Apesar de não ser capaz de combater a endometriose em si, prática de atividade física pode ajudar a amenizar as dores características da doença.
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Comum entre mulheres e considerada a principal causa de infertilidade feminina, a endometriose é uma doença que ocorre quando as células do endométrio, tecido que reveste a parede interna do útero, não são eliminadas na menstruação e movimentam-se no sentido oposto. A doença tem como principal sintoma dor pélvica intensa, que pode prejudicar a qualidade de vida. Mas uma medida simples pode ajudar a contornar o problema: a prática de exercícios.
A atividade física pode ajudar a diminuir os sintomas da endometriose, pois promove a liberação de endorfinas, que são substâncias analgésicas naturais do corpo, ajudando a amenizar a dor. Além disso, manter um peso saudável por meio de exercícios físicos pode reduzir os níveis de estrogênio, potencialmente aliviando os sintomas.
Por isso, sempre recomendamos os exercícios como uma forma de controle ou até de eliminação das dores causadas pela doença. O ideal é optar por atividades de baixo impacto, como caminhada, natação e yoga, já que exercícios como corrida, spinning ou com carga intensa em região abdominal podem piorar os sintomas.
Mas é importante não exceder os limites do corpo, pois exercícios muito intensos podem aumentar a inflamação e piorar os sintomas. Por isso, é recomendado consultar um profissional de saúde, um educador físico ou um fisioterapeuta especializado para obter um plano de exercícios personalizado.
Além disso, a prática pode precisar ser adaptada ao ciclo menstrual, especialmente se os sintomas forem mais intensos durante certas fases, como antes da menstruação e durante os primeiros dias do ciclo menstrual, quando há retenção de líquidos, mudança do hábito intestinal, inchaço da mama e dor abdominal.
Porém, é importante ressaltar que, embora a atividade física possa ajudar a amenizar ou controlar os sintomas, não há evidências suficientes que sugiram que seja capaz de combater a doença em si. A endometriose é uma doença complexa e geralmente requer uma abordagem de tratamento mais ampla, incluindo medicamentos e, em alguns casos, cirurgia.
A cirurgia de endometriose deve ser realizada quando a mulher apresenta sintomas graves, que interfiram na sua qualidade de vida e quando o tratamento medicamentoso não surte efeito. Em casos de alterações no endométrio ou no sistema reprodutivo, também recomendamos a cirurgia.
Vale reforçar que a cura para a endometriose ainda é bastante discutível. Apenas com uma cirurgia extensa ou quando a mulher atinge a menopausa é que podemos efetivamente dizer que há cura. Mas isso não impede de termos uma doença muito controlada e sem sintomas.
Já para pacientes que desejam engravidar e sofrem com a doença, o melhor é consultar um médico especialista em reprodução humana, que poderá indicar o tratamento mais adequado para cada caso de acordo com fatores como idade, histórico de saúde e qualidade dos óvulos.
Em muitos casos, a melhor opção é a realização de uma Fertilização In Vitro, que consiste na coleta dos óvulos após indução medicamentosa da ovulação para que sejam fecundados em laboratório e, em seguida, implantados de volta no útero. Mas cada caso deve ser avaliado individualmente por um especialista.
Fonte: DR FERNANDO PRADO – médico ginecologista, obstetra e especialista em Reprodução Humana. É diretor clínico da Neo Vita e coordenador médico da Embriológica. Doutor pela Universidade Federal de São Paulo e pelo Imperial College London, de Londres – Reino Unido. Possui graduação em Medicina pela Universidade Federal de São Paulo, Membro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) e da Sociedade Europeia de Reprodução Humana (ESHRE). Instagram: @neovita.br