Especialista em saúde vascular desmistifica conceitos equivocados sobre as varizes e destaca a necessidade de informações verdadeiras a respeito do tema
A prática de musculação e o salto alto estão sempre no centro das polêmicas sobre as causas das varizes. Essas veias dilatadas e tortuosas nas pernas, que afetam 38% da população brasileira – de acordo com a Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV) -, podem causar desconforto e preocupação estética, levando muitos a buscar informações e soluções para o seu tratamento.
Mas no mundo vascular, uma teia de “mitos e verdades” prevalece, podendo induzir as pessoas a evitar a busca pelo tratamento adequado. Isso ocorre devido às informações equivocadas prontamente disponíveis na internet, as quais podem conduzir a decisões inadequadas em relação à saúde vascular.
Para desvendar as dúvidas que cercam o universo das varizes, contamos com a expertise da Dra. Helen Pessoni, médica especialista em Cirurgia Vascular e Endovascular, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV) com certificação pela Associação Médica Brasileira (AMB).
Mito 1: A musculação causa varizes.
“A musculação, quando praticada adequadamente, pode, na verdade, contribuir para a prevenção de varizes”, ela explica. “O exercício regular fortalece os músculos das pernas, principalmente a musculatura que compõe a panturrilha, capaz de impulsionar 60% a mais de sangue durante a atividade física, e auxilia o bombeamento de sangue de volta ao coração, desempenhando um papel fundamental na redução do risco de desenvolvimento de varizes.”
No entanto, é importante realizar os exercícios com a técnica adequada. Se as varizes já estiverem presentes, é aconselhável buscar a orientação de um médico para orientações específicas.
Mito 2: Usar salto alto causa varizes nas pernas.
Embora o uso frequente de saltos altos possa causar desconforto nas pernas, não é diretamente responsável pelo desenvolvimento de varizes. “As varizes têm causas multifatoriais, incluindo predisposição genética, idade, obesidade e estilo de vida”, a especialista explica.
O uso frequente de saltos pode agravar a situação quando há predisposição, pois qualquer elemento que dificulte a contração adequada da musculatura da panturrilha pode contribuir para a sobrecarga nas veias dos membros inferiores. Apesar disso, é importante destacar que o uso constante de saltos não é um fator de risco primário para o surgimento dessa condição, embora possa contribuir para o desconforto.
Mito 3: Varizes são apenas um problema estético.
“As varizes são muito mais do que uma questão de aparência,” afirma a Dra. Pessoni. “Embora a preocupação estética seja legítima, as varizes podem causar dor, inchaço, coceira, alterações da coloração da pele e sensação de peso nas pernas. Além disso, em casos mais graves, podem levar a complicações como úlceras venosas e trombose venosa profunda.”
Mito 4: Varizes afetam apenas idosos.
Segundo a Dra. Helen Pessoni, essa é uma crença equivocada. “Varizes podem afetar pessoas de todas as idades. No entanto, a incidência aumenta com a idade, podendo acometer até 70% da população acima de 70 anos e também é influenciada por fatores genéticos e estilo de vida.”
Verdade 1: Exercícios físicos podem aliviar os sintomas das varizes.
“Exercícios físicos, como caminhar e nadar, podem melhorar a circulação sanguínea e aliviar os sintomas das varizes, e mesmo a realização da musculação não é hoje considerada um problema, desde que seja realizada com orientação profissional, sem sobrecarga. É importante escolher atividades de baixo impacto e evitar exercícios que coloquem muita pressão nas pernas, como levantamento excessivo de peso.”
Verdade 2: Qualquer pessoa, independente do gênero, pode ter varizes.
“Embora seja mais frequente em mulheres, com uma incidência de 50% no Brasil, os homens não estão isentos do desenvolvimento de varizes”, enfatiza a Dra. Helen Pessoni. “Os fatores de risco, como idade e predisposição genética, afetam ambos os sexos.”
Verdade 3: A gravidez pode aumentar o risco de varizes.
“A gravidez exerce pressão adicional nas veias, pelo aumento do volume uterino com compressão da drenagem venosa, além do aumento dos níveis hormonais de progesterona e estrogênio que levam à dilatação da parede venosa, o que pode aumentar o risco de desenvolver varizes,” explica a Dra. Pessoni.
“No entanto, muitas vezes as varizes que aparecem durante a gravidez regridem parcialmente após o parto. Se persistirem, o tratamento pode ser necessário.”
Verdade 4: Tratamentos modernos oferecem soluções mais eficazes.
“Hoje em dia realmente temos uma variedade maior de opções de tratamento para varizes,” diz a Dra. Helen Pessoni. “Isso inclui procedimentos minimamente invasivos, como o Laser, Endolaser e Espuma Densa, que podem ser realizados de forma ambulatorial e com recuperação rápida, com estas técnicas conseguimos evitar em até 90% a necessidade de cirurgia”, finaliza.
É fundamental lembrar que o tratamento das varizes deve ser personalizado, com base na avaliação de um médico especializado em cirurgia vascular. Consultar um especialista é a melhor maneira de determinar as opções de tratamento mais adequadas.
Desmistificar mitos e conhecer as verdades sobre as varizes é fundamental para estar mais consciente e preparado no enfrentamento desse problema. O acesso a informações precisas constitui o ponto de partida essencial para tomar decisões coerentes em relação à prevenção e ao tratamento das varizes, contribuindo, dessa forma, para uma melhoria significativa na qualidade de vida.
Fonte: Dra. Helen Pessoni, médica especialista em Cirurgia Vascular e Endovascular, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV) com certificação pela Associação Médica Brasileira (AMB).