A recente notícia de um menino sendo agredido dentro de uma escola chocou a comunidade educacional. O incidente teve as imagens liberadas, revelando uma cena perturbadora.
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Apesar da presença de uma auxiliar na sala de aula, a agressão aconteceu sem nenhuma interferência da outra educadora. O caso tem sido amplamente discutido entre as A recente notícia de um menino anos sendo agredido dentro de uma escola chocou a comunidade educacional. O incidente teve as imagens liberadas, revelando uma cena perturbadora. Instituições de ensino, evidenciando os desafios enfrentados na implementação de uma educação verdadeiramente inclusiva.
De acordo com o Censo Escolar realizado pelo MEC, em 2022, o número de matrículas de estudantes com deficiência, Transtorno do Espectro Autista e altas habilidades/superdotação é de 1,3 milhão de pessoas, sendo que apenas 40,1% das escolas públicas e 57,1% das escolas privadas possuíam salas com recursos multifuncionais, espaços essenciais para o atendimento educacional especializado
O acesso à educação e o direito à aprendizagem são garantias constitucionais universais, previstas a todos os brasileiros como dever do Estado e da família. No entanto, a diversidade de experiências, habilidades, contextos e capacidades entre os estudantes é uma realidade que ainda precisa ser celebrada por meio de práticas educacionais inclusivas.
A coordenadora do Núcleo de Acessibilidade Pedagógica do Centro Universitário São Camilo, Gleidis Guerra, ressalta que os desafios são muitos para pais e professores e que mesmo com os avanços legais e as políticas públicas voltadas para a educação inclusiva, a formação inicial e continuada dos docentes ainda deixa a desejar no que diz respeito à preparação para trabalhar com a diversidade em sala de aula. Muitos professores se sentem inseguros e despreparados para atender às necessidades específicas dos estudantes com deficiência, e as escolas não possuem infraestrutura adequada para recebê-los, embora sejam obrigadas por lei a matriculá-los.
“Em uma sala com 40/50 crianças, o professor não dá conta nem daqueles que não têm deficiência. É uma questão da educação como um todo. Se ela não é aprimorada dificilmente vamos melhorar a educação para a pessoa que tem deficiência”, afirmou.
Segundo ela, para reverter esse cenário é fundamental investir na formação inicial e continuada dos professores, capacitando-os a compreender as especificidades das diferentes deficiências e a desenvolver estratégias pedagógicas eficazes para a inclusão. Além disso é necessário garantir o suporte de uma equipe multidisciplinar nas escolas, bem como a disponibilidade de recursos e tecnologias assistivas que possibilitem a acessibilidade e a participação ativa dos alunos com deficiência.
Gleidis Guerra também destaca que a formação dos futuros profissionais de ensino é iniciada ainda dentro do curso de Pedagogia, mas na prática, quando o professor finalmente chega à sala de aula, se depara com uma realidade muito diferente do que foi repassado em um único semestre da disciplina de educação inclusiva. “Um professor mal formado, desvalorizado, que tem que trabalhar três turnos, acaba sendo sobrecarregado. Essa realidade gera frustrações tanto para os professores quanto para os alunos com deficiência e suas famílias.”
Além disso, a falta de suporte e de recursos nas escolas também contribui para o despreparo dos professores. A ausência de profissionais especializados, como psicólogos, fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais dificulta a identificação precoce das necessidades dos estudantes e a implementação de um plano de atendimento individualizado
As escolas também precisam melhorar a infraestrutura física e aumentar o investimento para incentivar o ensino adequado para alunos com deficiência sem segregação dentro da sala de aula. A educadora reforçou o papel das famílias dentro deste processo, que se inicia ainda no momento da matrícula escolar. “Os pais devem conhecer os seus direitos e denunciar casos de negação de matrícula, preconceito e falta de estrutura para receber os seus filhos com deficiência”, afirma Gleidis Guerra.
Para a coordenadora do Núcleo de Acessibilidade Pedagógica do Centro Universitário São Camilo, somente com o esforço conjunto entre o Poder Público, as instituições de ensino e a sociedade será possível superar os desafios da educação inclusiva no Brasil. Ela destaca que é fundamental que as famílias se empoderem e exijam que os direitos de seus filhos com deficiência sejam respeitados. Denunciar casos de negação de matrícula, preconceito e falta de infraestrutura adequada nas escolas é um passo importante para pressionar por mudanças.
Ela ressalta que a responsabilidade pela construção de uma educação verdadeiramente inclusiva é de toda a sociedade. O Poder Público precisa investir na formação de professores, na disponibilização de recursos e na criação de políticas públicas efetivas. As instituições de ensino, por sua vez, devem se comprometer em adaptar suas práticas e estruturas para acolher a diversidade de estudantes e a comunidade em geral deve se engajar na promoção do respeito e da valorização das diferenças.
Fonte: Gleidis Guerra é coordenadora do Núcleo de Acessibilidade Pedagógica do Centro Universitário São Camilo e é uma das colaboradoras do E-book Orientações e Sugestões Práticas para Professores – Estratégias pedagógicas para inclusão do Ensino Superior, editado pelo Centro Universitário São Camilo, que pode ser acessado gratuitamente pelo Link abaixo:https://saocamilo-sp.br/_app/views/publicacoes/outraspublicacoes/Orienta%C3%A7%C3%B5es%20e%20sugest%C3%B5es%20pr%C3%A1ticas%20para%20professores.pdf