Duas Mulheres podem Participar da mesma Gestação? Método ROPA

No método ROPA, muito buscado por casais homoafetivos femininos, uma das parceiras cede o óvulo e a outra cede o útero para gestar a criança.

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Os tratamentos de reprodução assistida têm se destacado cada vez mais como um caminho para casais de mulheres que desejam iniciar uma família. E existem algumas opções que podem ajudá-las a alcançar esse objetivo. Mas, entre elas, uma tem ganhado popularidade: o método ROPA, sigla para Reception of Oocytes from Partner ou, no português, recepção de óvulos da parceira.

Nesse método, os óvulos são coletados de uma das mulheres do casal e fertilizados em laboratório com sêmen de um banco de doação. Então, o embrião formado é transferido para o útero da outra parceira, que gestará a criança. Dessa forma, as duas mulheres podem participar desse processo: uma cederá os óvulos e a outra ficará grávida.

O grande diferencial do método ROPA é justamente a participação das duas parceiras na gestação, o que não acontece nos outros procedimentos de reprodução assistida. Na inseminação intrauterina, por exemplo, o sêmen doado é colocado em um catéter (tubinho de plástico flexível) que, por sua vez, é introduzido no colo do útero da paciente para inserção dos espermatozoides diretamente na cavidade uterina, então não há participação da outra parceira. Já na FIV convencional, os óvulos são coletados de uma das parceiras e fertilizados com o sêmen doado em laboratório para formação do embrião, que é então transferido de volta para o útero da mulher que cedeu os óvulos, novamente sem participação da outra integrante do casal.

No método ROPA, a fertilização começa com a estimulação ovariana de uma das parceiras. Isto é, a paciente recebe hormônios que vão fazer os ovários produzirem mais óvulos do que em um ciclo normal. Então, em vez de produzir apenas um, ela pode produzir 10, 15, 20 ou até mais óvulos em um único ciclo. Esse processo dura cerca de 10 a 12 dias. Após esse período, os óvulos são coletados por meio de ultrassom transvaginal, um procedimento simples, realizado sob efeito de sedação, que dura mais ou menos 20 minutos. Em seguida, os óvulos coletados são fertilizados com o sêmen de um doador escolhido previamente pelo casal. Com o embrião formado, aguarda-se cerca de cinco dias até que os embriões atinjam o estado de blastocistos, que é um embrião maduro. Nesse ponto, um ou dois embriões são selecionados para serem transferidos para o útero da outra parceira.

Mas, apesar de ser um tipo de gestação compartilhada, o bebê não vai ter o DNA das duas mães. O DNA predominante é da mulher que forneceu os óvulos. Porém, existe um processo chamado de epigenética, que é o efeito do meio ambiente sobre a expressão dos genes. Então, a mãe que está grávida causará alterações epigenéticas nesses óvulos e a criança nascida desse tratamento pode até possuir características da mãe que ficou grávida e não da mãe que forneceu os óvulos, justamente por causa da epigenética. Mas, em um teste de DNA, a criança vai ser 99.9% compatível com a mãe que forneceu os óvulos, porque a epigenética não aparece nesses exames. São mais características como personalidade, dom artístico, gosto por algum tipo de alimento e até traços físicos que podem ser herdadas da mãe que gestou.

FONTE; Dr. Fernando Prado – Médico ginecologista, obstetra e especialista em Reprodução Humana. É diretor clínico da Neo Vita e coordenador médico da Embriológica. Doutor pela Universidade Federal de São Paulo e pelo Imperial College London, de Londres – Reino Unido. Possui graduação em Medicina pela Universidade Federal de São Paulo, Membro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) e da Sociedade Europeia de Reprodução Humana (ESHRE). Whatsapp Neo Vita: 11 5052-1000 / Instagram: @neovita.br / Youtube: Neo Vita – Reprodução Humana.

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