Considerada uma doença, a obesidade ainda impulsiona outros problemas como diabetes, hipertensão, problemas metabólicos e ortopédicos
Mais de 60% da população brasileira sofre com o excesso de peso, segundo dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS, 2020). Já a pesquisa anual do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), aponta que em média, em 2021, 57,25% dos brasileiros estavam acima do peso; ou seja, 6 em cada 10 pessoas tinham sobrepeso. Porto Velho (RO) foi apontada como a capital com o maior índice de sobrepeso, chegando a 64,41% e São Luís (MA), com o menor índice, de 49,27%. O número de pessoas consideradas obesas, com índice de massa corporal acima de 30, quase dobrou entre 2006 (11,85%) e 2021 (22,35%). A pesquisa ainda detectou que entre os homens a porcentagem média é de 59,9% e entre as mulheres 55%; entre as faixas etárias de 45 a 54, chegava a 64,4%, e entre 55 e 64, era de 64%.
Esses números são preocupantes pois a obesidade é uma doença e um dos principais fatores de risco para impulsionar diabetes, hipertensão, aumento da doença cardiovascular, alguns tipos de câncer e até mesmo problemas ortopédicos e metabólicos. Encarar esse problema de saúde pública é fundamental para se promover mudanças.
Para alterar esse cenário, é preciso entender o que fazer e como levar o processo de emagrecimento. “Não adianta entrar em uma dieta restritiva acreditando em uma perda milagrosa de peso, pois isso só trará frustração por não conseguir, por exemplo, perder os sonhados 10 kg em uma semana. Isso gera um sentimento de culpa e fracasso”, afirma o Dr. Rizzieri Gomes, médico cardiologista e especialista em melhoria da qualidade de vida.
O processo de emagrecimento é longo e complexo, cheio de altos e baixos e apesar de trazer mudanças nítidas, como a perda de peso, as mais importantes são invisíveis. Outro ponto crucial é entender que quando se mudam os hábitos alimentares e o processo de perda de peso se inicia, o metabolismo muda e o apetite também. “Durante esse processo o cérebro tende a interpretar o emagrecimento como uma ameaça à sobrevivência do organismo e aumenta a fome e os impulsos para doces e guloseimas. Então, é preciso lutar contra o impulso de comer doces e fast food”, enfatiza o Dr. Rizzieri.
E para alcançar o objetivo, as pessoas precisam contar com uma dose necessária dos níveis de hormônios como a dopamina e a serotonina, que são responsáveis pela sensação de bem estar e prazer e são liberados no organismo quando são praticadas atividades físicas. O metabolismo é responsável pela quantidade de calorias gastas por dia. “Quem possui o metabolismo acelerado tende a gastar mais calorias e tem mais facilidade em perder peso. Diversos fatores podem contribuir para acelerar o metabolismo e aumentar a produção de massa magra, como exercícios físicos, qualidade do sono, tratamento hormonal, alimentação adequada e a atividade aeróbica que aumenta em 30% o metabolismo. Além disso, alguns alimentos também podem contribuir para a aceleração do metabolismo, como pimenta, gengibre, café, chá e canela”, menciona o médico.
Os benefícios de manter o peso ideal vão muito além do que vemos no espelho. “O emagrecimento traz a redução da pressão arterial causadora de doenças como o AVC e infarto, de gordura no fígado e quando associado com exercícios físicos traz a redução de crises de enxaqueca e o alívio de dores articulares. Além disso, a mudança alimentar pode ajudar na redução de crises alérgicas e na menor utilização de remédios para os diabéticos”, completa o Dr. Rizzieri.
Cinco dicas para adotar hábitos saudáveis e combater a obesidade:
- Tire o foco da perda de peso. Em vez disso, busque saúde e uma vida saudável. Para isso é necessário a adoção de algumas medidas constantes e a perda de peso será uma consequência desses novos hábitos;
- Busque uma alimentação saudável no dia-a-dia, tornando-a um hábito rotineiro;
- Pratique exercício físico regularmente. Não é segredo para ninguém que atividade física pode promover diversos benefícios, inclusive ajudando a regular o peso;
- Busque apoio emocional, pois muitas vezes o excesso de peso ou o ato de comer descontroladamente está associado a algum desequilíbrio emocional. A pessoa busca na comida um conforto (quem nunca ouviu falar do termo Confort Food?);
- Crie metas plausíveis de serem cumpridas, pois a frustração de não conseguir cumprir as metas traçadas poderá impedir a pessoa de seguir com o planejamento. É importante fazer planos de longo prazo, pensando no envelhecimento saudável.
“A busca da mudança do estilo de vida é uma trajetória. Lembre-se de onde você está e onde você pode chegar. Isso é o reflexo das mudanças que você pode fazer por você e pela sua vida. A saúde é algo que você não consegue mensurar, nós só percebemos quando a doença bate à nossa porta. Quanto mais eu cuido da minha saúde, quanto mais exercício eu pratico, quanto mais eu cuido da alimentação, menor o risco de doenças e, consequentemente, da utilização de medicamentos”, informa.
Fonte: Dr Rizzieri Gomes – É médico, focado na melhoria da qualidade de vida de seus pacientes, como ele mesmo define: tratar de saúde em vez de doenças. Foi o responsável pela implantação do protocolo de dor torácica no Hospital Check Up, de Manaus e por transformar a maneira como o infarto agudo do miocárdio é tratado na cidade, reduzindo a mortalidade por infarto agudo.