Engravidar naturalmente, mesmo para casais sem barreiras à concepção, pode levar algum tempo. Mas a boa notícia é que há uma série de hábitos que você pode incorporar para ajudar a aumentar suas chances de engravidar.
Mesmo casais sem barreiras à concepção podem levar algum tempo para engravidar naturalmente, de forma que, nos primeiros três meses de tentativas, a probabilidade de engravidar em qualquer mês é de 20%. “Quando pensamos em planejar uma família, existem caminhos a seguir. As principais recomendações dizem respeito aos hábitos de vida. Boa alimentação, exercícios físicos, manter um peso saudável, controle do estresse e evitar vícios (cigarro e álcool)”, explica o Dr. Rodrigo Rosa, especialista em Reprodução Humana e diretor clínico da clínica Mater Prime, em São Paulo, e sócio-fundador do laboratório Mater Lab. Abaixo, o médico explica tudo que pode ser feito para que um casal consiga engravidar:
Mudanças de estilo de vida: A forma como você vive pode ter um grande impacto em sua fertilidade, segundo o Dr. Rodrigo, e fazer algumas mudanças em seu estilo de vida pode aumentar sua probabilidade de conceber. “Por exemplo, parar de fumar e evitar o uso de drogas recreativas beneficia a saúde reprodutiva geral de homens e mulheres. Outras mudanças de estilo de vida que recomendamos fazer ao tentar engravidar incluem: consumir cafeína com moderação (1–2 chás/cafés por dia); desfrutar de uma quantidade segura de álcool (incluindo pelo menos dois dias sem álcool por semana); exercitar-se regularmente, mas não excessivamente (30 a 40 minutos de três a seis vezes por semana); manter o peso saudável (há um menor sucesso com a fertilização in vitro se o IMC for maior que 30)”, diz. “Ter uma dieta saudável e equilibrada é essencial para sua saúde geral e reprodutiva. Estudos mostraram que o ômega-3 podem melhorar a fertilidade em mulheres, enquanto dietas ricas em gorduras trans podem reduzir a fertilidade. A dieta também afeta a qualidade do sêmen em parceiros masculinos – por exemplo, homens que consomem peixes, mariscos, aves, cereais integrais e frutas e vegetais normalmente têm uma análise de sêmen melhor do que aqueles com dietas ricas em açúcar e carnes processadas e cereais. Também é importante notar que, antes de desfrutar de suas refeições favoritas, você deve evitar reaquecer os alimentos em recipientes de plástico. Isso reduz sua exposição ao material estrogênico, que também pode afetar a fertilidade”, conta o médico.
Suplementos: O ácido fólico é o principal suplemento recomendado para mulheres que estão tentando engravidar. “Embora o ácido fólico não afete diretamente sua fertilidade, é muito importante para diminuir o risco de espinha bífida no bebê, um defeito congênito em que a medula espinhal de um bebê em desenvolvimento não se desenvolve adequadamente. Também recomendamos tomar um multivitamínico de boa qualidade quando estiver tentando engravidar”, diz o médico. “Mas o melhor a fazer é procurar um especialista em Reprodução Humana, que pedirá exames e poderá identificar se há alguma carência nutricional para indicação mais precisa do suplemento”, explica.
Controle do estresse e ansiedade: É normal sentir-se sobrecarregado ou ansioso e experimentar muita incerteza ao embarcar em sua jornada de fertilidade. “No entanto, sentimentos de estresse contínuo podem afetar seus hormônios e, por sua vez, reduzir suas chances de engravidar. Portanto, recomendamos encontrar uma técnica de gerenciamento de estresse que funcione para você e seu estilo de vida, que pode envolver simplesmente parar e desacelerar ou ligar para alguém em quem você confia para compartilhar como está se sentindo. Outras maneiras que você pode ajudar a diminuir seus níveis de estresse incluem exercícios físicos, acupuntura e envolver-se em uma atividade relaxante (cozinhar, jardinagem, desenho etc)”, diz o Dr. Rodrigo.
De olho na “programação”: Uma das formas de engravidar naturalmente é por meio de programação da relação sexual, o chamado coito programado, que aumenta significativamente suas chances de engravidar com sucesso. “De 100 casais férteis que conceberam sem relações sexuais programadas, 50% engravidaram em três meses. Por outro lado, 76% dos casais semelhantes que usaram um método de relação sexual programada conceberam no primeiro mês de tentativa”, explica. Segundo o especialista, as mulheres têm uma janela fértil de cerca de cinco dias antes até um dia após a ovulação. Enquanto o esperma pode sobreviver de 3 a 5 dias no útero e nas trompas, um óvulo geralmente sobrevive apenas por 12 a 24 horas nas trompas. “Isso significa que, para ter a maior chance de engravidar, a relação sexual deve ocorrer durante os 2 a 3 dias antes da ovulação. A duração do ciclo varia de mulher para mulher, portanto, encontrar o momento certo para fazer sexo será baseado no indivíduo. Testes hormonais que medem o LH (um hormônio que aumenta e leva à ovulação) podem ser usados para ajudar a descobrir o melhor momento para a relação sexual. Outras técnicas de tempo incluem ter relações sexuais quando o muco cervical é escorregadio e claro, ou quando a temperatura corporal basal da parceira é mais baixa (geralmente aumenta após a ovulação)”, diz o médico. Há também vários aplicativos de smartphone disponíveis para ajudar a rastrear seu ciclo para que você possa ter a melhor chance possível de conceber: eles podem ajudar, mas não deposite todas as suas fichas neles. “Os casais devem decidir a frequência com que fazem sexo com base em seu relacionamento e dinâmica, pois a relação sexual diária também está associada a níveis mais altos de estresse. Normalmente, aconselhamos os casais a fazer sexo diariamente antes da ovulação para aumentar suas chances de engravidar”, diz.
Procurar ajuda: Casais em que as mulheres têm menos de 35 anos são aconselhados a procurar ajuda médica especializada após 12 meses de relações sexuais desprotegidas e frequentes. “Como a fertilidade diminui com a idade, as mulheres entre 35 e 40 anos são aconselhadas a procurar a opinião de um especialista após 6 meses de tentativas. Algumas mulheres que podem precisar procurar ajuda apesar de tentar por menos de 6 meses incluem mulheres com mais de 40 anos; com oligomenorreia/amenorreia (menstruação infrequente ou ausente); com histórico de quimioterapia, radioterapia ou endometriose avançada; com doença uterina/tubária conhecida ou suspeita. Além disso, no caso dos homens, devem procurar ajuda médica aqueles com histórico de cirurgia na virilha ou testicular, caxumba adulta, impotência ou qualquer outra disfunção sexual, quimioterapia e/ou radioterapia ou histórico de subfertilidade com outra parceira”, explica. O especialista em fertilidade pode pedir que o paciente faça alguns testes de fertilidade para entender completamente suas necessidades de fertilidade.
E se tudo isso ainda não funcionar?
Casais que estão tentando engravidar há um ano geralmente precisam de assistência com algum tipo de tratamento de fertilidade. Existem algumas opções diferentes disponíveis, dependendo de suas necessidades individuais de fertilidade, dentre elas estão:
- Indução da ovulação: Segundo o Dr. Rodrigo Rosa, a indução da ovulação envolve tomar medicamentos (comprimidos ou injeções) para estimular a produção de hormônios que crescem e liberam um óvulo do ovário da mulher.
- IIU (inseminação intrauterina): A inseminação intrauterina, explica o médico, envolve a colocação de um grande número de espermatozoides concentrados no útero. Ao fazer isso, isso aumenta as chances de o espermatozoide encontrar um óvulo e resultar em fertilização.
- FIV (fertilização in vitro): A fertilização in vitro é um procedimento que envolve a fertilização do óvulo com esperma fora do útero da mulher, antes de ser transferido de volta ao útero para o restante da gravidez. “Existem duas etapas em um ciclo de fertilização in vitro – recuperação de óvulos e transferência de embriões. A retirada de óvulos é realizada no hospital sob anestesia leve e normalmente leva de 15 a 20 minutos. Os pacientes geralmente chegam em casa 90 minutos depois e podem precisar de analgésicos para o período de recuperação de 1 a 2 dias. A transferência de embriões é um procedimento curto de cinco minutos guiado por ultrassom. Os pacientes não precisam de anestesia rotineiramente e podem voltar ao trabalho depois”, explica o médico.
- FIV com ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoide): Normalmente, a inseminação padrão é usada durante o processo de fertilização in vitro – o esperma encontra o óvulo e o fertiliza em um prato de laboratório. “No entanto, a injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI) geralmente é recomendada quando há suspeita ou confirmação de resultados ruins de fertilização com inseminação padrão. A ICSI envolve a injeção direta de um único espermatozoide no centro de um óvulo, contornando a cobertura externa do óvulo e tornando a fertilização um pouco mais fácil”, diz.
Em poucas palavras Por fim, o médico ressalta que tornar realidade o sonho de ter um bebê pode levar um pouco de tempo e persistência. “Existem coisas que o paciente pode fazer, relacionadas ao estilo de vida, e os médicos podem ajudar em muitos casos”, finaliza.
Fonte: DR. RODRIGO ROSA: Ginecologista obstetra especialista em Reprodução Humana e sócio-fundador e diretor clínico da clínica Mater Prime, em São Paulo, e do Mater Lab, laboratório de Reprodução Humana. Membro da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA) e da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH), o médico é graduado pela Escola Paulista de Medicina – Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM). Especialista em reprodução humana, o médico é colaborador do livro “Atlas de Reprodução Humana” da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana. Instagram: @dr.rodrigorosa