Nem toda convulsão é epilepsia, entenda os diferentes tipos de crises que afetam cerca de três milhões de brasileiros
Historicamente, a epilepsia carrega uma bagagem de estigmas e preconceitos envolvendo questões sociais e psicológicas. Por isso, o Dia Internacional da Epilepsia (13/1) é celebrado anualmente, com o objetivo de conscientizar a sociedade sobre a doença.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a epilepsia atinge mais de 50 milhões de pessoas no mundo, sendo três milhões no Brasil. A doença neurológica é caracterizada por descargas elétricas anormais, excessivas e recorrentes no cérebro, gerando diferentes crises epiléticas.
Carlos Alberto, médico da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) 24h Zona Leste, localizada em Santos (SP), explica o surgimento de diferentes sintomas da doença. “Podem ocorrer desde crises de ausência até crises convulsivas. Isso porque a epilepsia é causada por um foco que desorganiza as ondas cerebrais, e dependendo do lugar do cérebro em que esse foco é desorganizado, os sintomas mudam”, explica o profissional.
A unidade, que pertence a rede pública de saúde da Prefeitura de Santos, sendo gerenciada pela entidade filantrópica Pró-Saúde, atua como referência para urgências em Clínica Médica, Ortopedia, Pediatria e Odontologia.
Sintomas em crises focais
As crises focais, ou parciais, são aquelas em que apenas uma área do cérebro é afetada. Existem dois tipos delas:
· Simples: pode ser identificada quando não há perda de consciência. Nesse caso, pode causar alterações no cheiro, sabor ou som, movimentos involuntários em áreas específicas do corpo, formigamento e tontura;
· Complexas: caracterizada pela perda de consciência. Essa crise pode causar movimentos repetitivos no paciente, sem que ele consiga responder aos estímulos à sua volta.
Sintomas em crises generalizadas
Essas crises afetam os dois lados do cérebro de forma generalizada. Aqui, pode-se destacar as principais:
· Crise de ausência: o indivíduo parece aéreo – é como se sumisse do ambiente – e pode fazer movimentos sutis com os olhos. Geralmente afeta crianças;
· Crises atônicas: provoca perda de controle muscular, podendo levar a quedas repentinas;
· Crise tônico-clônicas: um dos tipos mais frequentes, junto com a crise de ausência, essa crise é conhecida quando o indivíduo fica se debatendo. Ela pode causar a perda de consciência, rigidez e tremor pelo corpo – convulsão – em alguns casos há a perda de controle da bexiga e língua.
“Vale destacar que apenas um episódio de crise convulsiva não caracteriza a epilepsia. Para diagnosticar a doença é preciso que o paciente passe por pelo menos dois episódios, com intervalo de 24 horas”, ressalta Carlos Alberto.
Ao identificar um episódio de crise, é importante buscar atendimento médico para a correta avaliação, diagnóstico do caso e início do tratamento, que pode ser realizado com medicamentos que evitam as descargas elétricas cerebrais anormais.
O que fazer durante uma crise
Durante um episódio de crise epilética onde a pessoa está se debatendo é importante que o ambiente seja esvaziado, retirando objetos e pessoas que estão próximos a ela.
Em seguida, deite-a de lado e proteja sua cabeça colocando algo macio embaixo, como um travesseiro ou almofada. Após isso, tente afrouxar as roupas do indivíduo e não coloque nada em sua boca, nem segure sua língua, pois isso pode machucá-la ainda mais.
“Atenção às crises que duram mais de cinco minutos e são recorrentes! Elas indicam uma emergência neurológica e, nesses casos, o paciente precisa ser atendido de imediato por profissionais”, alerta o médico da UPA.
Fonte: Carlos Alberto, médico da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) em Santos.