Escrito pela jornalista Paola Guaraná, “Eu era uma mãe perfeita…até me tornar uma: diário de uma maternidade real” quer ajudar tantas outras mães que, como ela, foram pegas de surpresa com os desafios de ser mãe
Criada por pais amorosos em um ambiente alegre e dividindo os preciosos momentos da infância e da adolescência com irmãos que sempre foram as melhores companhias, a jornalista, escritora e idealizadora do podcast “A mãe tá off”, Paola Guaraná, estabeleceu, desde muito cedo, como meta de vida construir uma família. “Minha vida esteve desenhada na minha cabeça desde sempre. Três crianças pequenas, de banho tomado, cabelos penteados, sentadas pelo chão da sala, assistindo ao desenho e esperando o papai chegar do trabalho. Pijamas de dinossauro, astronauta e estrelinhas”, conta.
Paola realmente teve três filhos, mas todo o resto não aconteceu como planejado. “A cena deles sentados, calminhos e comportados no chão da sala é tão rara quanto calçarem os sapatos na primeira vez que peço”, brinca. O cenário idílico construído antes de virar mãe pouco a pouco foi substituído pela maternidade concreta, em que “delícias óbvias e o amor surreal” se misturam com “medos, angústias e dores (físicas e emocionais)”. “A maternidade pode ser assustadora, mas ninguém avisa”, diz. Com o objetivo de ser este aviso, abordando o assunto sem romantizações, Paola escreveu o livro “Eu era uma mãe perfeita…até me tornar uma: diário de uma maternidade real”, lançado pela Editora Labrador.
O livro é uma consequência natural do amor de Paola pela escrita. Desde jovem, mesmo antes de cursar a faculdade de jornalismo, ela adorava transformar sentimentos e ideias em palavras no seu caderno roxo de capa dura que repousava em sua mesa de cabeceira. “Foram textos sobre amor, família, separação e incontáveis, cartas”, relata. Quando ela se tornou mãe, suas anotações se tornaram monotemáticas, como ela gosta de destacar, focando em dúvidas, angústias, medos e alegrias sobre a maternidade.
Para ajudar tantas outras mães que, como ela, talvez tenham sido pegas de surpresa com a “maternidade real”, Paola decidiu compartilhar seu caderno. “Que eu possa ser, em forma de livro, sua companheira nessa jornada tão exaustiva e gratificante. Estamos juntas!”, diz na introdução da obra. Ao entrar nesse universo, onde sentimentos conflitantes como alegria e tristeza e prazer e culpa se chocam de modo constante, os leitores são apresentados, logo de cara, às angústias de Paola perante uma gravidez tão esperada, mas que chegou alguns anos antes. E descobrem como a jornalista e escritora superou preconceitos e um sentimento de vergonha para construir a família (feliz) que tem hoje.
Relembrando os prazeres e desafios de sua primeira gravidez, logo nos primeiros capítulos da obra, a autora escreve breves cartas às mães e aos pais de primeira viagem, relatando a eles sobre o que esperar desse momento tão importante que é o nascimento do primeiro filho. Paola tenta mostrar em poucas linhas como é a maternidade real, o que ela mesma não conseguiu captar ao ler livros e acompanhar grávidas em postagens de Instagram durante a sua primeira incursão no mundo da maternidade.
Com esse intuito, Paola fala sem “papas na língua” de seus partos – dor, vômito e xixi fizeram parte do cenário – e relata as agruras enfrentadas pelas mães durante o puerpério. Diante das dificuldades relacionadas à amamentação, da falta de sono, da saudade da vida antiga, da tristeza e do desespero por achar que não vai conseguir dar conta de todas as tarefas, a autora pede para que as mães aguentem firme, pois o amor que sentem pelos filhos é maior que tudo. “Daqui uns três ou quatro meses, nos encontraremos e, se Deus quiser, falaremos de todos esses perrengues com um sorriso no rosto”, relata.
Fazendo uma espécie de comparação entre a vida que levava antes e depois de se tornar mãe, Paola aborda ainda temas como mudanças no corpo e no comportamento causadas pela gravidez e pela maternidade; a busca pelo equilíbrio entre a mãe e a mulher; e a aceitação do próprio corpo, que traz a história de uma mulher que também é mãe. “Meu corpo me representa”, diz em um dos capítulos.
Os desafios da relação conjugal e com amigos após se tornar mãe e o desejo e a necessidade de períodos de folga dos filhos para reabastecer a energia despendida em dias tão exaustivos também são tratados na obra pela autora. Embora enfatize que esse intervalo precise ser curto para não “matar” a mãe de saudades. Nesse sentido, Paola ressalta a importância da rede de apoio e da amizade na maternidade, como o objetivo de ajudar a dividir tarefas e tornar mais leve o fardo que muitas vezes a mãe precisa carregar.
Fonte: Paola Guaraná – Formada em jornalismo e “pós-graduada em maternidade”, é assim que se define Paola Guaraná, mãe de três crianças pequenas. Desde sempre apaixonada por escrita, foi após o nascimento do primeiro filho que realmente percebeu o poder das palavras. Por meio de relatos sobre a sua rotina com as crianças, conectou-se com outras mulheres que compartilhavam entre si as novidades e os desafios da maternidade.