Professora da Uniavan dá dicas sobre como a alimentação pode auxiliar as famílias, reforça os benefícios do leite materno e explica mitos e verdades
Ato de amor, troca de carinho e doação. Para as mães, a amamentação vai muito além do conceito científico. Para reforçar a importância da nutrição através do leite materno, agosto ganha a cor dourada e ações de incentivo. Com objetivo de levar mais esclarecimento às famílias que passam ou irão passar pela fase de amamentação, a professora especialista em nutrição materno-infantil da Univan, Raquel Engel, esclarece as 10 principais dúvidas e dá dicas de que forma a alimentação pode auxiliar nesse período:
1- Quais são os principais benefícios da amamentação para o bebê?
Além de garantir o crescimento e desenvolvimento adequado, estudos mostram que bebês que receberam aleitamento materno exclusivo até sexto mês possuem maior desenvolvimento cognitivo, maior QI, melhor acuidade visual (nitidez de visão) e habilidades motoras. Contribui ainda para o desenvolvimento gastrointestinal e sistema de defesa do lactente. Além disso, é um fator de proteção para diarreia, otite (infecção que atinge a região do ouvido), desenvolvimento de alergias alimentares, doenças alérgicas como asma.
2- A amamentação também oferece benefícios para as mulheres?
O aleitamento materno contribui para a involução uterina, para a mobilização das reservas de gorduras, é considerado um fator de proteção para câncer de mama e ovário, diabetes tipo 2, osteoporose, diminui ansiedade e depressão. Para as famílias, de modo geral, possui menor custo, se comparado às fórmulas infantis.
3 – Quais são os nutrientes essenciais que a mulher precisa consumir durante a amamentação para garantir a sua saúde e a saúde do bebê? E esses nutrientes podem ser encontrados em quais alimentos?
As necessidades nutricionais estão aumentadas durante a lactação. Mas, diferente da gestação, nesse período não temos nutrientes específicos que precisam ser suplementados. Recomenda-se que a mãe tenha uma alimentação variada, composta basicamente por produtos naturais e minimamente processados. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que a ingestão entre 200mg e 600mg de ácidos graxos essenciais pelas gestantes e lactantes, seja na forma de alimentos fonte, como peixes de águas frias. Outros estudos indicam que micronutrientes como ferro, zinco, folato (vitamina B9), vitamina B12 e vitamina A, devem ser dosados no pós-parto e, em caso de necessidade, suplementados ou ajustados via alimentação, de acordo com orientação médica. As principais fontes alimentares dos micronutrientes citados são: carnes vermelhas, fígado, espinafre, para o ferro; frutos do mar, carne, amêndoas e grão de bico, para o zinco; feijões e vegetais verdes escuros para o folato ou vitamina B9; fígado, carnes, sardinha, iogurte e leite, para a vitamina B12; e ovos, fígado, leite e derivados, para a vitamina A. No entanto, não é recomendado que a mãe consuma polivitamínicos sem orientação de um profissional, pois alguns micronutrientes quando consumidos em doses excessivas podem causar toxicidade e não serem seguros na lactação.
4- Há alimentos que ajudam na produção de leite? Se sim, quais?
A produção de leite se dá pela sucção, sendo assim, quanto mais o bebê suga, maior a produção. Alguns alimentos como canjica, gema de ovo até cerveja preta fazem parte da crendice popular e algumas pessoas consomem acreditando que aumentam a produção de leite, no entanto não passam de mitos passados de geração para geração. Cabe ressaltar que é muito comum a mãe sentir uma diminuição no volume das mamas por volta do terceiro mês de vida do bebê. Nesse período, o corpo adapta a produção de leite de acordo com a demanda (necessidade) da criança. Esse fato muitas vezes preocupa as mães e algumas chegam a acreditar que sua produção de leite diminuiu.
5- Qual é a importância da hidratação adequada durante a amamentação e quanto de água a mulher deve beber diariamente?
A ingestão adequada de água é fundamental para lactação. A recomendação, segundo o Institute of Medicine (IOM), é de no mínimo 3,8 litros ao dia. Entretanto, algumas mulheres podem ingerir até 6 litros ao dia. A dica para manter-se hidratada é sempre que for amamentar ter uma garrafa de água do lado.
6- Durante o período de amamentação, a mulher precisa aumentar o seu consumo de calorias ingeridas por refeição?
A demanda energética aumenta, mas muito mais que calorias, precisamos falar em alimentos, especialmente a qualidade nutricional deles. Uma alimentação variada com todos os grupos alimentares (cereais, frutas, verduras, legumes, proteínas, leguminosas), com alimentos in natura ou minimamente processados, deve ser a base da alimentação não só da lactante, mas de toda a família. É fundamental evitar o consumo excessivo de alimentos processados e ultraprocessados.
7- Existem alimentos específicos que uma mulher deve evitar durante a amamentação?
Nenhum alimento deve ser evitado durante a amamentação, exceto para as mães de bebês que possuem alguma condição clínica especifica, como por exemplo APLV (alergia à proteína do leite de vaca). Nesses casos, recomenda-se que a mãe busque o profissional nutricionista para realizar os ajustes necessários na alimentação. Porém, vale reforçar que o consumo de bebidas alcoólicas e cigarro (ou qualquer outra droga) deve ser evitado. Outra ressalva importante diz respeito à cafeína pela mãe, já que alguns bebês se mostram extremamente sensíveis e podem apresentar irritabilidade, agitação e insônia ou dificuldade para dormir. Sendo assim, recomenda-se que a mãe consuma no máximo uma xícara de café ao dia, ou opte pela versão descafeinada. Lembrando que outros alimentos possuem cafeína também como o chimarrão, refrigerantes, chá preto e chocolate.
8- Quais são os sinais de que o bebê está recebendo uma nutrição adequada durante a amamentação?
Os sinais são desenvolvimento e crescimento adequado. Isso inclui ganho de peso e estatura dentro do recomendado para a idade. Além da aquisição dos marcos de desenvolvimento para a idade, que são feitos durante o acompanhamento ao médico pediatra.
9- A alimentação da mãe pode causar cólica no bebê?
Não! Isso é um grande mito. A cólica ocorre devido a imaturidade gastrointestinal do lactente, que normalmente se normaliza após o terceiro mês. Algumas medidas não farmacológicas podem auxiliar a aliviar esse desconforto, como por exemplo o uso do sling, banho de balde, prática da higiene natural, método canguru com pai ou outro cuidador que não seja a mãe. Contudo, a observação atenta da mãe para o seu dia, sua alimentação e as reações do bebê são fundamentais. Sempre deve ser relatado para o profissional que acompanha a família.
10- É possível amamentar mesmo quando a mulher possui restrições alimentares, como alergias ou intolerâncias?
Sim, é possível. Tanto se a mãe possui alergias ou intolerância, quanto o bebê. Recomenda-se que a mãe busque um profissional nutricionista para que juntos possam elaborar um plano alimentar considerando as suas necessidades especificas.
Fonte: Professora Especialista em Nutrição Materno-infantil da Univan, Raquel Engel