Além de criar uma rede de apoio para a mulher, é importante que as pessoas à sua volta não a pressionem.
A cena do filho envolto nos braços da mãe sugando o leite é comovente e faz parte do imaginário da maioria das pessoas quando se fala em bebês. Mas, o que muita gente não se dá conta é que é necessário que haja um processo de aprendizado para chegar a esse ponto. “Nenhum dos dois vêm de fábrica com o chip da amamentação e, por isso, é preciso haver uma adaptação para ambos, o que envolve muita paciência”, diz Francine da Silva Branco, enfermeira obstetra especializada em amamentação e estudante de psicologia. Por essa razão, quanto mais a mulher se mantiver calma, descansada e hidratada e puder se dedicar a aprender como a alimentação através do seio deve acontecer, sabendo que seus familiares a apoiam e estão ali para ajudá-la no que for necessário, inclusive dividindo as tarefas, melhor.
Também é importante que todos tenham consciência de que esse período pode demorar mais do que o imaginado, já que o leite não desce automaticamente após o nascimento, especialmente quando ele foi feito através de uma cesárea, já que durante o trabalho de parto o corpo libera hormônios, como a prolactina e a ocitocina, que levam à produção do líquido. Outro detalhe que faz toda a diferença é a pega, ou seja, a forma como o bebê abocanha o seio. Se ela não for feita da maneira correta, pode levar à dificuldade para a ingestão do leite e a rachaduras nos mamilos. “Nesse caso deve ser aplicada uma pomada à base de lanolina que ajuda a combater o problema e não precisa ser retirada na hora da amamentação. Verifique se a pomada é livre de BHT e outros aditivos”, recomenda Francine. “Passar um pouco do próprio leite sobre a região, esperando secar antes de se vestir, tomar sol sobre ela e não lavá-la exageradamente também é indicado”, acrescenta.
Outra questão para a qual é preciso ficar atento é que quando a produção do líquido é muito grande, aumentam as chances de ele empedrar e desencadear mastite, uma inflamação nas glândulas mamárias. Por isso, é importante que a mãe faça a ordenha, retirando o excesso, que pode ser doado aos bancos de leite que, inclusive, o retiram em domicílio. Já quando há a desconfiança de que a produção é muito pequena, o ideal é procurar um especialista antes de introduzir as fórmulas para que ele avalie se há algo errado e oriente sobre a forma de combater o problema. “Mas, se chegarem à conclusão que após todas as tentativas possíveis a mulher realmente não consegue amamentar, ela não deve se culpar e nem se sentir uma mãe pior por causa disso”, afirma Francine.
Fonte: Francine da Silva Branco, enfermeira obstetra especializada em amamentação e estudante de psicologia.