Malformações Congênitas: quando a Cirurgia Fetal é Indicada?

Os avanços tecnológicos na medicina têm transformado os cuidados pré-natais, especialmente na área da medicina fetal.

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Um dos maiores progressos nessa especialidade é a cirurgia fetal, uma abordagem revolucionária que permite tratar determinadas condições enquanto o bebê ainda está no útero. Esse tipo de intervenção pode melhorar significativamente o desfecho de casos mais complexos, trazendo novas possibilidades de tratamento para situações que antes só poderiam ser abordadas após o nascimento.

Como qualquer procedimento cirúrgico, a cirurgia fetal possui indicações precisas. Nem todas as malformações que necessitam de cirurgia após o nascimento devem ser tratadas ainda no útero. Segundo a especialista em medicina fetal, Dra. Marcela Xavier, “a indicação de uma cirurgia fetal leva em conta vários fatores, como a gravidade da condição e os benefícios que a intervenção intrauterina pode trazer para o sucesso do tratamento, tanto antes quanto após o nascimento.” Uma avaliação cuidadosa é essencial para garantir que a intervenção traga mais benefícios do que riscos à saúde do bebê.

Cirurgias fetais são realizadas para corrigir malformações e prevenir alguns tipos de complicações que possam comprometer a saúde do bebê. Em muitos casos, essas intervenções buscam evitar danos irreversíveis que poderiam ocorrer se o tratamento fosse adiado até o parto, como problemas respiratórios, neurológicos ou de desenvolvimento.

Um exemplo de cirurgia fetal que tem transformado o curso natural da doença é a cirurgia para correção de espinha bífida, condição em que a coluna do bebê não se fecha corretamente, levando a danos neurológicos significativos causados pela exposição da medula espinhal ao líquido amniótico durante a gestação. Estudos recentes mostram que intervenções intrauterinas podem melhorar as chances de mobilidade do bebê em até 50% após o nascimento, além de reduzir o número de cirurgias pós-natais.


Outro exemplo é a hérnia diafragmática congênita, condição em que o diafragma (músculo que separa o tórax do abdômen) não se forma corretamente, permitindo que órgãos abdominais se desloquem para o tórax e comprimam os pulmões em desenvolvimento. Para estes casos, a cirurgia fetal pode aumentar as chances de sobrevivência destes bebês para cerca de 50% a 60%, dependendo da gravidade da condição.

Um fator decisivo para o sucesso do tratamento é o momento da intervenção. Segundo a Dra. Marcela Xavier, “é fundamental que a condição seja diagnosticada precocemente, pois as cirurgias devem ser realizadas em momentos específicos da gestação”. O diagnóstico de malformações fetais é feito principalmente por meio de ultrassonografias realizadas por médicos especialistas em medicina fetal. Em alguns casos, exames complementares como ressonância magnética e testes genéticos do bebê ajudam a diagnosticar as causas e a monitorar a evolução destas malformações, fornecendo informações adicionais para uma melhor condução de cada caso.

Entretanto, nem todos os fetos diagnosticados com malformações se beneficiam de uma cirurgia intrauterina. “A decisão por uma intervenção intrauterina deve ser cuidadosamente avaliada, levando em conta o potencial benefício da cirurgia fetal para os resultados finais do tratamento deste bebê e os eventuais riscos para a gestação”, afirma Dra. Marcela. Dados do Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas (ACOG) reforçam este ponto. Embora promissoras, as cirurgias fetais são procedimentos que envolvem riscos, por isso devem ser indicadas somente quando os benefícios superam os potenciais riscos e em centros de excelência com equipes altamente qualificadas para a realização destes procedimentos.

Fonte: Especialista em Medicina fetal, Dra. Marcela Xavier.

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