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A dislexia dever ser diagnosticada o quanto antes para permitir que a criança tenha um desenvolvimento intelectual e emocional sem prejuízos.
Podemos classificar os transtornos específicos de aprendizagem em três categorias:
– Transtorno específico de leitura – DISLEXIA
– Transtorno específico da escrita – DISGRAFIA
– Transtorno específico da matemática – DISCALCULIA
Diferentes pesquisas apontam, dependendo dos critérios, que de 5% a 10% da população apresenta algum transtorno de aprendizagem como dislexia ou discalculia. Isso significa que não é raro em uma sala de aula numerosa encontrar alunos com essas dificuldades. Neste subgrupo é bastante comum também, em cerca de 20% dos casos, apresentar uma combinação (comorbidade na nomenclatura médica) desses transtornos.
O mais angustiante neste cenário é que poucos pais e educadores percebem que algo diferente se passa com a criança (ou mesmo adulto) e acabam se conformando dizendo que é assim mesmo, foi sempre assim, o pai era assim, é preguiçoso, não aprende, não gosta de estudar ou outro rótulo parecido.
Por outro lado, se ficarmos atentos a pequenos sinais é possível encaminhar essa criança para um diagnóstico e mudar radicalmente as expectativas e intervenções sobre e com ela.
Neste artigo vamos focar num transtorno de aprendizagem bastante comum, porém pouco identificado – a DISLEXIA.
A sala de aula, seja ela composta de alunos da educação infantil ou da pós-graduação é palco de relações sociais e de aprendizagem. Há uma extensa diversidade de percursos e saberes desses alunos que precisam ser compreendidos e terem garantidas suas necessidades considerando as especificidades. Por isso, as práticas pedagógicas devem ser pautadas em diferentes linguagens e abordagens, permitindo-lhes um desenvolvimento adequado.
O impacto da dislexia na aprendizagem é grande e parte do professorado desconhece as características, dificultando a identificação e intervenção adequada.
A dislexia é um transtorno de origem neurobiológica e aqueles que têm este transtorno, mesmo possuindo inteligência igual e muitas vezes superior aos seus pares, são incapazes de ler com fluência.
A importância do diagnóstico adequado, e precoce, evita que as crianças se desenvolvam com prejuízos acadêmicos e emocionais. Tanto a criança quanto sua família ficam abalados. A criança tem sua autoestima baixíssima e a família se pergunta onde errou.
As dificuldades na leitura ainda afetam outras áreas, pois por meio da leitura se tem acesso a conhecimentos culturais e históricos.
Infelizmente, a educação escolar ocidental marginaliza alunos com dificuldades de aprendizagem e impõe, implicitamente, que uma comunicação eficaz exige a capacidade de decodificar a palavra escrita. Esse é um valor é incutido em crianças desde pequenas.
DIAGNÓSTICO DA DISLEXIA
Os disléxicos são assim diagnosticados quando as condições intelectuais são normais, ou superiores e existem inabilidades fonológicas e/ou de memória. A dislexia é resultado de uma alteração do neurodesenvolvimento, que prevê um déficit na decodificação, ou seja, na leitura.
O diagnóstico deve ser feito por uma equipe multidisciplinar que inclui primordialmente psicopedagogo, fonoaudiólogo e psicólogo, podendo ser necessárias ainda outras opiniões como de neurologistas, oftalmologistas e otorrinolaringologistas dentre outros. O diagnóstico é feito por exclusão, por isso a importância de se buscar profissionais comprometidos e que agreguem resultados.
Geralmente o diagnóstico é feito na etapa de alfabetização e letramento. Mas, é possível identificar alguns sinais antes disso, possibilitando aos pais ou educadores intervirem precocemente, mesmo sem o diagnóstico pontual.
– Atraso na aquisição da fala;
– Dificuldades em memorizar poesias, músicas e rimas;
– Dificuldade para nomear objetos e palavras;
– Dificuldade em memorizar novas palavras ou mesmo repetir uma história;
– Dificuldade em lembrar nome de letras e de entender que a palavra pode ser segmentada (sílabas).
Ao iniciar o processo de alfabetização e letramento outros sinais podem servir de alerta, tais como:
– Ler e não compreender o que foi lido, ao passo que se outra pessoa ler compreende;
– Fazer muito esforço para ler e quando não consegue “adivinha” palavras;
– Substituir palavras do mesmo grupo de significados (semântico) como “gato” por “galo”;
– Trocar excessivamente letras em palavras que se iniciem ou contenham o mesmo ponto de articulação como p/ b, t/ d, f/ v, ou x/j, por exemplo;
– Demonstrar dificuldades em orientação temporal (ontem e hoje) ou espacial (em cima e embaixo);
– Demonstrar dificuldades em copiar algo da lousa, ou mesmo de um livro, pois se perde ao olhar e voltar para o caderno.
O fato de uma criança apresentar um ou mais dos sinais acima, não significa que seja disléxica. Como descrito anteriormente somente uma equipe multidisciplinar poderá fazer um diagnóstico adequado. Por outro lado, se pais ou educadores perceberem alguns desses sinais em crianças ainda na educação infantil será possível ficarem atentos e buscarem intervir mesmo antes de iniciar o processo de alfabetização e letramento o que certamente irá mudar a história de vida acadêmica, profissional e pessoal dela.
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