Consultas de rotina podem ajudar na prevenção de doenças e orientação de jovens sobre saúde íntima e vida sexual.
Foto: Freepik
Crenças e até mesmo preconceitos consolidaram a ideia de que os homens só devem ir ao médico em situações emergenciais. Dessa forma, os cuidados com a saúde masculina tendem a ser negligenciados desde cedo. No entanto, as autoridades de saúde defendem a importância do acompanhamento médico durante as diferentes fases da vida.
Dados do levantamento realizado pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) mostram que apenas 4% dos meninos adolescentes procuram por urologista para check-ups de rotina, enquanto 60% das meninas de mesma idade já se consultam com um especialista em ginecologia.
Outro estudo, realizado pela SBU, revelou que a expectativa de vida da mulher é de até oito anos a mais do que a do homem. Um dos principais motivos para a diferença é o comportamento delas em relação ao autocuidado e a saúde.
Por esse motivo, as autoridades de saúde defendem a importância do acompanhamento médico para a população masculina em todas as fases da vida. Esse tipo de contato ajuda a criar jovens com consciência sobre a própria saúde, ao orientar sobre a prevenção de doenças, incluindo aquelas pouco faladas, como os tumores no câncer de mama, que também podem atingir os homens.
Acompanhamento médico na adolescência
Crescimento de pelos pubianos, odor nas axilas, acnes, crescimento das mamas, primeira menstruação e ereções são alguns dos sinais de que a puberdade chegou, e agora as crianças são adolescentes. Nesta fase, é comum surgirem dúvidas sobre assuntos que, talvez, os pais e responsáveis não saibam ao certo como responder.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a adolescência é o período da vida que começa aos 10 e segue até os 19 anos. Nessa fase marcada por descobertas, é necessário que os pais incentivem o acompanhamento médico e uma rotina preventiva.
Com as meninas, a prática costuma acontecer logo após a primeira menstruação. De acordo com a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), durante a consulta, o profissional cria um vínculo com a paciente ao falar de assuntos importantes, de forma acolhedora e educativa, como namoro, sexualidade e saúde íntima.
A conversa feita em consultório ajuda a prevenir Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), alergias causadas por falta de hábitos saudáveis e a gravidez indesejada. Além disso, os médicos também orientam sobre a importância das vacinas, como a do HPV, fundamental para se prevenir o câncer colo do útero. O acompanhamento também permite identificar problemas hormonais que possam prejudicar o desenvolvimento da menina.
Com os meninos, as consultas de rotina têm a mesma importância, entretanto, não costumam acontecer. Segundo o urologista e membro da SBU, Daniel Suslik Zylbersztejn, essa prática, tão comum na adolescência feminina, é quase inexistente na masculina.
Existe idade certa para levar os meninos ao urologista?
A idade para iniciar o acompanhamento no urologista pode variar, já que cada menino entra na puberdade em momentos diferentes. Alguns entram mais cedo, por volta dos 12 anos, outros chegam apenas aos 15 anos.
De acordo com Daniel, o momento ideal é quando já houve o estirão, o que marca que a testosterona já está em todo organismo. Os pais e responsáveis podem perceber mudanças como a voz mais grave e o crescimento de pelos no corpo.
O profissional explica que, durante essa primeira consulta com o urologista, o adolescente deve passar por um exame clínico completo, incluindo uma avaliação do trato gênito-urinário, que analisa a bolsa testicular e os testículos. Além disso, é importante que seja feita uma investigação da presença de varicocele, principal causa da infertilidade masculina que, muitas vezes, é assintomática e tratável.
Assim como ocorre com as meninas na consulta ginecológica, o urologista também pode dar orientações sobre vida sexual, incentivar a vacinação e abordar sobre práticas saudáveis para uma melhor qualidade de vida. Muitos assuntos conversados no consultório ajudam a criar uma mente mais consciente e atenta aos sinais que o próprio corpo pode dar ao longo da vida.
Fonte: Urologista e membro da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), Daniel Suslik Zylbersztejn – www.rededorsaoluiz.com.br