19 de junho Dia Nacional do Luto

Psiquiatra explica processo

Para Dra. Jéssica Martani, médica psiquiatra, o luto é um processo de angústia resultado de um vazio em nossa vida deixado pela ausência do ente querido e na pratica é a transição de preencher esse vazio encontrando um novo sentido para a própria vida. “Porém, muitas vezes pode acontecer da pessoa não conseguir elaborar o luto, prejudicando sua vida e quando isso ocorre, podemos começar a pensar que pode ser um luto patológico”, alerta.


Na medicina, designamos como o transtorno do luto complexo persistente e neste caso, o diagnóstico desse tipo de transtorno é feito somente quando persistem níveis graves de resposta ao luto por, pelo menos, 12 meses após a morte, interferindo na capacidade do indivíduo de funcionar.
 

Neles ocorrem as seguintes características, que ocorrem com frequência quase que diária: 

– saudade persistente do falecido com presença de crises de choro;

– preocupação com o falecido ou pensamentos sobre a maneira como a pessoa morreu;

– dificuldade de acreditar que o individuo faleceu;

– raiva com relação à perda;

– evitar o excesso de lembranças;

– sensação de isolamento;

– relatos de tão grande que sente que uma parte de si morreu ou foi perdida;

– dificuldade de ter prazeres e de planejar o futuro;

– acreditar que a vida não tem sentido ou propósito sem o falecido;

– relato do desejo de morrer porque sentem necessidade estar com o falecido. 

A médica fala que todos esses sintomas são de alerta, e na percepção e prática clinica, ela relata que o encaminhamento para a psicoterapia deve ser feito o quanto antes para a elaboração do luto. “Caso os sintomas sejam graves a ponto de atrapalhar a funcionalidade eu já oriento inicio de intervenção médica na psiquiatria”, afirma.


Na verdade, para a especialista, não existe um tempo certo para superar a perda de alguém, isso depende de cada pessoa, do modo como ela enfrenta e aceita a situação. “Para alguns pode demorar meses, para outros, anos”, diz.


À medida que ocorre a elaboração do luto e o apego diminuem, e os enlutados vão se reorganizando em torno do reconhecimento de que a pessoa perdida não vai voltar, além de sedimentar a perda, a pessoa em luto também encontra formas psicológicas e simbólicas de manter muito viva a lembrança da pessoa falecida. “O trabalho de luto possibilita que o sobrevivente redefina sua relação com a pessoa morta e forme novos laços duradouros”, finaliza Dra. Jéssica.

Fonte: Dra. Jéssica Martani – Medica psiquiatra, observership em neurociências pela Universidade de Columbia em Nova Iorque – EUA, graduada pela Universidade Cidade de São Paulo com residência médica em psiquiatria pela Secretaria Municipal de São Paulo e pós graduação em psiquiatria pelo Instituto Superior de Medicina e em endocrinologia pela CEMBRAP.

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