planos que tínhamos antes do bebê. O cansaço e o sono constantes, alterações hormonais e fisiológicas, às vezes não cuidamos de nossa alimentação ou podemos ter perdas nutricionais que ficam ocultas, durante gravidez e a amamentação, agravadas pelo estresse.
Há ainda nossa história de infância, a história do marido, como cada um lida com eventos importantes do passado, guardados dentro de nós. Se forem experiências positivas terão um efeito, se forem traumas ou perdas significativas, então teremos uma expectativa diversa.
O desejo de ser mãe não é igual para todas as mulheres ou todas as pessoas. E também as experiências de maternidade/paternidade são individuais e subjetivas. As pressões atuais por sucesso material e profissional contribuem para embaralhar esse cenário.
Mas, mesmo diante de tudo isso, ainda assim, as pessoas continuam desejando ter filhos. É um desejo que se opõe a todas essas adversidades culturais da vida moderna, a nossas necessidades de projeção profissional, à sedução de vida mais livre e aberta a outras possibilidades.
Muito da angústia da mulher moderna está em não saber exatamente qual é o seu desejo, e sentir-se impelida a fazer escolhas impostas pela Cultura. A liberdade e a consciência sobre essa escolha impõem muitos questionamentos difíceis antes da chegada do bebê. Quando conseguimos separar um pouco o que é um sofrimento nosso do que é imposto de fora, já ajuda. Mas o importante e mais difícil é conseguirmos entrar em contato com o que de fato está lá bem dentro de nós, qual é a nossa motivação.
Há o caso em que um dos parceiros, ou a mulher ou o homem, não quer mesmo filhos, mas não se sente nem um pouco confortável em reconhecer para si e muito menos assumir para o outro esse desejo de NÃO ter. No caso da mulher, é muito mal visto, é censurado, é uma pressão invisível que comanda as nossas escolhas e nos põe angustiadas, sem nem sabermos o porquê.
É importante entrar em contato com seu desejo, com bastante cuidado, respeito por si mesma, permitindo-se conhecer o que você deseja de verdade, se quer, se não quer, e quando quer. E se sentir confortável para sempre procurar dialogar com seu marido, que também é o outro componente fundamental dessa parceria.
Ao fazer essa investigação interna, você precisa abrir mão de uma posição pré-concebida, de uma ideia pré-concebida. Pensar em você e na sua relação com o novo bebê. A gestação, o parto, o bebê depois. Todo o resto, o primeiro filho (caso seja o segundo a encomendar), o marido, a profissão, as despesas, acabarão por se ajeitar, porque o desejo é maior. Mas mesmo com o desejo consciente não é fácil. Por isso, conhecer o próprio desejo é tão importante, porque dele tiramos a força para as situações mais trabalhosas.
Ter filhos, seja o primeiro, seja o segundo, ou mais vai ser sempre uma experiência de profunda transformação interna e externa. E nunca sabemos ao certo como será. É mesmo uma enorme incerteza, que se renova a todo momento, pois a vida não tem manual, é composta de surpresas. Por isso que o desejo é que vai sustentar essa decisão.
Se você quiser filhos, todos esses itens acabarão se tornando apenas desafios e não obstáculos.
Aaammeeeeiiii, Simplesmente me deu mais motivação para tentar pela terceira vez 😍