Complicações pós-operatórias, aderências teciduais ou fibroses são evitadas com tratamento fisioterapêutico especializado
O Câncer de Mama é o principal tipo de câncer na mulher, depois do de pele não melanoma, respondendo por cerca de 28% dos casos novos a cada ano. Segundo dados da Agência Internacional para a Pesquisa do Câncer, da Organização Mundial da Saúde (OMS), um a cada quatro tipos de câncer que afetam as mulheres é de mama, e apresenta um bom índice de cura quando diagnosticado no início. Geralmente, o tumor se apresenta como nódulos e pode atingir a axila e até mesmo outros órgãos, chamado de metástases.
Segundo a fisioterapeuta Eliana do Nascimento, especializada em Saúde da Mulher pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), a fisioterapia deve ser realizada em todas as fases do câncer de mama e durante todo o tratamento, seja ele quimioterápico, radioterápico, pré-operatório, pós-operatório e até mesmo nos cuidados paliativos. “No pós-operatório, independente da cirurgia, é necessário acompanhamento fisioterapêutico para evitar aderências teciduais ou fibroses e melhorar o aspecto da cicatriz e minimizar o edema. Se houver esvaziamento ganglionar na axila, são realizados exercícios miolifocinéticos, para evitar o aparecimento de linfedema, restrições ao movimento do braço e do pescoço e, consequentemente, outras sequelas”, explica.
Em razão da fadiga oncológica pós-tratamento, é indicado que a paciente realize uma série de exercícios específicos para estimular o metabolismo, para promover disposição no retorno às suas atividades do cotidiano. No pós-operatório recomenda-se realizar alguns exercícios para evitar as complicações cirúrgicas, pois, após o procedimento, é possível surgir dificuldades de movimentação do ombro, dor em região do braço, ombro, mama e pescoço, inchaço da mama e do braço, formigamento do braço e vermelhidão da mama.
Conheça alguns dos exercícios propostos pela fisioterapeuta Eliana do Nascimento, que podem ser realizados em casa, como complemento do tratamento convencional:
- No pós-cirúrgico imediato, os exercícios devem ir até a altura do ombro ou respeitar o limite imposto pelo médico cirurgião. Comece fazendo movimento de cabeça, incline para a direita, esquerda, para frente e para trás, se conseguir faça circundação com a cabeça.
- Aproxime as duas mãos e faça o movimento de abrir e fechar os cotovelos, com abertura e altura até o ombro. Faça movimento de abrir e fechar os cotovelos por 10 vezes.
- Eleve o braço esquerdo sobre o ombro oposto e com a mão direita, toque no cotovelo para realizar o estiramento do ombro. Segure por 30 segundos. Faça 3 vezes de cada lado.
- De pé ou sentada, com os braços estendidos à frente, segure um bastão ou um cabo de vassoura na altura do peito, leve este para cima até altura do ombro para baixo, para a direita, para o centro e para a esquerda. Repita 10 vezes.
- Segure o bastão para trás e movimente até o seu limite de alcance. Repita 10 vezes.
Caso queira ou necessite evoluir os exercícios, procure um especialista.
Eliana do Nascimento é fisioterapeuta especializa em Saúde da Mulher pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), atuante na clínica Athali Fisioterapia Pélvica Funcional, na área de reabilitação dos músculos do assoalho pélvico e obstetrícia. Foi preceptora do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP) no ano de 2015.