Março é o Mês de Conscientização sobre a Endometriose; Entenda o que é a Doença que Compromete a Fertilidade

Com sintomas parecidos com cólicas menstruais, o que pode atrasar o diagnóstico, endometriose faz com que mulheres tenham dificuldade para engravidar.

Março é o mês de conscientização sobre a endometriose, uma das principais causas de infertilidade feminina que, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), afeta uma em cada 10 mulheres. Essa é uma doença inflamatória que ocorre quando as células do endométrio, tecido que reveste a parede interna do útero, em vez de serem eliminadas durante a menstruação, movimentam-se no sentido oposto, depositando-se no interior do abdômen. Como essas células se espalham pelo aparelho reprodutivo, dificultando desde a fertilização do óvulo até a implantação do embrião, a fertilidade da mulher com endometriose é comprometida.

Sem causa definida, estando ligada a fatores genéticos e imunológicos, a endometriose tem a dor pélvica intensa como um de seus principais sintomas, que pode ser facilmente confundida com cólicas menstruais. Essa confusão atrasa o diagnóstico, prejudicando mulheres que querem ter filhos. Em muitos casos, as mulheres podem esperar entre 4 e 11 anos antes de serem diagnosticadas com endometriose. E o diagnóstico tardio reduz até mesmo as chances de sucesso dos tratamentos de fertilidade.

Um estudo da Universidade de Queensland apontou que, quando a endometriose não é diagnosticada, as mulheres têm dificuldade em engravidar mesmo com ajuda da técnica de Fertilização In Vitro, que consiste na coleta dos óvulos após indução medicamentosa da ovulação para que sejam fecundados em laboratório e, em seguida, implantados de volta no útero. No estudo, das 1.322 mulheres participantes, 35% tinham endometriose e um terço delas não foram diagnosticadas até depois de iniciarem o tratamento de fertilidade. As mulheres que foram diagnosticadas tardiamente tinham 4 vezes mais chances de fazer muitos ciclos do tratamento de fertilidade, às vezes até 36 ciclos. Por outro lado, esse estudo mostrou que as mulheres que foram diagnosticadas com endometriose antes do tratamento de fertilidade tiveram os mesmos resultados que aquelas sem a doença.

Então, é fundamental permanecer altamente vigilante sobre a possibilidade de endometriose entre as mulheres que estão pensando em realizar tratamentos de fertilidade, especialmente ao notar a presença de dor pélvica grave.

Felizmente, a endometriose tem tratamento, que geralmente inclui, além da pílula anticoncepcional, analgésicos, anti-inflamatórios e intervenção cirúrgica. Mas o tratamento da endometriose nem sempre é definitivo, atuando apenas no alívio dos sintomas e controle dos focos da doença. Logo, os sintomas e a dificuldade para engravidar podem retornar.

Para a paciente que sofre com a doença e deseja engravidar, o melhor é consultar um médico especialista em reprodução humana, que poderá indicar o melhor tratamento para cada caso de acordo com fatores como idade, histórico de saúde e qualidade dos óvulos.

Fonte: Dr. Fernando Prado – Médico ginecologista, obstetra e especialista em Reprodução Humana. É diretor clínico da Neo Vita e coordenador médico da Embriológica. Doutor pela Universidade Federal de São Paulo e pelo Imperial College London, de Londres – Reino Unido. Possui graduação em Medicina pela Universidade Federal de São Paulo, Membro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) e da Sociedade Europeia de Reprodução Humana (ESHRE). Instagram: @neovita.br

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