Hemorragias podem ocorrer em regiões sensíveis para a visão, como a retina
As chuvas de verão estão provocando diversos problemas. Além de tragédias como a do litoral norte de São Paulo, as chuvas propiciam a reprodução do mosquito da dengue. Por isso, o aumento dos casos de dengue deve se manter até abril de 2023, dizem especialistas.
No último relatório da Organização Panamericana de Saúde (OPAS) em parceria com a Organização Mundial de Saúde (OMS), publicado em janeiro de 2023, o ano de 2022 foi o terceiro com o maior número de casos de dengue, superado apenas pelos anos de 2016 e 2019.
Com a previsão de um final de verão com muita chuva é preciso ficar atento aos sintomas, que podem ser parecidos com o vírus Sars-CoV.
Problemas oftalmológicos da dengue
Segundo a oftalmologista Dra. Maria Beatriz Guerios, especialista em glaucoma, a dengue pode provocar sintomas oftalmológicos pouco conhecidos da população em geral.
“As manifestações oculares da dengue estão presentes em cerca de 10% dos casos. Por não serem tão prevalentes, podem passar despercebidos pelos pacientes e até mesmo pelos profissionais da saúde. Além disso, algumas condições podem aparecer tardiamente, ou seja, depois da fase aguda da dengue”.
Uma das causas de problemas oculares é queda do número de plaquetas que pode resultar em hemorragias. Estas podem ocorrer na conjuntiva ou ainda na região intraocular, como a retina, vítreo e coroide. “Um pouco mais comum, a inflamação do nervo óptico é responsável pela dor ocular, típica da dengue. Essa condição é chamada de neurite óptica”, explica Dra. Maria Beatriz.
Além da dor
Além da dor, a neurite óptica pode causar dificuldades para enxergar, para distinguir cores e distância. A maioria dos casos tende a melhorar juntamente em algumas semanas. A hemorragia na conjuntiva não é grave e desaparece em algumas semanas, sem necessidade de tratamento.
O que preocupa são as hemorragias que ocorrem na parte posterior do olho,
especialmente àquelas que atingem a retina e o vítreo. As manifestações de hemorragias na parte posterior do olho (retina e vítreo) podem variar. Entre as principais estão:
- Flashes de luz
- Manchas escuras na visão
- Aumento importante das moscas volantes (pontinhos pretos que se deslocam com os movimentos oculares)
- Distorção do campo visual
- Perda visual repentina ou que aumenta com o passar das horas
- sombras;
- Embaçamento visual
- Visão avermelhada (a pessoa vê as imagens em tons mais avermelhados)
Apesar da dengue clássica ser mais branda que a dengue hemorrágica, sempre é importante consultar um oftalmologista levando em conta que a dengue pode afetar a visão.
“A avaliação oftalmológica deve ser feita na primeira semana após o diagnóstico para prevenir a evolução das condições mais graves, principalmente àquelas que podem resultar das hemorragias na parte de trás dos olhos”, finaliza Dra. Maria Beatriz.
Fonte: oftalmologista Dra. Maria Beatriz Guerios, especialista em glaucoma.