Dietas Anti-Inflamatórias são Realmente Capazes de Melhorar a Fertilidade?

Inflamação pode ter relação com infertilidade, mas faltam evidências para mostrar que um plano de ação anti-inflamatório é de fato capaz de melhorar as chances de gravidez.

imagem pixabay

Muito tem se falado sobre a inflamação, que parece ser a grande vilã do momento. A inflamação crônica tem sido associada a muitas condições de saúde, como doenças cardiovasculares, derrame e câncer. Além disso, todos os dias surgem novos estilos de vida ou dietas anti-inflamatórias que bombam na internet. Nesse cenário, muitas pessoas que estão tentando engravidar se questionam: poderia a inflamação ser a grande culpada pela dificuldade de chegar à gestação? Afinal, em um número substancial de casos, mesmo com uma avaliação médica completa, nenhuma causa é encontrada para infertilidade. A inflamação, então, seria a resposta em alguns desses casos?

Embora a importância da inflamação na infertilidade esteja longe de ser clara, algumas evidências suportam uma conexão. Por exemplo, sabemos que o risco de infertilidade é maior em condições marcadas por inflamação, incluindo infecção, obesidade, endometriose e síndrome dos ovários policísticos. A inflamação em todo o corpo, chamada inflamação sistêmica, também pode afetar o útero, o colo do útero e a placenta, prejudicando assim a fertilidade. Além disso, mulheres com infertilidade que fizeram fertilização in vitro e seguiram uma dieta anti-inflamatória tendem a ter taxas mais altas de gravidez bem-sucedida do que as mulheres que não seguiram esse tipo de dieta. Também com relação às dietas anti-inflamatórias, décadas atrás pesquisadores observaram que mulheres que seguiam uma dieta de fertilidade prescrita ovulavam com mais regularidade e eram mais propensas a engravidar. Já estudos mais recentes sugerem que seguir uma dieta anti-inflamatória é uma estratégia promissora para pessoas com infertilidade, podendo ajudar a aumentar as taxas de gravidez (embora o mecanismo de ação exato seja incerto), melhorar a qualidade do esperma nos homens e aumentar as taxas de sucesso de tratamentos de reprodução assistida, como a fertilização in vitro.

Mas é importante ressaltar que não há evidências suficientes para mostrar que um plano de ação anti-inflamatório realmente melhorará a fertilidade. Uma dieta baseada em vegetais, como a dieta mediterrânea, e outras medidas consideradas parte de um estilo de vida anti-inflamatório já foram apontadas em trabalhos científicos como importantes para melhorar a saúde do coração, com outros benefícios. Mas não está claro se isso se deve diretamente à redução da inflamação. Além disso, o que é um estilo de vida anti-inflamatório? Os especialistas em saúde não concordam com uma única definição. De maneira geral, podemos apontar algumas estratégias, incluindo: adotar uma dieta rica em alimentos à base de plantas, grãos integrais, proteínas magras e gorduras saudáveis, como o azeite; reduzir o consumo de carne vermelha, alimentos altamente processados e gorduras saturadas; parar de fumar ou vaporizar; manter o peso sob controle; ser fisicamente ativo; dormir o suficiente; tratar condições inflamatórias, como artrite reumatoide ou alergias; evitar o consumo excessivo de álcool; e controlar o estresse.

Por fim, vale destacar que é possível que a inflamação desempenhe um papel importante e subestimado na infertilidade e que uma dieta ou estilo de vida anti-inflamatório possa ajudar. Mas precisamos de mais evidências para confirmar isso. Até sabermos mais, faz sentido tomar medidas para melhorar sua saúde geral e possivelmente reduzir a inflamação crônica. E, claro, seguir as orientações do médico especialista para conseguir engravidar.

Colunista: Dr. Fernando Prado – Médico ginecologista, obstetra e especialista em Reprodução Humana. É diretor clínico da Neo Vita e coordenador médico da Embriológica. Doutor pela Universidade Federal de São Paulo e pelo Imperial College London, de Londres – Reino Unido. Possui graduação em Medicina pela Universidade Federal de São Paulo, Membro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) e da Sociedade Europeia de Reprodução Humana (ESHRE). Whatsapp Neo Vita: 11 5052-1000 / Instagram: @neovita.br / Youtube: Neo Vita – Reprodução Humana.

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