Análise pode ajudar a aprimorar o diagnóstico e o processo terapêutico de milhões de mulheres afetadas pela condição
Um grupo de cientistas do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia do centro médico Cedars-Sinai, em Los Angeles, mapeou as alterações celulares ligadas à endometriose. O objetivo é ajudar a melhorar as opções de tratamento para mulheres afetadas pela doença ao redor do mundo. Estima-se que a endometriose atinja 10% da população em idade reprodutiva.
A pesquisa conseguiu identificar as diferenças moleculares entre os principais subtipos de endometriose, incluindo doença peritoneal — que afeta a cavidade abdominal — e endometrioma ovariano. O estudo pode ser usado por pesquisadores em todo o mundo para investigar tipos específicos de células, esperando levar diagnóstico e tratamento mais eficazes para as pacientes.
A endometriose é uma doença que afeta o tecido que reveste o útero, chamado de endométrio, fazendo com ele se espalhe por outros órgãos. Esse crescimento inadequado pode causar inflamações, aderências, dor intensa e até infertilidade. Entre outros sintomas, as pacientes com o distúrbio podem sentir dor crônica, disfunção intestinal e da bexiga e dor durante as relações sexuais. Apesar da grande incidência, a doença leva em média de sete a oito anos para ser diagnosticada, por conta da normalização de sintomas como as cólicas.
Para entendê-la melhor, os cientistas analisaram mais de 400 mil células de 21 pacientes, algumas com endometriose e outras não. Isso permitiu que eles mapeassem as alterações moleculares associadas à doença e traçassem o perfil dos diversos tipos de células envolvidas.
Para o ginecologista Patrick Bellelis, colaborador do setor de endometriose do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, todos os estudos que possam acrescentar algo com relação ao diagnóstico e tratamento da doença têm que ser vistos como positivos. “A endometriose é uma enfermidade que carece de estudo constante. Os dados celulares relacionados a ela costumam ser limitados e dificultam o desenvolvimento de tratamentos mais eficazes. É uma doença que pode se desenvolver em diferentes órgãos e se comporta de forma semelhante ao câncer, mas não tem nenhuma relação com ele”, comenta. Atualmente, o tratamento da endometriose consiste em remoção cirúrgica de cistos e lesões, e alívio da dor por meio de terapias hormonais, como pílula anticoncepcional ou sistema intrauterino, tendo níveis variáveis de sucesso. Em casos graves, as mulheres podem recorrer à remoção dos ovários ou do útero. “A esperança é que uma melhor compreensão das bases moleculares da doença permita o desenvolvimento de terapias mais direcionadas”, conclui Bellelis
Fonte: ginecologista Patrick Bellelis, colaborador do setor de endometriose do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo. Tem ampla experiência na área de Cirurgia Ginecológica Minimamente Invasiva, atuando principalmente nos seguintes temas: endometriose, mioma, patologias intrauterinas e infertilidade. É graduado em Medicina pela Faculdade de Medicina do ABC. Possui título de Especialista em Ginecologia e Obstetrícia, Laparoscopia e Histeroscopia pela Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia — FEBRASGO. Doutorado em Ciências Médicas pela Universidade de São Paulo, USP, Brasil