Na Semana Mundial do Aleitamento Materno, celebrada de 1 a 8 de agosto, campanhas mobilizam ações para reduzir as desigualdades no apoio à amamentação, com foco nos grupos vulneráveis
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Em 2024, a campanha da Semana Mundial do Aleitamento Materno, de 1 a 8 de agosto, mobilização idealizada pela World Alliance for Breastfeeding Action (WABA) – organização global sem fins lucrativos dedicada à promoção, proteção e apoio à amamentação –, terá como tema as desigualdades que existem no apoio e prevalência do aleitamento materno. A ação, nomeada “Amamentar: Apoie em Todas as Situações”, difunde a amamentação como um equalizador para preencher as lacunas na sociedade. Para alcançar esse objetivo, é importante esclarecer dúvidas de mães, que nem sempre contam com rede de apoio bem informada ou suporte facilitado para seguir com as práticas mais indicadas.
“Amamentar é um direito de todas as mães e bebês; seu apoio fortalece laços e constrói uma sociedade mais justa e saudável. Apoiar a amamentação é apoiar o acesso à saúde, que deve ser para toda a população, desde os primeiros anos de vida, cruciais para o bom desenvolvimento do indivíduo”, destaca a enfermeira neonatal intensivista especialista em amamentação Cristiane Griffin, do Hospital e Maternidade Sepaco, de São Paulo.
Cada mulher é única. Porém, durante a amamentação, são comuns dificuldades como pega correta do bebê ao seio materno, baixa produção de leite, ingurgitamento mamário (acúmulo excessivo de leite nas mamas) e dificuldades emocionais, principalmente nos primeiros dias após o parto. O apoio às mães é fundamental.
Confira respostas da especialista a questionamentos frequentes sobre aleitamento materno:
- O leite materno é o melhor alimento para qualquer bebê?
O leite materno é essencial às necessidades específicas de cada bebê, independentemente de suas condições de saúde. Ele fornece nutrientes fundamentais, fatores imunológicos e promove o vínculo entre a mãe e a criança. Há situações em que pode ser necessário o uso de dispositivos especiais, como sonda gástrica, para oferecer o leite materno ao bebê, mas isso deve ser orientado e acompanhado por profissionais de saúde especializados.
- O que fazer se não tenho leite? Como saber se meu leite é o bastante?
Algumas mães podem sentir que estão produzindo menos leite do que o necessário para o bebê, pela falta de estimulação adequada, estresse e outras situações. Nesses casos, e quando o bebê não está ganhando peso adequadamente ou há outras questões de saúde envolvidas, é necessária a avaliação de um especialista para avaliar o processo de amamentação. A mãe deve ter sempre o apoio e orientação de profissional da saúde qualificado para realizar as avaliações e orientações.
- Existe uma idade certa para parar de amamentar?
A amamentação é recomendada até os dois anos de idade ou mais, como forma de prevenir infecções e alergias. O desejo materno também deve ser considerado.
- A complementação pode ser indicada em qualquer caso?
Um dos principais debates acerca de práticas contra o incentivo à amamentação é a promoção indevida de produtos que substituem o leite materno – necessários apenas em casos específicos e com prescrição médica. O Brasil é destaque na defesa da regulamentação sobre a comercialização e publicidade de substitutos do leite materno, participando de atualização de código internacional junto à Organização Mundial da Saúde (OMS). Diante da ascensão das plataformas online e práticas de marketing, é preciso difundir informações corretas.
- Durante a amamentação é permitido fazer tratamentos estéticos?
Aplicação de toxina botulínica (botox), tatuagens e alguns tipos de peeling não devem ser realizados se a mulher ainda amamenta. Embora não haja evidências conclusivas que algumas substâncias passem para o leite ou causem danos ao bebê, o melhor é a precaução. Tratamentos com laser são considerados seguros, mas deve-se evitar qualquer uso de analgésico tópico ou substância química que possa ser absorvida pela pele. É sempre importante discutir com o dermatologista quais produtos serão usados, garantindo assim a segurança.
- Quais itens devemos priorizar na alimentação infantil de 6 meses até 1 ano?
A alimentação complementar adequada deve oferecer ao lactente uma composição equilibrada, com alimentos com quantidade adequada de macro e micronutrientes (com destaque para ferro, zinco, cálcio, vitamina A, vitamina C e ácido fólico), livres de contaminação, de fácil consumo e aceitação.
Mel, leite de vaca, doces e alimentos industrializados, amendoim e castanhas são realmente desaconselhados para crianças menores de 2 anos de idade. Doces e alimentos industrializados geralmente contêm altos níveis de açúcar, sal e aditivos, que não são apropriados para o desenvolvimento saudável de uma criança pequena. A introdução precoce desses alimentos pode levar a preferências alimentares inadequadas e problemas de saúde como obesidade e cáries dentárias.
Essas recomendações estão alinhadas com diretrizes de saúde pública e pediatria, que buscam garantir a segurança alimentar e o desenvolvimento saudável das crianças (UNICEF) (UNICEF) (World Health Organization (WHO)).
Fonte: enfermeira neonatal intensivista especialista em amamentação Cristiane Griffin, do Hospital e Maternidade Sepaco, de São Paulo.