Dentre as diversas datas anuais de celebração às mulheres, temos uma extremamente representativa e simbólica, mas ainda carente de mais propagação.
Todo 28 de maio carrega consigo não uma, mas duas formas de comemoração e alerta social: o Dia Internacional de Luta Pela Saúde da Mulher e o Dia Nacional de Redução da Mortalidade Materna. Os objetivos são chamar a atenção da sociedade e das autoridades que representam os poderes públicos para esse grave problema de saúde e alertar (e conscientizar) a população sobre a saúde da mulher.
A mortalidade materna é definida como o óbito durante a gravidez ou até 42 dias de pós-parto (o período conhecido como puerpério) devido a qualquer causa relacionada ou agravada pela gestação e/ou por medidas tomadas em relação a ela. Porém, não está associada a causas acidentais ou incidentais, sendo um importante marcador da qualidade de vida da população.
De acordo com boletim divulgado pela ONU (Organização das Nações Unidas), em 2020, cerca de 830 mulheres morrem todos os dias no mundo por complicações dessa natureza. Isso representaria uma fatalidade a cada dois minutos, número ainda pior nos últimos anos, durante a pandemia, ainda não contabilizado pelo levantamento. No Brasil, as altas taxas se configuram em grave problema de saúde pública, atingindo desigualmente nossas Regiões, com maior prevalência entre mulheres das classes sociais com menor ingresso e acesso aos bens sociais.
Havia uma meta firmada, em 1990, para que o Brasil reduzisse para 35 o número de mortes maternas por ano a cada 100.000 nascidos vivos até 2015. Houve uma melhora significativa, passando de 143 para 60, mas ainda muito aquém do alvo estabelecido.
A partir de 2015, a ONU estabeleceu os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável que devem ser atingidos por todos os países até 2030 e, dentro da meta número 3, está contemplada a redução da mortalidade materna.
Especificamente para nosso país, será preciso reduzir para 30. Quando analisamos dados nacionais mais atuais, verificamos que, em 2019, antes da Covid-19, a razão de mortalidade materna foi de 57, subindo para 67 em 2020 e saltando para 107 em 2021, ano mais intenso da pandemia. Por si só, esses números são extremamente alarmantes, e ficam ainda mais assustadores quando pontuamos que a maioria dessas mortes é evitável.
Significa dizer que podemos reduzir em muito tais óbitos por meio de medidas como organização do sistema de saúde, estruturação e hierarquização da rede de assistência, capacitação dos profissionais de saúde, conscientização da população sobre a importância do planejamento familiar e da realização de pré-natal regular, além da oferta e disponibilização de métodos de planejamento reprodutivo para todas as mulheres que desejarem.
As principais causas no Brasil são hemorragia (principalmente após o parto), hipertensão arterial (pré-eclâmpsia e suas complicações) e infecções, originadas na gestação, no pós-parto e a partir de procedimentos inseguros de aborto.
Para essas causas, uma assistência pré-natal adequada, com o diagnóstico precoce de situações de risco e encaminhamento para centros de referência em gestações de alto risco, assim como a pronta identificação e tratamento da hemorragia pós-parto, das infecções e da pré-eclâmpsia com critérios de gravidade, podem impactar de forma bastante significativa e positiva nos desfechos da gestação.
Se você é gestante, procure por informações sobre situações agravantes da gestação e esclareça com seu obstetra suas dúvidas e questionamentos. Agora, se pretende engravidar, é de fundamental importância que seja feita uma consulta antes, pré-concepcional, para receber diversas orientações e também sanar dúvidas. Vamos, juntos, lutar por uma melhor assistência à saúde para todas as mulheres e, dessa forma, reduzir as mortes maternas no nosso país!
Fonte: Prof. Dr. Elton Carlos Ferreira (CRM-SP 129.211/ RQE 39.793), médico Ginecologista e Obstetra, com atuação em gestação de alto risco, do Vera Cruz Hospital – Vera Cruz Hospital é reconhecido pela qualidade de seus serviços, capacidade tecnológica, equipe de médicos renomados e por oferecer um atendimento humano que valoriza a vida em primeiro lugar. A unidade dispõe de 166 leitos distribuídos em diferentes unidades de internação, em acomodação individual (apartamento) ou coletiva (dois leitos), UTIs e maternidade, e ainda conta com setores de Quimioterapia, Hemodinâmica, Radiologia (incluindo tomografia, ressonância magnética, densitometria óssea, ultrassonografia e raio x), e laboratório com o selo de qualidade Fleury Medicina e Saúde.