Cada vez mais comuns, tablets e celulares são opções de presente para crianças e adolescentes, mas devem ser acompanhados de muito diálogo na família
Uma média de 49% das crianças no Brasil interagem pela primeira vez com um dispositivo conectado à internet antes dos seis anos, e a idade média para ganhar o primeiro dispositivo conectado é de 8,5 anos, segundo pesquisa da Kaspersky de 2020. Os dados trazem um alerta relevante neste período que antecede o Dia das Crianças, quando videogames, smartphones e outros aparelhos eletrônicos ganham o topo da lista de desejos do público infantojuvenil. Especialistas afirmam que é indispensável que esses produtos sejam usados com o acompanhamento e cuidados dos adultos, que devem orientar as crianças e adolescentes sobre os conteúdos acessados e educá-las para o uso seguro e a autodefesa online.
Um dos pontos que merece atenção é o risco de crianças e adolescentes serem expostos a situações de violência sexual. Especialistas orientam que conversar sobre o uso saudável da internet é uma boa saída para a família. Como forma de auxiliar nessa abordagem, a Campanha Defenda-se, desenvolvida pelo Centro Marista de Defesa da Infância (CMDI), do Grupo Marista, traz uma série de vídeos animados que têm como objetivo promover a autodefesa de crianças entre 4 e 12 anos, e o vídeo mais recente foca na segurança online. Nas imagens, personagens infantis protagonizam atitudes preventivas diante de situações de risco. Para ajudar, confira algumas dicas da campanha sobre como adultos podem contribuir para que meninos e meninas fiquem mais seguros na internet:
Seja um adulto com quem a criança pode contar
É preciso incentivar crianças e adolescentes a pedir ajuda quando se sentirem desprotegidos. Não tenha receio de conversar sobre o assunto. Manter canais de conversa com eles para que saibam a quem procurar nessas situações é extremamente importante. “Em um mundo ideal, as crianças não teriam acesso à internet desacompanhadas, mas acontece e devemos agir sobre essa realidade, a fim de reduzir danos e para que elas possam aproveitar as possibilidades positivas que existem no meio digital”, explica a responsável pela campanha Defenda-se, Cecília Landarin Heleno. A especialista sugere que assistir a animação junto com as crianças é uma forma de começar essa conversa.
Oriente sobre a exposição de imagens e informações
O compartilhamento de fotos e vídeos na internet deve ter o acompanhamento de adultos em quem a criança confia. É preciso estabelecer um diálogo que deixe claro que na internet sua imagem pode ser exposta para qualquer pessoa e que não há como prever o alcance e os riscos que isso acarreta.
É responsabilidade dos pais e responsáveis orientar os meninos e meninas sobre o que, como e com quem compartilhar fotos e outras informações. Também cabe a estes adultos lembrar que é possível configurar redes sociais para restringir quem tem acesso aos conteúdos postados, e que a maioria das redes são apenas para maiores de 13 anos.
Além disso, a aproximação de pessoas, sejam conhecidas ou não, pedindo fotos, imagens ou outras informações pessoais deve ser um alerta, especialmente quando solicitadas em troca de falsos benefícios para as crianças, como presentes. Por isso, é preciso que os pais e responsáveis estabeleçam combinados prévios, e avaliem, junto com as crianças, se esta deve ou não compartilhar qualquer informação na internet.
Converse sobre segurança online
Manter um diálogo aberto e acolhedor, para que a criança se sinta segura de que não será punida caso tenha compartilhado imagens ou informações com outras pessoas na internet é um caminho. Esse espaço de acolhimento permite que a criança comunique situações de risco mesmo que se sinta culpada pela interação e pode minimizar os riscos de coação e chantagem de possíveis agressores.
Denuncie
Os agressores podem estar em qualquer lugar, até mesmo dentro das famílias. Ao identificar qualquer sinal de que uma criança ou adolescente sofre violência sexual, denuncie. Se a situação for flagrante, deve-se comunicar a polícia. Outras situações podem ser denunciadas por diversos canais, entre eles: Disque 100, Conselho Tutelar, aplicativo Proteja Brasil, site SaferNet, entre outros. Para fazer as denúncias, basta que haja uma suspeita.
Educar para o conhecimento de seus corpos, sentimentos e direitos, além de desenvolver ambientes seguros nas casas, escolas e outros espaços, contribuem para que crianças e adolescentes sejam encorajados a contar para um adulto de confiança quando se sentirem ameaçados. Isso é essencial para o combate ao abuso e exploração sexual infantil.
Fonte: Centro Marista de Defesa da Infância – do Grupo Marista, atua há 12 anos na proteção e defesa dos direitos de crianças e adolescentes, por meio do fortalecimento da sociedade civil, da qualificação de políticas públicas e do controle social. Desenvolvendo campanhas e assessoramento sobre o enfrentamento à violência sexual e outros temas referentes aos direitos humanos, como a participação infanto-juvenil e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).