Especialistas falam sobre os cuidados preventivos que podem preservar a audição.
O dia 03 de março é mundialmente lembrado como o Dia Internacional da Audição. Todo ano, a Organização Mundial da Saúde (OMS) elege um tema para engajar a sociedade no assunto e, neste ano, o foco é a inclusão de cuidados com os ouvidos e a audição nos cuidados primários de saúde.
Esta é uma agenda acompanhada de perto pela médica otorrinolaringologista, doutora pela USP, Maura Neves, que chama a atenção para a profilaxia dessa condição: “Perdas de audição são irreversíveis, mas poucas mudanças de hábito já surtem excelentes efeitos e benefícios para a saúde auditiva”.
São simples e fáceis os cuidados preventivos à perda auditiva ou, pelo menos, a descoberta precoce dessa situação tanto em adultos quanto em crianças, como se pode ver na lista de condutas que a Dra. Maura desenvolveu:
- Evitar ambientes barulhentos por muito tempo;
- Utilizar sempre os acessórios de proteção auditiva (EPI) se as atividades profissionais exigirem muita exposição a ruídos intensos;
- Ouvir música em um volume até da metade da capacidade dos aparelhos, principalmente com fones de ouvido;
- Em casos de infecção de ouvido, procurar um otorrinolaringologista e fazer o tratamento indicado. Infecções, especialmente aquelas de repetição, são riscos potenciais de perda auditiva;
- Cuidado com objetos pontiagudos ou cotonetes. Esse tipo de objeto pode empurrar a cera para o tímpano ou até perfurar a membrana timpânica e afetar a audição;
“Se perceber dificuldade em entender, ou grande necessidade em aumentar o volume da televisão, procure um especialista para fazer um exame de audição’, orienta a especialista, lembrando que todas as pessoas podem ser expostas à perda auditiva em algum momento da vida, seja por exposição excessiva a ruídos, uso de remédios, infecções, acidentes, avanço da idade ou causas de origem genética.
Atenção à saúde dos ouvidos desde cedo
Em relação a isso, a Dra. Roberta Pilla, também otorrinolaringologista membro da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial – ABORL-CCF, chama a atenção para a descoberta precoce da menor alteração auditiva em bebês e crianças. “Os pais devem estar atentos pois perdas leves podem ser difíceis de serem percebidas e muitas vezes a criança pode apresentar apenas alterações de comportamento como isolamento, irritabilidade, não responder quando chamada, aumentar o volume da televisão e apresentar atraso para desenvolver a fala”, diz a médica.
Ela reforça que as consequências da perda auditiva na infância são graves e comprometem não só a comunicação da criança, mas todo seu potencial de linguagem e expressão, alfabetização, desempenho escolar e o desenvolvimento emocional e social. Segundo ela, o diagnóstico precoce deve ser realizado já na maternidade, pelo teste da orelhinha (otoemissões acústicas). “A falha no teste leva à necessidade de outros testes auditivos mais específicos”, explica.
No caso de crianças maiores, a médica otorrino pediatra Dra. Carla Falsete sugere aos pais atenção aos seguintes sinais de comportamento que podem indicar algum nível de surdez: o não reconhecimento de vozes familiares pela criança; a não emissão de sons ou sílabas depois dos 6 meses de vida; e a não reação a sons e barulhos do ambiente.
Como medida para estimular a audição dos pequenos, que também está totalmente ligada ao desenvolvimento da linguagem, Dra. Carla aposta no uso da música, principalmente as infantis, cujo vocabulário repetitivo estimula a criança a assimilar e repetir aquele som. “Além disso, é importante lembrarmos que as crianças imitam aquilo que lhes é apresentado, por isso, busque interagir ao máximo com ela durante o seu desenvolvimento. Conversar, contar histórias, cantar e brincar fazem toda a diferença nessa fase!”, recomenda.
4 estágios da perda auditiva
A título de compreensão da evolução de quadros de perda auditiva, a Dra. Maura Neves explica que uma pessoa com audição normal consegue captar sons emitidos em volume abaixo de 25 decibéis (medida de intensidade do som). A partir disso, classifica a perda auditiva nos 4 estágios abaixo:
- Leve: a pessoa percebe sons apenas acima de 30 decibéis;
- Moderada: 50 decibéis
- Severa: 80 decibéis
- Profunda: 100 decibéis
Fonte:
Dra. Maura Neves – Médica Otorrinolaringologista, doutora pela USP
Dra. Roberta Pilla, também Otorrinolaringologista membro da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial – ABORL-CCF
Dra. Carla Falsete Médica Otorrino Pediatra