Mastite na amamentação exige atenção, prevenção e tratamento individualizado para garantir o bem-estar de todos
A mastite, uma inflamação no tecido mamário, é um assunto crucial para as mamães que estão amamentando. É um tema que merece ser conversado de forma clara e aberta, porque, afinal, conhecimento é poder, principalmente quando se trata da nossa saúde.
Segundo o Ministério da Saúde, a mastite ocorre mais comumente na segunda e terceira semanas após o parto, mas não está limitada a esse período, podendo surgir a qualquer momento durante a amamentação. “Muitas mulheres podem se deparar com a mastite durante o período de amamentação. É uma condição que causa não apenas desconforto físico, como vermelhidão, inchaço e dor, mas também pode afetar emocionalmente as mães, gerando preocupações e ansiedade” , explica a ginecologista Carolina Curci
Segundo a médica, essas reações inflamatórias são uma resposta do corpo ao acúmulo e à pressão do leite não drenado adequadamente. O corpo reconhece esse acúmulo como um problema e inicia um processo inflamatório para combater o que percebe como uma lesão ou uma infecção potencial. “A condição inicia-se com a estase do leite, ou seja, a estagnação do leite nos ductos, que aumenta a pressão intraductal, causando uma série de reações”, conclui. ;
A irregularidade nas sessões de amamentação pode levar a um desequilíbrio na demanda e oferta de leite, resultando em acúmulo, enquanto a preferência de um bebê por bicos artificiais pode prejudicar a pega correta e reduzir a eficácia da amamentação. “O uso de chupetas e mamadeiras tende a alterar o padrão de sucção do bebê, podendo causar uma pega inadequada no peito, o que dificulta o esvaziamento completo dos seios”, explica a médica.
A estagnação do leite não apenas causa desconforto e dor devido à pressão, acumulada, mas também pode se tornar um meio para o crescimento bacteriano, aumentando o risco de infecção. “É essencial que as mães sejam orientadas sobre técnicas eficazes de amamentação, incluindo a importância da pega correta e do esvaziamento completo dos seios em cada mamada. A educação sobre amamentação e o suporte contínuo às mães lactantes são fundamentais para minimizar os riscos associados à estagnação do leite e garantir o bem-estar tanto da mãe quanto do bebê”, orienta Carolina.
“A fadiga materna é outro aspecto considerado um facilitador para o desenvolvimento da mastite”, explica a médica. O suporte emocional, o repouso e a hidratação da mãe são componentes igualmente importantes para uma recuperação eficaz.
Um complemento importante nos cuidados durante a amamentação, especialmente para prevenir problemas como fissuras que podem preceder a mastite, é o uso de pomada de lanolina. Este produto natural, recomendado por especialistas em lactação, ajuda a manter a pele dos mamilos hidratada, prevenindo rachaduras e irritações que podem se tornar portas de entrada para infecções.
“A aplicação de pomada de lanolina pura nos mamilos pode ser uma medida eficaz para proteger a pele sensível durante este período de grande demanda, oferecendo um alívio significativo e prevenindo complicações”, sugere a ginecologista. Segura para o bebê e não necessitando ser removida antes das mamadas, a lanolina se estabelece como uma escolha favorável para muitas mães que buscam conforto e proteção sem comprometer a saúde de seus filhos.
O tratamento, diz a médica, precisa de abordagens individualizadas. “Para a maioria das mulheres, medidas como aplicação de calor local, massagens suaves na área afetada e a continuação da amamentação ou extração do leite são recomendadas para aliviar os sintomas e promover a recuperação”, informa. Em casos onde há infecção, o tratamento pode incluir o uso de antibióticos.
“Garantir que o bebê esteja corretamente posicionado e que o peito seja completamente esvaziado são medidas cruciais para prevenir a mastite”, afirma. Ela reitera a necessidade de educar as mulheres sobre os cuidados com os seios e a amamentação para evitar essa condição. “Promover um diálogo franco sobre a mastite é essencial para desmistificar a condição, oferecer suporte às mães e garantir que elas recebam o cuidado necessário”, conclui
Fonte: Carolina Curci, ginecologista e obstetra