Após descobrir endometriose, atriz desabafou com seus seguidores que também foi diagnosticada com SOP (Síndrome dos Ovários Policísticos). Ambas as doenças prejudicam a fertilidade
Recentemente, a atriz Larissa Manoela comentou em suas redes sociais que foi diagnosticada com Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP), além da endometriose – doença que já havia descoberto. A grande questão é que as duas doenças têm impacto na fertilidade, segundo o Dr. Rodrigo Rosa, especialista em Reprodução Humana e sócio-fundador e diretor clínico da clínica Mater Prime, em São Paulo. “A endometriose é uma doença que afeta 10% das mulheres em idade reprodutiva. Sabemos que 50% das mulheres com endometriose apresentam infertilidade. Ela se caracteriza pela presença do endométrio, mucosa que reveste a parede do útero, fora da cavidade uterina, o que atrapalha a implantação do embrião”, explica o Dr. Rodrigo Rosa. “Já a SOP afeta em média de 6 a 10% das mulheres em idade reprodutiva e também figura entre uma das principais causas de infertilidade. Das mulheres com SOP, 75% apresentam infertilidade. A SOP é um distúrbio hormonal complexo relacionado à resistência à insulina, obesidade, diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares, câncer de endométrio e infertilidade. Ela interfere na fertilidade, pois acaba afetando a ovulação; e, como consequência desse distúrbio hormonal da SOP, também há aumento dos hormônios masculinos”, acrescenta o médico.
Endometriose
Segundo o médico, a faixa etária mais prevalente é de 25 a 35 anos, podendo aparecer desde a adolescência. Entre as causas, existem fatores genéticos e epigenéticos. “A doenças é multifatorial, hormonal, inflamatória e imunológica. É benigna, porém agressiva e com grande repercussão na qualidade de vida e fertilidade. Entre os sintomas, estão: cólica menstrual, dor durante a relação, infertilidade, dor pélvica crônica, sintomas intestinais (evacuação dolorosa e sangramento), sintomas urinários (ardência e sangue na urina no período menstrual) e dor que irradia para coxa”, explica o médico. “O tratamento vai depender da localização da endometriose, dos sintomas, se a paciente está tentando engravidar ou não, se já apresenta infertilidade ou não e a idade da mulher”, destaca. Tudo isso vai determinar o tratamento que, segundo o médico, pode ser clínico, suspendendo a menstruação com contraceptivo hormonal contínuo ou um DIU liberador de hormônio como Mirena ou Kyleena, tratamento cirúrgico com videolaparoscopia e, nos casos de infertilidade associada à endometriose, a fertilização in vitro é indicada”, diz o médico. No caso de pacientes jovens que tem esse diagnóstico, o médico orienta que é importante se cuidar porque a doença pode levar à infertilidade.
SOP
O médico explica que a Síndrome dos Ovários Policísticos tem como base a resistência à insulina e uma disfunção dos hormônios produzidos pela hipófise, como consequência a mulher não ovula, tem uma irregularidade menstrual e um aumento dos hormônios masculinos, uma predisposição à obesidade e doenças cardiovasculares, tudo em decorrência dessa síndrome. “A fisiopatologia da doença é complexa e sua origem é multifatorial e desconhecida, pois existe uma predisposição genética e fatores ambientais que causam a doença. A SOP é responsável por 80% das causas ovulatórias de infertilidade e 20% das causas de infertilidade feminina”, diz o médico. O quadro clínico se caracteriza por hiperandrogenismo (aumento de pelos, acne, queda de cabelo), anovulação crônica (ciclos menstruais irregulares), ovários policísticos, resistência à insulina e obesidade. “O tratamento é clínico e a base dele é com foco em uma alimentação low-carb, com baixo consumo de carboidratos, atividade física regular, controle de todo metabolismo ligado à resistência à insulina e alguns medicamentos que podem ajudar como a metformina, e o inositol, que é um suplemento; tudo isso pode ajudar o ovário a funcionar de uma maneira mais adequada. Lembrando que o problema não está no ovário, ele é direto, central, na hipófise. Então, na SOP aqueles microcistos que aparecem no ovário que mostram uma reserva ovariana aumentada é uma consequência de todo esse distúrbio ovulatório e não a causa”, explica o médico.
Para as pacientes com Síndrome dos Ovários Policísticos que desejam engravidar, o tratamento de escolha normalmente é a indução da ovulação por meio de medicamentos orais, segundo o médico. A administração desses fármacos deve ser monitorada por meio de ultrassonografias que avaliam a resposta ovariana, cabendo ao especialista ajustar a dose utilizada para alcançar uma resposta adequada e evitar hiperestimulação e gestação múltipla. “Para aumentar as chances de gestação, o uso desses medicamentos pode ser combinado à técnica de coito programado, que consiste basicamente no acompanhamento do ciclo fértil e manutenção de relações sexuais no período mais favorável a uma gestação. Dependendo do caso, pode ser recomendada a realização de um procedimento de inseminação intrauterina ou de alta complexidade, como a fertilização in vitro”, diz o médico.
Segundo o especialista, com o devido tratamento e acompanhamento médico, grande parte das mulheres que sofrem com SOP são capazes de engravidar. “O mais importante é ter um acompanhamento médico adequado da doença e ter bons hábitos de vida”, finaliza.
Fonte: DR. RODRIGO ROSA: Ginecologista obstetra especialista em Reprodução Humana e sócio-fundador e diretor clínico da clínica Mater Prime, em São Paulo, e do Mater Lab, laboratório de Reprodução Humana. Membro da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA) e da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH), o médico é graduado pela Escola Paulista de Medicina – Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM). Especialista em reprodução humana, o médico é colaborador do livro “Atlas de Reprodução Humana” da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana.