Transtorno causa prejuízo específico no aprendizado da matemática e pode proporcionar sofrimento a crianças e adolescentes em idade escolar, além de gerar traumas, quando não diagnosticado e devidamente tratado
É possível que em algum momento – ou em vários – da sua vida escolar ou acadêmica, você tenha se esforçado muito para ouvir o que o professor explicava diante da lousa e de toda a turma, mas por mais atenção e empenho que dedicasse, nada daquilo que era dito fazia sentido para você. Em diversas situações, realmente faltava um pouco mais de leitura sobre o assunto, uma abordagem alternativa ou uma didática diferente.
Para uma parcela, porém, tudo piorava de forma drástica se o tema fosse a Matemática. No caso desses estudantes, o problema é a Discalculia, um tipo de transtorno que causa prejuízo específico de aprendizagem da matemática, com dificuldade para entendimento do senso numérico, memorização de fatos aritméticos, precisão ou fluência do cálculo e raciocínio matemático. De acordo com Sueli Conte – que é aplicadora de Barras de Access, Psicopedagoga, mestre em Educação, doutoranda em Neurociência, o desenvolvimento matemático de quem tem discalculia é significativamente menor do que o esperado quando se leva em conta a idade cronológica, suas experiências e oportunidades educacionais.
Segundo a profissional, a Discalculia normalmente pode ser percebida ainda na Educação Infantil, quando a criança tem em torno de 4 a 5 anos de idade. A especialista explica, que nessa faixa etária, os pais devem acompanhar o desenvolvimento dos filhos na escola a fim de perceber se há grandes dificuldades no aprendizado da matemática. Os professores, por sua vez, podem observar se a criança manifesta dificuldades para aprender a contar, se ignora os números por muito tempo enquanto as demais crianças da turma já conseguem se lembrar deles na ordem correta, por exemplo.
Outras situações que podem ajudar a identificar a discalculia, são: dificuldade para reconhecer padrões, problemas para reconhecer símbolos numéricos e relacionar palavras, dificuldades para lembrar fatos matemáticos, sofrimento na hora de tentar resolver situações-problemas, não conseguir fazer a interpretação dos conceitos com os números, etc.
Nesses casos, Sueli Conte indica que seja avaliado se há associação com algum laço parental. “Na maioria das vezes a discalculia está ligada à genética. Também recomendo que um psicopedagogo seja procurado para a realização de testes para compreender a criança, considerando os aspectos sociais, emocionais, qualitativos e quantitativos e apresentar um diagnóstico. Se aprender matemática está causando dor e sofrimento, além do desestímulo, cansaço para fazer atividades da disciplina e mal humor, pode ser sinal de discalculia”, alerta.
A mestre em Educação também explica que a Discalculia pode afetar a escolarização das crianças de diversas maneiras e enumera características que mostram como o transtorno se manifesta nas diferentes fases escolares: durante a Educação Infantil, por exemplo, as crianças podem apresentar dificuldade para aprender a contar, reconhecer padrões simples, entender o significado dos numerais e o conceito de numeração. No Ensino Fundamental, por sua vez, pode haver dificuldade de aprender e lembrar fatos numéricos, como a soma. Pode haver, ainda, o uso excessivo dos dedos para contar, dificuldade para identificar símbolos e linguagem matemáticos ou o valor posicional dos algarismos, entendimento da propriedade comutativa, de selecionar uma estratégia para resolver problemas matemáticos, lembrar o placar de jogos em atividades esportivas, calcular o preço total de dois ou mais itens, etc. Por fim, no Ensino Médio, há dificuldade para entender informações apresentadas em tabelas e gráficos, lidar com o cálculo do troco ou de gorjeta ao lidar com dinheiro, medir ingredientes de uma receita, problemas para calcular velocidade, distância e direção ou para encontrar diferentes estratégias para resolver um problema.
Sueli Conte explica que o diagnóstico da Discalculia é feito por meio da aplicação de uma série de testes, que devem ser realizados por um Psicopedagogo. “A avaliação de um profissional é imprescindível para a definição de quais testes devem ser aplicados. É esse conjunto de testes direcionados que levarão ao diagnóstico correto”, analisa a especialista.
De acordo com Conte, o tratamento da Discalculia é feito com exercícios e atividades cerebrais simples, que ajudam a estimular as conexões neurais responsáveis pelo processamento da linguagem numérica. “A Neurociência desenvolveu vários jogos que permitem aos profissionais avaliarem os déficits de atenção. Entre eles está a Discalculia. Cada criança deve ser avaliada, de forma que os profissionais possam selecionar o tratamento com participações interativas, jogos e brincadeiras, que estimulem a área cerebral onde está localizado o problema”.
O diagnóstico precoce é importante, segundo a psicopedagoga, para que haja um trabalho eficaz e concentrado nas áreas de aprendizagem, como jogos online e atividades de raciocínio. “Estes trabalhos devem iniciar de maneira simples e avançar para os mais complexos à medida em que a criança e ou adolescentes dá sequência no tratamento”, finaliza Sueli Conte,
Fonte: Espaço Saúde Integrativa by Sueli Conte’: Localizado na zona sul da capital paulista, o ‘Espaço Saúde Integrativa by Sueli Conte’ foi criado por Sueli Conte, que decidiu trabalhar para auxiliar as pessoas a terem melhor qualidade de saúde mental e socioemocional e a alcançar o equilíbrio pessoal por meio de técnicas Neurocientíficas aliadas à Psicologia