O diagnóstico de infertilidade mexe muito com a autoestima do casal, mas postergar a busca pela ajuda médica especializada pode tornar tudo ainda mais difícil
Cerca de 8 milhões de casais sofrem com infertilidade no Brasil atualmente. Mas a má notícia é outra: muitos deles demoram demais a buscar ajuda. Como a idade é uma bomba-relógio e um fator determinante para o sucesso de uma concepção, postergar a busca por ajuda especializada é um problemão. “Os principais motivos para os casais demorarem a buscar ajuda especializada são a desinformação e a negação. A infertilidade mexe muito com a autoestima, muitos casais têm esperança que no ciclo menstrual seguinte consigam a gravidez. Quando não conseguem, esperam o próximo ciclo, depois o próximo…”, explica o Dr. Rodrigo Rosa, especialista em Reprodução Humana e sócio-fundador e diretor clínico da clínica Mater Prime, em São Paulo.
Segundo o especialista, muitas vezes esses casais também são mal orientados por ginecologistas ou urologistas gerais, que não fazem os exames básicos ou dão falsas informações de que “está tudo bem, é só ansiedade” ou então que “é uma questão de tempo”, ou pior que “podem esperar até 40 anos para engravidar”. As dicas de pessoas leigas também acabam atrapalhando e atrasando a busca pela ajuda médica especializada. “É interessante pontuar que, em muitos casos, os casais também têm medo do diagnóstico. Para eles, é assustador ouvir do médico que eles têm dificuldade para engravidar e vão precisar de ajuda. Isso faz com que muitos fujam das clínicas de reprodução assistida, justamente porque têm uma dificuldade de aceitação do diagnóstico”, comenta o Dr. Rodrigo Rosa.
A orientação é de procurar um médico especialista quando o casal está tentando engravidar sem sucesso há um ano. Em mulheres acima dos 35 anos, o recomendado é buscar ajuda médica após seis meses de tentativa sem sucesso. “Isso por que a idade da mulher é o principal fator prognóstico de gravidez. O tempo é implacável não só na quantidade de óvulos, mas também na qualidade deles. Essa queda da fertilidade acontece a partir dos 30 anos, mas a partir dos 35 anos é uma queda muito mais acentuada, sendo que a incidência de infertilidade conjugal acomete um em cada sete casais com faixa etária por volta dos 35 anos. E passa a ser de um a cada dois casais aos 41 anos de idade. Então realmente é uma incidência que sobe exponencialmente a partir dos 35 anos”, enfatiza o especialista.
Lidar com a multiplicidade de decisões médicas e as incertezas que a infertilidade traz pode criar uma grande agitação emocional para a maioria dos casais. “Mas a orientação especializada consegue minimizar esses impactos, dando espaço à esperança, com o tratamento, e à felicidade, com a concepção – quando ela é conquistada”, finaliza.
Fonte: DR. RODRIGO ROSA – Ginecologista obstetra especialista em Reprodução Humana e fundador e diretor clínico da clínica Mater Prime, em São Paulo, e sócio do Mater Lab, laboratório de Reprodução Humana. Membro da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA) e da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH), o médico é graduado pela Escola Paulista de Medicina – Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM). Especialista em reprodução humana, o médico é colaborador do livro “Atlas de Reprodução Humana” da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana. Instagram: @dr.rodrigorosa