Infectologista explica os riscos da automedicação e as contraindicações em casos de dengue
Em 05/03, foi decretado estado de emergência por dengue em São Paulo. De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, até segunda-feira (04/03), foram confirmados cerca de 138 mil casos da doença em São Paulo. Em decorrência disso, muitas notícias têm circulado nas redes sociais associando alguns remédios e tratamentos caseiros na prevenção e tratamento da doença.
O uso inadequado de medicamentos podem levar a complicações graves do quadro, como hemorragias e até mesmo o comprometimento dos órgãos do paciente. Na presença dos sintomas da dengue, é fundamental buscar atendimento médico imediato para receber orientações adequadas e um tratamento específico para a doença.
“A automedicação é uma prática comum, mas perigosa, especialmente quando se trata de doenças como a dengue. O uso indevido de medicamentos pode mascarar os sintomas reais da doença e dificultar o diagnóstico correto por um profissional de saúde e aumentar o risco de complicações e efeitos colaterais prejudiciais”, ressalta o infectologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, Igor Maia Marinho.
É essencial compreender as contraindicações para o tratamento da dengue, uma vez que o manejo incorreto pode agravar a condição do paciente. Confira algumas contraindicações importantes a serem consideradas:
- AAS (Ácido Acetilsalicílico) e medicamentos anti-inflamatórios não esteroides (AINEs): Estes medicamentos podem aumentar o risco de sangramento devido à redução da coagulação sanguínea, o que pode ser perigoso em casos de dengue, uma vez que a doença já pode causar complicações hemorrágicas.
- Medicamentos que afetam a coagulação sanguínea: Além do AAS e AINEs, outros medicamentos que afetam a coagulação sanguínea devem ser evitados, a menos que estritamente necessário e sob supervisão médica.
- Anti-inflamatórios esteroides (corticosteroides): Embora possam ajudar a reduzir a inflamação, os corticosteroides podem comprometer ainda mais a coagulação sanguínea e aumentar o risco de complicações hemorrágicas na dengue.
- Ivermectina: Segundo o Ministério da Saúde, o remédio antiparasitário não é eficaz em diminuir a carga viral da dengue.
- Atenção especial em pacientes com condições médicas pré-existentes: Pacientes com condições médicas como doenças cardíacas, doenças renais ou hepáticas devem ser cuidadosamente avaliados, pois podem ter maior risco de complicações durante o tratamento da dengue.
- Gravidez e lactação: Mulheres grávidas ou lactantes devem ter cuidado especial ao receber tratamento para dengue, uma vez que alguns medicamentos podem representar riscos para o bebê em desenvolvimento.
“Ao receber mensagens sobre tratamentos de saúde verifique a fonte e, em caso de conteúdo duvidoso, não repasse para frente. Sempre verifique as informações em fontes oficiais e de referência”, explica Marinho.
Sintomas, Tratamento e Prevenção da Dengue
Segundo o especialista, os sintomas da dengue podem ser tanto leves, quanto graves, e incluem febre alta, dor de cabeça intensa, dores nas articulações e nos músculos, dores atrás dos olhos, náuseas, vômitos, glândulas inchadas e erupção cutânea. Além disso, o diagnóstico precoce pode ser essencial para o tratamento da doença.
“As principais recomendações para tratar a dengue são: repouso e ingestão de líquidos, além de não se automedicar. Também é importante buscar atendimento médico imediatamente em caso de sangramentos”, comenta o infectologista.
A prevenção da dengue é fundamental, especialmente em regiões onde houve um aumento nos casos. Atualmente, oito estados (Espírito Santo, Acre, São Paulo, Santa Catarina, Goiás, Rio de Janeiro e Minas Gerais) e o Distrito Federal declararam estado de emergência devido à disseminação da dengue. As razões para esse aumento são diversas, incluindo mudanças climáticas durante a estação chuvosa e a circulação de diferentes sorotipos do vírus da dengue.
Em 2024, cerca de um milhão de casos de dengue foram relatados no Brasil, especialmente nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, de acordo com o Ministério da Saúde. “As medidas de prevenção são: evitar água parada e qualquer recipiente que possa se transformar em criadouro de mosquitos transmissores do vírus (Aedes aegypti), uso de telas em janelas e de repelentes, além da vacinação contra a doença”, finaliza Marinho.
Fonte: infectologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, Igor Maia Marinho – Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo conta com 3 Unidades de hospital geral (Pompeia, Santana e Ipiranga) que prestam atendimentos em mais de 60 especialidades, cirurgias de alta complexidade, como Oncologia e Transplantes de Medula Óssea. Conta também com 1 Unidade especializada em Reabilitação e Cuidados Paliativos na Granja Viana.