“Infelizmente muitas pessoas ainda são iludidas por este procedimento criminoso que é realizado por pessoas inescrupulosas”, afirma Dr. Luiz Haroldo Pereira sobre o silicone industrial, material ilegal e fatal que deixou a modelo mais de 100 dias internada
A ditadura da beleza segue fazendo vítimas. Na última quarta-feira (31), Lygia Fazio, jornalista ex-assistente de Marcos Mion, com apenas 40 anos, entrou para a estatística de mulheres que morreram por complicações devido a aplicação de silicone industrial. De acordo com Dr. Luiz Haroldo Pereira, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, casos como este se devem a uma perigosa combinação de sociedades médicas clandestinas, pacientes desinformados, a ânsia por um corpo impecável, entre outros fatores:
“É necessária muita cautela e paciência na decisão de se submeter a um procedimento estético ou o sonho pode virar pesadelo. Toda cirurgia tem uma possibilidade pequena de insucesso, mas o problema é que tem muitos falsos cirurgiões plásticos despreparados e sem título de especialista realizando estas cirurgias. Recebo muitos pacientes com complicações de lipoaspiração e de gluteoplastia. Uns 30% dos meus pacientes são de correção de complicações.”
Silicone Industrial é proibido no Brasil
Além dos diversos níveis de informação expostos diariamente, existe um fato irrefutável sobre o uso de silicone industrial: de acordo com o Código Penal, a aplicação em pessoas é uma prática ilegal e constitui um crime contra a saúde pública, previsto como exercício ilegal da medicina, curandeirismo e lesão corporal.
Dr. Luiz Haroldo, alerta para os riscos dessas substâncias para a saúde do paciente: “São produtos que, quando injetados no corpo humano, não se tem controle sobre eles. É um grande erro que pessoas mal orientadas apliquem este tipo de tratamento. Para piorar, são realizados em locais inapropriados aumentando ainda mais os perigos à saúde.”
“Infelizmente muitas pessoas ainda são iludidas por este procedimento criminoso que é realizado por pessoas inescrupulosas que injetam produtos como silicone industrial e, na maioria das vezes, em forma de gluteoplastia”, alerta o médico.
Com mais de 40 anos de experiência, o cirurgião explica que os problemas por conta de produtos como silicone industrial, podem ser locais ou até mesmo sistêmicos. “Locais são quando vemos endurecimento, eritema, infecção, alergia e migração deste produto, pois o silicone é um produto que migra por ação da gravidade ou por pressão sobre a área injetada. Também temos as complicações sistêmicas que são infecções locais graves ou mesmo a morte por injeção num vaso sanguíneo, levando a um caso de embolia pulmonar”.
No caso de Lygia, a modelo passou cerca de 100 dias internada, e recentemente havia sofrido um AVC.
Dr. Haroldo recrimina a banalização da cirurgia plástica e a busca por padrões de beleza a todo custo: “A cirurgia plástica não é uma mercadoria, ela é uma prática médica, com todos os riscos e todos os benefícios. Na bioplastia não existe processo correto, apenas ilusão de que terá um resultado fantástico e profissionais negligentes. A finalidade do silicone industrial é limpar carros e pneus. Ser usado em pessoas é crime”.
Cirurgia de retirada não é fácil
O médico conta ainda que a cirurgia de correção das complicações são delicadas: “Temos que aspirar esses produtos, retirar pedaços, tecidos comprometidos, e corrigir com enxerto de gordura e ou implante glúteo. Na lipoaspiração o tecido retirado é amarelo devido a cor da gordura e na aspiração da bioplastia vem sangue, gordura e silicone líquido em pequenos grumos ou pedaços. E nunca conseguimos retirar tudo, pois estes produtos se infiltram na musculatura causando endurecimento, tendo que muitas vezes, fazer cicatrizes imensas.”
Por isso, antes de se submeter a qualquer procedimento estético, é essencial verificar se o material que será utilizado tem registro na Anvisa, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária. “A dica para quem quer um glúteo bonito é: procure um verdadeiro cirurgião plástico que faça enxerto de gordura, prótese de silicone ou associação das duas técnicas”, finaliza Dr. Luiz Haroldo.
Fonte: Dr. Luiz Haroldo Pereira, que atende em Copacabana, no Rio de Janeiro, é referência em cirurgia corporal e facial no Brasil. O médico já foi presidente regional da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) do Rio Janeiro, participou da banca de exames para título de especialista em cirurgia plástica durante 12 anos e, desde 2006, é membro da comissão de avaliação para médicos que desejam se torna titulares da SBCP, capacitados para realizar as cirurgias de abdominoplastia, lipoaspiração, implantes de silicone e outros procedimentos