Agosto é o mês que celebra a amamentação e inicia com a Semana Mundial do Aleitamento Materno (1 a 7 de agosto).
Foto: arquivo pessoal. Flavia Flores e seu filho Lyon
A ação que, desde 1992, promove o movimento pelos direitos da mulher de amamentar de forma segura e saudável, debate e encoraja a participação da sociedade, de profissionais da saúde e da educação nessa iniciativa liderada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), com o apoio do UNICEF, que, neste 2023, tem como tema amamentação e trabalho.
Quando se fala em amamentação, o foco é o bem-estar do bebê, uma vez que pesquisas apontam que o aleitamento materno reduz em 13% a mortalidade até os cinco anos de idade, evita diarreias, diminui o risco de alergias, além de garantir melhor nutrição. Contudo o aleitamento também promove benefícios para a mãe pois diminui o risco de desenvolver câncer de mama e ainda pode ajudar no pós-parto.
- Mas e quando essa mãe descobre um tumor no seio?
Para falar sobre essa questão, trago a história de duas recém-mamães acometidas por câncer de mama e, para falar sobre o impacto psicológico na vida dessas mulheres e a importância da conexão com seus filhos, indico a psiquiatra Giuliana Cividanes, da Santa Casa de São Paulo.
De acordo com a médica, o aleitamento fortalece o vínculo afetivo entre a mãe e o bebê, diminui os riscos de a mulher desenvolver depressão, além de ser um ato de amor e carinho que traz contentamento e aumenta a autoestima.
- Flavia Flores
A ex-modelo não pôde amamentar o filho Lyon em virtude de uma mastectomia dupla. Flavia teve um câncer de mama em outubro de 2012 (tinha 42 anos) e, hoje, dez anos desde o diagnóstico, comemora também os quatro anos do filho, que nasceu depois do tratamento oncológico, fruto de uma gravidez natural. Flavia lembra que a primeira pergunta que as pessoas faziam, quando contava que estava grávida, era como ela iria amamentar o filho, uma vez que não tinha as mamas e sentia dores nos seios.
“Teoricamente não era para eu sentir dores nos seios durante a gravidez – porque eu não tenho seios – mas eu senti! Nas primeiras semanas, antes de saber que estava grávida, senti os seios sensíveis e achei que doíam por causa de uma massagem que eu havia feito. Meus seios não aumentaram de tamanho como acontece com todas as grávidas, mas eu os sentia grandes”, relata Flavia. “Amamentar é muito importante, mas o alimento que o meu filho recebeu foi um leite de formulação e muito amor. Na época, eu pensei: não é por não produzir leite que Lyon vai se privar daquele momento mamãe e bebê. Eu esquentava uma mamadeira, sentávamos juntinhos perto da janela, eu cantava para ele e a gente curtia muito esse momento. O importante é se conectar nesse tempo só nosso, sem celular por perto, sem estresse e com muitos beijinhos”, finaliza Flavia, fundadora do Instituto Quimioterapia e Beleza.
- Marília Biscuola
Aos 31 anos, enquanto planejava a gravidez, Marília descobriu um câncer de mama estágio 1. Por recomendação médica, adiou a vinda do primeiro filho para iniciar o tratamento, que contou com cirurgia, radioterapia e hormonioterapia, cuja parte mais intensa durou 4 meses e incluiu a realização de uma quadrantectomia unilateral, ou seja, a retirada parcial de uma das mamas.
Aos 33 anos, Marília decidiu, com orientação médica, engravidar e não se preocupou com o aleitamento materno durante a gestação pois sabia da existência de fórmulas para a alimentação do bebê. “Só fui atentar ao tema quando comecei a ler mais sobre a importância do aleitamento materno, período em que também foi crescendo a vontade de amamentar”, conta Marília. “Desde que engravidei, passei a ouvir e entender os benefícios da amamentação e decidi que faria o possível para amamentar a minha filha, ainda que fosse somente com uma mama e complementação com fórmula. “No primeiro ano, amamentei com meu leite complementado com fórmula e, nesse período, suspendi o uso de um medicamento oncológico para não interferir no leite, sem prejuízo para o meu tratamento. Foi muito importante esse momento da amamentação pois não se trata somente de nutrição. É afeto e conexão entre mãe e filha, por isso fico muito feliz por ter amamentado, ainda que parcialmente”, finaliza. Hoje Marília é mãe de uma menina de 1 ano e 7 meses.
Fonte: Psiquiatra Giuliana Cividanes, da Santa Casa de São Paulo.