Março é o mês da conscientização da Endometriose. Mulheres com endometriose não diagnosticada têm dificuldade em engravidar sem técnicas de fertilização in vitro. Sintomas parecidos com cólicas menstruais podem atrasar diagnóstico e aumentar a dificuldade para engravidar.
A endometriose é uma das principais causas de infertilidade feminina. Quando a endometriose não é diagnosticada, as mulheres têm dificuldade em engravidar sem ajuda da técnica de Fertilização In Vitro, segundo estudo do final de 2021 da Universidade de Queensland. “A endometriose é uma doença inflamatória que ocorre quando as células do endométrio, o tecido que reveste a parede interna do útero, em vez de serem eliminadas durante a menstruação, movimentam-se no sentido oposto, caindo no interior do abdômen; ela se relaciona com a fertilidade, porque essas células se espalham pelo aparelho reprodutivo, dificultando desde a fertilização do óvulo até a implantação do embrião”, explica o Dr. Fernando Prado, especialista em Reprodução Humana, Membro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) e diretor clínico da Neo Vita. “E mesmo aquelas que fazem tratamento de fertilidade, quando a endometriose não foi diagnosticada até o início do tratamento, isso resultou em mais ciclos de tentativas e mais dificuldade para ter um bebê”, acrescenta. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), uma em cada 10 mulheres sofre com o problema.
Segundo o Dr. Fernando, a doença não possui uma causa definida, mas está ligada a fatores genéticos e imunológicos e entre os principais sintomas está a dor pélvica intensa, que pode ser confundida com cólicas menstruais. “Essa confusão atrasa o diagnóstico, prejudicando mulheres que querem ter filhos”, explica o médico.
Em muitos casos, as mulheres podem esperar entre 4 e 11 anos antes de serem diagnosticadas com endometriose, e o diagnóstico tardio reduz as chances de sucesso dos tratamentos de fertilidade. “Por outro lado, o estudo mostrou que as mulheres que foram diagnosticadas com endometriose antes do tratamento de fertilidade tiveram os mesmos resultados que aquelas sem a doença”, acrescenta o especialista. “Indicado para vencer a fertilidade em casos como esse, o processo de fertilização in vitro consiste na coleta dos óvulos após indução medicamentosa da ovulação para que sejam fecundados em laboratório e, em seguida, implantados de volta no útero”, explica.
No estudo com 1.322 mulheres, 35% das participantes tiveram endometriose e um terço delas não foram diagnosticadas até depois de iniciarem o tratamento de fertilidade. “As mulheres que foram diagnosticadas tardiamente tinham 4 vezes mais chances de fazer muitos ciclos, às vezes até 36 ciclos de tratamento de fertilidade”, diz.
O ginecologista destaca que é fundamental permanecer altamente vigilante sobre a possibilidade de endometriose entre as mulheres que estão pensando em tratamento de fertilidade, especialmente na presença de dor pélvica grave. Felizmente, a endometriose tem tratamento, que geralmente inclui, além da pílula anticoncepcional, analgésicos, anti-inflamatórios e intervenção cirúrgica. Mas, segundo o médico, o tratamento da endometriose nem sempre é definitivo, atuando apenas no alívio dos sintomas e controle dos focos da doença e os sintomas e a dificuldade de engravidar podem retornar. “Para essa paciente que deseja engravidar e sofre com a doença, o melhor é consultar um médico especialista em reprodução humana, que poderá indicar o melhor tratamento para cada caso de acordo com fatores como idade, histórico de saúde e qualidade dos óvulos”, finaliza.
Fonte: Dr. Fernando Prado – Médico ginecologista, obstetra e especialista em Reprodução Humana. É diretor clínico da Neo Vita e coordenador médico da Embriológica. Doutor pela Universidade Federal de São Paulo e pelo Imperial College London, de Londres – Reino Unido. Possui graduação em Medicina pela Universidade Federal de São Paulo, Membro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) e da Sociedade Europeia de Reprodução Humana (ESHRE). Instagram: @neovita.br