Sofreu um Aborto?

Saiba o que deve ser feito nessas situações

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Após um aborto, é indispensável buscar um especialista para identificar as causas do problema, que são múltiplas, e receber o tratamento adequado, assim evitando complicações e possibilitando uma gestação saudável no futuro.

Abortos são muito comuns, mais do que se imagina: estima-se que de 15 a 25% das gestações em abortos. “Alguns são muito precoces, com poucos dias de atraso menstrual, e a mulher talvez nem saiba que estava grávida. Mas a maioria dos abortos acontece bem no início da gravidez, principalmente por causas cromossômicas ou genéticas. Normalmente não são herdadas dos pais, mas sim surgem pela primeira vez quando o embrião se forma, o que faz com que ele não tenha capacidade de se desenvolver”, explica o Dr. Fernando Prado, especialista em Reprodução Humana, Membro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) e diretor clínico da Neo Vita. E, segundo o médico, a idade dos pais é um fator importante para que isso aconteça. “A idade interfere, principalmente da mulher. Com o tempo, o material genético dos óvulos envelhece e se deteriora, o que reduz as chances de gravidez e aumenta o risco de aborto. No homem esse processo acontece também, mas em idades mais tardias.”

Mas o médico ressalta que existem ainda outras possíveis causas. “Além das alterações genéticas e cromossômicas, malformações do útero, diabetes não controlada, doenças autoimunes sem tratamento adequado, consumo de álcool, uso de drogas, alterações hormonais, infecções e trombofilias (chances maiores de formar coágulos no sangue que impedem a nutrição da placenta) são alguns dos fatores que podem levar ao aborto”, explica o Dr. Fernando.

Por isso, o especialista ressalta que, após um aborto, é fundamental buscar um médico para entender qual a causa do problema.  “Há inclusive situações em que o aborto não acontece por completo e a placenta não é eliminada totalmente, o que é chamado de aborto retido. Esse material retido no útero pode ser muito perigoso e causar infecções, calcificações, tromboses, sangramentos intensos e, em casos extremos, pode ser letal”, explica. Se o material não é eliminado totalmente do útero, pode ser necessário realizar uma curetagem ou uma aspiração com uma seringa especial chamada AMIU (aspiração manual intrauterina). “Ela é feita em ambiente hospitalar, com anestesia, e visa remover os tecidos da gravidez que ainda não se descolaram do útero”, diz o médico. Dependendo do tempo que o aborto aconteceu, da quantidade de material retido e de outras situações clínicas da paciente, a curetagem pode ter riscos de perfurações do útero ou mesmo de grudar suas paredes internamente. “Essas complicações de um aborto podem fazer a mulher perder o útero ou ter dificuldades para engravidar depois.”

Mas não há motivo para pânico, pois, quando descobertos bem no início e acompanhados por um médico, os abortos resolvem-se em segurança e sem deixar sequelas. “Ainda existe uma hipótese, não comprovada, de que a cada gravidez – mesmo que termine em aborto – o organismo materno passa a ‘reconhecer’ o material genético paterno presente no embrião. Um mecanismo similar à memória imunológica. Assim, com o tempo, uma nova gestação não será entendida mais como ‘corpo estranho’ e poderá se desenvolver sem terminar em aborto”, diz o Dr. Fernando Prado.

Mas os abortos devem sempre ser tratados com atenção, principalmente quando a mulher tem mais de dois abortos consecutivos. “Nesses casos, chamados de abortos de repetição, é preciso buscar um especialista em Reprodução Assistida, que será capaz de ajudar o casal a partir da identificação das causas. Descobrindo a causa, o tratamento pode ser iniciado e realizado de diversas formas, de acordo com a necessidade de cada paciente. Dependendo das causas do aborto de repetição, pode ser recomendada uma mudança de hábitos, mas também pode ser necessário realizar uma FIV (Fertilização in vitro) para que a mulher tenha condições de engravidar novamente. Na FIV, em casos de aborto de repetição, recomenda-se ainda fazer um teste genético no embrião, chamado PGT-A, que pode diagnosticar doenças cromossômicas, assim permitindo a seleção de embriões cromossomicamente normais para serem transferidos para o útero da mãe, o que previne muitas causas de aborto e especialmente síndromes graves”, destaca o médico.

Uma vez concretizada uma nova gestação, esta deve ser minuciosamente acompanhada pela equipe de especialistas “A boa notícia é que, independentemente das causas do aborto, mulheres que passaram por esta situação possuem 70% de chance de engravidar e ter uma gestação saudável”, finaliza o Dr. Fernando.

Fonte Dr. Fernando Prado- Médico ginecologista, obstetra e especialista em Reprodução Humana. É diretor clínico da Neo Vita e coordenador médico da Embriológica. Doutor pela Universidade Federal de São Paulo e pelo Imperial College London, de Londres – Reino Unido. Possui graduação em Medicina pela Universidade Federal de São Paulo, Membro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) e da Sociedade Europeia de Reprodução Humana (ESHRE). Instagram: @neovita.br / Youtube: Neo Vita – Reprodução Humana.

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